terça-feira, 10 de março de 2009

Karaniya Metta Sutta

Em nossa última prática, estudamos a Meditação do Amor (capítulo 2), do livro Ensinamentos sobre o Amor, do nosso venerável mestre. Em breve estaremos disponibilizando o texto para que todos possamos utilizá-lo como guia dessa prática maravilhosa ensinada pelo Thây. Estamos disponibilizando abaixo, o Karaniya Metta Sutta, as palavras do Buda sobre como direcionar amor bondade (metta) para todos os seres. Esta é a versão do sutra traduzido do canone em pali - por isso está escrito sutta(pali) e não sutra - para o inglês e depois para o português retirado do site acessoaoinsight.net, e gentilmente enviado pela nossa colega de Sangha, Ayako.
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Quem é hábil no que é benéfico, desejando alcançaraquele estado de paz, age assim:capaz, correto, honrado,com a linguagem nobre, gentil e sem arrogância, Satisfeito e fácil de sustentar,sem ser exigente por natureza, frugal no seu modo de vida,os sentidos acalmados, sábio,moderado, sem cobiçar ganhos. Não faz nada, mesmo que trivial,que seja condenado pelos sábios.[1] Pense: felizes, seguros,que todos os seres tenham os corações plenos de bem-aventurança. Todos os seres vivos que existem,fracos ou fortes, [2] sem exceção,compridos, grandes,médios, curtos,sutis, grosseiros, Visíveis e invisíveis,próximos e distantes,nascidos e por nascer:que todos os seres tenham os corações plenos de bem-aventurança. Que ninguém engane ou despreze outrem, em nenhum lugar,ou devido à raiva ou má vontadedeseje que alguém sofra. [3] Tal qual uma mãe, colocando em risco a própria vida,ama e protege o seu filho, o seu único filho,da mesma forma, abraçando todos os seres, cultive um coração sem limites. Com amor bondade para todo o universo,cultive um coração sem limites:Acima, abaixo e em toda a volta,desobstruído, livre da raiva e da má vontade. Quer seja parado, andando,sentado, ou deitado,sempre que estiver desperto,cultive essa atenção plena:a isto se denomina uma morada divinano aqui e agora.[4] Sem estar aprisionado pelas idéias,virtuoso e com a visão consumada,tendo subjugado o desejo pelo prazer sensual,ele não mais renascerá.[5]. Notas: [1] Como pode ser observado, os temas do sutta não correspondem exatamente às estrofes do poema. O primeiro tema – virtude ou disciplina moral – compreende do primeiro verso até a primeira metade do terceiro verso. A virtude, (sila), proporciona o sólido fundamento ético no qual se baseia o desenvolvimento da mente. As primeiras duas linhas dizem que essa base ética é tanto uma estratégia para alcançar o objetivo da iluminação bem como uma expressão do caráter da pessoa. É aceito como verdadeiro que todos os seres aspiram pela própria felicidade, todos querem ser felizes, e este sutta tem a intenção de ajudar as pessoas a alcançarem esse objetivo ensinando quais as qualidades de caráter benéficas que devem ser desenvolvidas com habilidade. Tudo que segue no sutta é uma série de descrições sobre como uma pessoa sábia e hábil, ou uma pessoa que deseja progredir na direção do objetivo, deveria se comportar no mundo. Uma lista de virtudes específicas é apresentada – gentil, não arrogante, moderado, etc. – seguida por um enunciado geral (“Não faz nada ...”) que engloba todas as demais virtudes que não foram especificadas em detalhe. [2] Tasa va thavara, literalmente “em movimento” ou “estável”, mas o seu significado vai além do sentido literal. O que está implícito é que alguns seres estão em movimento porque estão agitados, insatisfeitos ou impulsionados pelo desejo e isso no contexto Budista compreende a noção de fragilidade ou fraqueza. De modo semelhante, quando alguém está firmemente estabelecido, tranqüilo e quieto, isso expressa uma condição de maior força e estabilidade. O amor bondade para com o primeiro tende para a compaixão pelo bem-estar dos mais fracos, enquanto que para com o último tende para a alegria altruísta pela capacidade dos fortes. [3] Na metade do terceiro verso, a voz dos verbos muda para refletir a transição para a prática meditativa. Os verbos no imperativo, (“pense ...”), são usados para guiar a intenção no momento presente para a geração de amor bondade ou boa vontade. Enquanto que as virtudes no primeiro tema são apresentadas como conceitos, (“Ser capaz, correto ...”), a uma certa distância, aqui a linguagem é imediata e aponta diretamente para o cultivo do estado de boa vontade para com todos os seres. Isto alinha o poema com a prática de metta bhavana, ou meditação de amor bondade, e essas frases podem ser empregadas como guia para essa prática. A geração de intenção é essencial na prática da meditação de metta, onde ela desenvolve o papel de moldar a qualidade da mente no momento presente. Ao invés de pensar em algo ou se recordar do passado, ou planejar o futuro, a pessoa adota naquele exato momento a qualidade mental de desejar o bem estar dos outros. Por conseguinte estamos passando da virtude geral para a meditação específica, para o cultivo deliberado de certos estados mentais e a intenção de manter presente um certo objeto na mente. Neste caso o objeto é o pensamento com respeito a todos os seres, enquanto que o estado mental com relação a esse objeto é a intenção ou desejo que todos os seres tenham felicidade e segurança. A mudança de voz no sexto verso indica a descrição de algumas das diretrizes para a prática de ações benéficas. [4] A meditação de metta é caracterizada como um dos quatro brahma viharas ou moradas divinas. Várias nuances de amor maternal são também empregadas para descrever os outros três brahma viharas ou qualidades divinas do coração: compaixão (tal qual uma mãe em relação a um filho doente), alegria altruísta (tal qual uma mãe em relação a um filho que vai em busca do seu lugar no mundo), e equanimidade (tal qual uma mãe ao ouvir sobre os eventos da vida de um filho adulto). O nono verso estabelece uma relação crucial entre a meditação de metta e a meditação vipassana, (insight), através da clássica ênfase na atenção plena. [5] O último verso do sutta desloca a ênfase da meditação para a realização da sabedoria – o plano mais elevado na aspiração Budista. Esse é o cume do caminho, a destinação que é alcançada quando a prática diligente de meditação é desenvolvida sobre uma base sólida de virtude. A ênfase é colocada na purificação da visão, a habilidade para ver com clareza. Menciona a eliminação do desejo como um elemento das experiências e nomeia a emancipação do renascimento como o fruto da iluminação.

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