sábado, 28 de novembro de 2009

Carta do primeiro monge brasileiro - Pháp Giang - na tradição do nosso venerável Thich Nhat Hanh

no dia 21 de novembro de 2009 fui ordenado como monge noviço em Plum
Village, França, na tradição do ven. Thich Nhat Hanh.
A cerimônia foi simples e leve, entremeada por pequenos descuidos que a
tornaram mais leve e bem humorada ainda. sei que para os europeus isso
soa estranho, por que eles adoram atividades muito formais e sem a
presença do acaso, mas para nós, brasileiros, tudo isso é muito bem
vindo e me faz sentir mais em casa ainda...
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Fui ordenado com mais dez amigos (seis homens e quatro mulheres, um do
Canadá, dois da França, um estadunidense, dois vietnamitas, uma
japonesa, uma holandesa, um alemão e uma chinesa - e eu do Brasil), no
mesmo dia, vinte vietnamitas foram ordenados via internet.
Thay deu a essa família o nome de Lótus Cor-de-Rosa (já houveram
famílias com o nome de Lótus Branca e Lótus Dourada).
Essa família tem algumas características especiais, como diversidade de
países e a idade (a maioria se situa na faixa dos 30 a 40 anos, um pouco
velha para o costume).

Apesar dos muitos altos e baixos durante o período de aspirante, estou
feliz com a minha escolha. Plum Village ainda é marcadamente européia,
norte-americana e asiática, então espero tornar mais estreita a ligação
entre Plum Village e o Brasil e a América Latina e enriquecer a
diversidade cultural que é a marca dessa tradição.
Gostaria de destacar dois fatos que considero sintomáticos:

o primeiro foi que o monge responsável pela distribuição das roupas não
sabia meu nome e como eu não estava no quarto na hora em que ele trouxe
o meu hábito de aspirante, ele apenas escreveu num pedaço de papel
"Brazil". Como único brasileiro e latino-americano desta comunidade
senti nesse momento o peso da minha escolha e o impacto dessa escolha na
vida da comunidade e, talvez, alguma expectativa também deles em relação
a mim. Mas, é claro, uma das práticas aqui é não ter expectativas...

o segundo foi durante a ordenação, quando Thay pronunciou o meu nome de
dharma monástico, Pháp Giang. Para os que não sabem 'Pháp' em
sino-vietnamita quer dizer 'Dharma' (e em vietnamita moderno quer dizer
França) e 'Giang'(pronuncia-se aproximadamente como Young em inglês, ou
iang) significa 'Rio' - ou seja, Rio de Dharma. Para mim foi uma grande
e agradável surpresa. Tendo vivido na Amazônia por muitos anos, quando
ele disse esse nome, senti o rio Amazonas correr dentro de mim e me
senti realmente como um rio. Mas sei que é um desafio ser realmente um
rio, como nas metáforas que o Buda usou para expressar algo que a tudo
abraça e a tudo transforma.

interessante também ver que recebi o meu sanghati, hábito para grandes
cerimônias formais, de um monge theravada da tailândia, T. Pittaya, e
que agora mora em plum village permanentemente. O ricardo sasaki sabe o
quanto tenho apreço pelo budismo theravada e o quanto aprecio que o
budismo praticado em plum village tenha uma mistura interessante com
essa tradição, então foi com muito bom gosto que recebi de suas mãos.

nesse período em que permaneci aspirante aprendi a duras penas a largar
minha expectativas em relação a mim e em relação à comunidade e a não
tentar pensar demais se serei um bom monge ou mesmo se serei um monge
por toda vida...o que importa é o presente e no presente farei o melhor
possível para mim e utilizando os elementos da nossa cultura para
expressar esse melhor - não posso esquecer, e isso não é possível, que
sou um monge cearense, de Quixeramobim, a maior parte de minhas raízes
está lá, trago dentro de mim o mandacaru e suas flores, a seca, a
caatinga, a esperança de chuva, minha fala nordestina e muitos
maneirismos dos meninos do interior do sertão e isso será,
provavelmente, minha contribuição à diversidade cultural de Plum
Village.

Agradeço a todos e todas que torceram por mim, direta ou indiretamente,
ou que simplesmente se alegraram por saber que há um pedaço de Brasil
nesta grande comunidade.

samuel / pháp giang

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

O Primeiro Tópico da Plena Consciência: seguir a respiração na vida diária - eliminar a distração e o pensamento desnecessário (Métodos 1-2)

Inspirando, ele sabe que está inspirando; e expirando, ele sabe que está expirando. Inspirando uma respiração longa, ele sabe que "Inspiro uma respiração longa". Expirando uma respiração longa, ele sabe que "Expiro uma respiração longa". Inspirando uma respiração curta, ele sabe que "Inspiro uma respiração curta".
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A maioria dos leitores deste livro não vive em florestas, debaixo de árvores ou em monastérios. Em nossa vida diária, dirigimos carros e esperamos ônibus, trabalhamos em escritórios e fábricas, falamos ao telefone, limpamos nossas casas, preparamos comida, lavamos roupa e assim por diante. Portanto, é muito importante aprendermos a praticar a plena consciência na respiração durante nossa vida diária. Usualmente, quando desempenhamos essas tarefas, nossos pensamentos vagueiam, e nossas alegrias, tristezas e raiva ficam difíceis de seguir de perto. Apesar de estarmos vivos, não conseguimos trazer nossa mente para o momento presente e vivemos no esquecimento.

Podemos começar nos tornando conscientes de nossa respiração, seguindo a nossa respiração. Inspirando e expirando, sabemos que estamos inspirando e expirando, e podemos sorrir para afirmar que somos nós mesmos que estamos no controle de nós mesmos. Através da consciência na respiração, podemos estar despertos no (e para o) momento presente. Ficando atentos, já estabelecemos o "parar", isto é, a concentração da mente. Respirar com plena consciência ajuda nossa mente a vagar menos em pensamentos confusos e sem fim.

A maior parte de nossas atividades diárias pode ser realizada enquanto seguimos a respiração de acordo com as instruções do sutra. Quando nosso trabalho demanda uma atenção especial para evitar confusão ou acidente, podemos unir a plena consciência na respiração com a própria tarefa. Por exemplo, quando estamos carregando uma panela de água fervendo ou fazendo consertos na eletricidade, podemos estar conscientes de cada movimento de nossas mãos e alimentar essa consciência por meio da respiração: "Expiro consciente de que minhas mãos estão carregando uma panela de água fervendo" ou "Inspiro consciente de que minha mão direita está segurando um fio elétrico", ou mesmo "Inspiro consciente de que estou passando por um outro carro. Expiro consciente de que a situação está sob controle". Podemos praticar assim.

Na realidade, não é suficiente combinar a consciência na respiração somente com tarefas que exigem muita atenção. Devemos também combinar a plena consciência de nossa respiração com todos os movimentos de nosso corpo: "Inspiro e estou sentando", "Inspiro limpando a mesa", "Inspiro sorrindo para mim mesmo", "Inspiro acendendo o forno". Parar os pensamentos aleatórios e deixar de viver na distração é um passo gigantesco no sentido da prática da meditação. Podemos realizar essa etapa seguindo nossa respiração e combinando-a com a consciência de nossas atividades diárias.

Há pessoas que não têm paz nem alegria e ficam até alucinadas porque não conseguem parar o pensamento desnecessário. São obrigadas a tomar sedativos para se aquietarem e dormirem, simplesmente para dar sossego aos seus pensamentos. Porém, até mesmo em sonho, continuam sentindo medo, ansiedade e intranqüilidade. Pensar demais pode causar dor de cabeça, empobrecendo o ser espiritual.

Seguindo sua respiração e combinando a respiração consciente com suas atividades diárias, você pode cortar o fluxo de pensamentos perturbadores e derramar a luz do despertar. A plena consciência da expiração e da inspiração é algo maravilhoso que qualquer pessoa pode praticar. Mesmo se você não vive em um monastério ou em um centro de meditação, pode praticar dessa maneira. Combinar a plena consciência da meditação com a plena consciência dos movimentos do corpo durante as atividades diárias - andar, parar, deitar, sentar, trabalhar - é uma prática básica para cultivar a concentração e viver em um estado desperto. Durante os primeiros minutos de meditação sentada, você pode usar este método para harmonizar sua respiração e, se parecer necessário, pode continuar seguindo a respiração com plena consciência durante o período todo.

Respire! Você Está Vivo (seção 2 - continuação texto anterior)

"Oh bhikkus, o método de estar plenamente consciente na respiração, se desenvolvido e praticado continuamente, trará grandes recompensas e grandes vantagens. Ele conduzirá ao sucesso na prática dos Quatro Estabelecimentos da Plena Atenção. Se esse Método dos Quatro Estabelecimentos da Plena Atenção for desenvolvido e praticado continuamente, conduzirá ao sucesso na prática dos Sete Fatores do Despertar. Os Sete Fatores do Despertar, se forem desenvolvidos e praticados continuamente, vão fazer brotar a Compreensão e a Liberação da Mente.

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Qual é o caminho para desenvolver e praticar continuamente o método da Plena Consciência na Respiração, de modo que a prática seja compensadora e ofereça um grande benefício?
É assim, bhikkus: o praticante entra na floresta, ou se dirige para o pé de uma árvore, ou para qualquer lugar deserto, senta-se firme na posição de lótus, mantendo o corpo bem ereto. Inspirando, ele sabe que está inspirando; e expirando, ele sabe que está expirando.

1) Inspirando uma respiração longa, ele sabe: "inspiro uma respiração longa." Expirando uma respiração longa, ele sabe: "expiro uma respiração longa."

2) Inspirando uma respiração curta, ele sabe: "inspiro uma respiração curta." Expirando uma respiração curta, ele sabe, "expiro uma respiração curta."

3) "Inspiro consciente de todo o meu corpo. Expiro consciente de todo o meu corpo." É assim que ele pratica.

4) "Inspiro, e meu corpo todo está calmo e em paz. Expiro, e meu corpo todo está calmo e em paz." É assim que ele pratica.

5) "Inspiro, e me sinto alegre. Expiro, e me sinto alegre."21
É assim que ele pratica.

6) "Inspiro, e me sinto feliz. Expiro, e me sinto feliz."
É assim que ele pratica.

7) "Inspiro, consciente das atividades da mente em mim. Expiro, consciente das atividades da mente em mim."
É assim que ele pratica.

8) "Inspiro, e as atividades da mente estão calmas e em paz em mim. Expiro, e as atividades da mente estão calmas e em paz em mim."
É assim que ele pratica.

9) "Inspiro, consciente de minha mente. Expiro, consciente de minha mente." É assim que ele pratica.

10) "Inspiro, e minha mente está feliz e em paz. Expiro, e minha mente está feliz e em paz." É assim que ele pratica.

11) "Inspiro, e minha mente fica concentrada. Expiro, e minha mente fica concentrada." É assim que ele pratica.

12) "Inspiro, e libero minha mente. Expiro, e libero minha mente."
É assim que ele pratica.

13) "Inspiro, e observo a natureza impermanente de todos os darmas. Expiro, e observo a natureza impermanente de todos os darmas."22 É assim que ele pratica.

14) "Inspiro, e observo o desaparecer gradual de todos os darmas. Expiro, e observo o desaparecer gradual de todos os darmas."23
É assim que ele pratica.

15) "Inspiro, e observo a liberação. Expiro, e observo a liberação."
É assim que ele pratica.

16) "Inspiro, e observo o soltar. Expiro, e observo o soltar."25
É assim que ele pratica.

A Plena Consciência na Respiração, se desenvolvida e praticada continuamente de acordo com estas instruções, traz compensações e um grande benefício."

21 Alegria e Felicidade: A palavra piti é usualmente traduzida como "alegria" e a palavra sukka, "felicidade". O exemplo a seguir geralmente é usado para comparar piti com sukka: alguém viajando no deserto vê um regato de água fria e experimenta piti (alegria), e ao beber a água experimenta sukka (felicidade).

22Darmas: coisas, fenômenos

23Desaparecimento gradual (viraga): um desaparecimento gradual da cor e do gosto de cada darma, e sua dissolução aos poucos, é ao mesmo tempo um desvanecer e dissolução gradual da cor e do sabor do desejo. Viraga é, portanto, o desaparecimento de ambos, cor e apego.

24Liberação ou emancipação aqui significa pôr um fim às raízes da aflição e das tristezas, transformando-as.

25Desistir, ou renunciar, aqui significa abandonar tudo que é ilusório e vazio de substância.

Respire! Você Está Vivo

O Sutra sobre a Plena Consciência na Respiração

Seção 1 - Eu ouvi essas palavras do Buda certa vez, quando ele estava em Savatthi¹ no Eastern Park com muitos discípulos conhecidos e realizados, inclusive Sariputta, Mahamoggallana, Mahakassapa, Mahakaccayana, Mahakotthita, Mahakappina, Mahacunda, Anuruddha, Rewata e Ananda. Na comunidade, os bhikkus² seniores diligentemente instruíam os bhikkus novos na prática - alguns instruíam dez estudantes, outros, uns trinta e alguns, quarenta; e dessa maneira os bhikkus novatos na prática foram aos poucos conseguindo grande progresso. Naquela noite a lua estava cheia e a Cerimônia de Pavarana³ foi realizada para marcar o fim do retiro da estação das chuvas. O Senhor Buda, o Desperto, estava sentado ao ar livre com os discípulos reunidos em torno dele. Depois de olhar pausadamente para a assembléia, começou a falar:
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"Oh bhikkus, é um prazer constatar os frutos que alcançaram com suas práticas. E sei que ainda podem fazer mais progresso. O que vocês ainda não alcançaram, podem alcançar. O que ainda não realizaram, podem realizar perfeitamente. [Para encorajar seus esforços] ficarei aqui até a próxima lua cheia4".
Quando ouviram que o Senhor Buda ia ficar em Savatthi por mais um mês, os bhikkus de todo o país começaram a se dirigir para lá a fim de estudarem com ele. Os bhikkus seniores continuaram a ensinar os bhikkus novatos a praticarem com mais determinação. Alguns estavam instruindo dez discípulos, outros vinte, outros trinta e alguns quarenta. Com essa ajuda, os bhikkus mais novos, pouco a pouco, continuaram progredindo no conhecimento.
Quando o dia da próxima lua cheia chegou, o Buda, sentado a céu aberto, olhou para a assembléia de bhikkus e começou a falar:
"Oh bhikkus, nossa comunidade é pura e boa. Em seu coração não existe conversa inútil e pretensiosa, e, portanto, merece receber oferendas e ser considerada um campo de mérito5. Uma comunidade assim é rara, e qualquer peregrino que a esteja procurando, não importa quanto tenha de viajar, vai descobrir que valeu a pena.
Nesta assembléia existem bhikkus que já realizaram o fruto do estado de Arahat6, destruíram todas as raízes da aflição7, largaram todos os fardos e alcançaram compreensão correta e emancipação. Há também bhikkus que já eliminaram as cinco primeiras formações internas8 e realizaram a condição de nunca mais passar pelo ciclo de nascimento e morte9.
Existem aqueles que abandonaram as três primeiras formações internas e realizaram o fruto de retornar mais uma vez10. Eliminaram as raízes da cobiça, do ódio e da ignorância, e só precisam voltar para o ciclo de nascimento e morte mais uma vez. Existem os que eliminaram as três formações internas e realizaram o fruto daquele que entra no fluxo11, dirigindo-se firmemente para o Estado Desperto. Existem os que praticam os Quatro Estabelecimentos da Plena Atenção12. Exitem aqueles que praticam os Quatro Esforços Corretos13 e os que praticam as Quatro Bases do Sucesso14. Existem os que praticam as Cinco Faculdades15, os que praticam os Cinco Poderes16, aqueles que praticam os Sete Fatores do Despertar17, os que praticam o Caminho Óctuplo18. Existem os que praticam a bondade amorosa, os que praticam a compaixão, aqueles que praticam a alegria e aqueles que praticam a equanimidade19. Existem os que praticam as Nove Contemplações20 e os que praticam a Observação da Impermanência. Existem também bhikkus que já praticam a plena consciência na respiração".

Notas:
¹Savatthi: a capital do reino de Kosala, que fica cerca de 75 milhas a oeste de Kapilavatthu (sânscrito: Sravasti e Kapilavastu).

²Bhikku: monge

³A cerimônia de Pavarana era realizada no fim de cada retiro da estação das chuvas, o retiro anual de três meses para monges budistas. Durante a cerimônia, cada monge presente convidava a assembléia para apontar as fraquezas que ele havia demonstrado durante o retiro. A lua cheia marcava o fim do mês lunar. Normalmente, o Pavarana era realizado no fim do mês de Assayuja (mais ou menos em outubro), porém durante o ano em que esse sutra foi ensinado o Buda estendeu o retiro para quatro meses e a cerimônia foi realizada no fim do mês de Kattika (em torno de novembro).

4O dia da lua cheia do quarto mês de retiro (Kattika) chamado Komudi, ou dia do Lótus Branco, assim chamado porque komuda é uma espécie de lótus branco que floresce no fim do Outono.

5Campo de mérito: apoiar uma comunidade boa, como plantar sementes em um solo fértil, é um bom investimento.

6Arahat (sânscrito: Arhat): a mais elevada realização de acordo com as tradições do budismo primitivo. Arahat significa digno, merecedor de respeito. Um Arahat é alguém que arrancou as raízes de todas as causas da aflição e não está mais sujeito ao ciclo de nascimento e morte.

7Raiz da Aflição (sânscrito: klesa; pali: klesa). As cordas que escravizam a mente, como: cobiça, raiva, ignorância, desdém, suspeita e visões errôneas. É o equivalente a Asava (pali): sofrimento, dor, venenos da mente, causas que nos sujeitam a nascimento e morte, como apego, visões errôneas, ignorância.

8Isto é, as cinco primeiras das Dez Formações Internas (sânscrito: Samyojana): (1) apanhado na visão errônea do self, (2) hesitação, (3) apanhado em proibições e rituais supersticiosos, (4) apego, (5) ódio e raiva, (6) desejo dos mundos da forma, (7) desejo dos mundos do sem forma, (8) orgulho, (9) agitação e (10) ignorância. Esses são os nós que nos amarram e mantêm prisioneiros de nossa situação mundana. No Mahayana, as Dez Formações Internas são relacionadas na seguinte ordem: desejo, ódio, ignorância, orgulho, hesitação, crença em um self real, visões extremas, visões errôneas, visões pervertidas, visões advogando proibições desnecessárias. As cinco primeiras são chamadas "obscuras" e as cinco últimas, "aguçadas".

9Fruto do Nunca Retornar (Anagami-phala): o fruto, ou realização, se refere somente ao fruto da condição de Arahat. Os que realizam o Fruto do Nunca Retornar não voltam depois dessa vida para o ciclo de nascimento e morte.

10Fruto de Retornar Mais Uma Vez (Sakadagami-phala): o fruto, ou realização, logo abaixo do Fruto do Nunca Retornar. Aqueles que realizam o Fruto de Retornar Mais Uma Vez voltarão para o ciclo de nascimento e morte apenas mais uma vez.

11O Fruto do Que Entra na Corrente (Sotapatti-phala): o quarto fruto mais elevado, ou realização. Os que alcançam o Fruto do Que Entra na Corrente são considerados como tendo entrado no Fluxo da Mente Desperta, que sempre flui para dentro do Oceano da Emancipação.

12Os Quatro Estabelecimentos da Plena Atenção (Satipatthana): (1) consciência do corpo no corpo, (2) consciência dos sentimentos nos sentimentos, (3) consciência da mente na mente, (4) consciência dos objetos da mente nos objetos da mente. Para mais explicações, veja Transformation and Healing: The Sutra on the Four Establishments of Mindfulness, Thich Nhat Hanh (Berkeley: Parallax Press, 1990).

13Quatro Esforços Corretos (pali: padhana): (1) não permitir que surja qualquer ocasião de ação maléfica, (2) uma vez que surja, encontrar os meios para liquidá-la, (3) fazer a ação correta surgir quando ainda não surgiu, (4) encontrar a maneira de desenvolver a ação correta e, depois que surgir, torná-la duradoura.

14Quatro Bases de Sucesso (iddhi-pada). quatro caminhos que levam à realização de uma mente forte: diligência, energia, plena consciência e penetração.

15Cinco Faculdades (indriyana): cinco capacidades, ou habilidades: (1) confiança, (2) energia, (3) estabilidade meditativa, (4) concentração meditativa, e (5) compreensão verdadeira.

16Cinco Poderes (bala): o mesmo que as Cinco Faculdades, mas vistos mais como forças do que habilidades.

17Sete Fatores do Despertar (bojjhanga): (1) plena atenção, (2) investigação dos darmas, (3) energia, (4) alegria, (5) tranqüilidade, (6) concentração, (7) soltar. Estes são discutidos na Seção Quatro do sutra.

18O Nobre Caminho Óctuplo (atthangika-magga): a maneira correta de praticar contém oito elementos: (1) Visão Correta, (2) Intenção Correta, (3) Fala Correta, (4) Ação Correta, (5) Maneira de Viver Correta, (6) Esforço Correto no caminho, (7) Consciência Correta, (8) Concentração Meditativa Correta.

As práticas acima, dos Quatro Estabelecimentos da Plena Consciência até o Nobre Caminho Óctuplo, num total de 37, são chamadas bodhipakkhiya dhamma, os Componentes do Despertar.

19Bondade amorosa, compaixão, alegria e equanimidade (brama-vhiara): quatro estados da mente belos e preciosos que não estão sujeitos a nenhuma limitação, e são geralmente chamados de Quatro Meditações Sem Limites. Bondade amorosa é dar alegria. Compaixão é remover o sofrimento. Alegria é felicidade e alegria na alegria dos outros. Equanimidade é renúncia, sem calcular ganho ou perda, sem apego a crenças tais como a verdade, sem raiva nem tristeza.

20Nove Contemplações: a prática da contemplação sobre os nove estágios de desintegração de um cadáver, do momento em que ele começa a inchar até se tornar pó.

Respire! Você Está VivoThich Nhat HanhEditora Vozes

domingo, 13 de setembro de 2009

Nosso retiro foi um sucesso


Queridos amigos,

Encerrado hoje, o retiro de plena consciência, com os monges António e Michel, de Plum Village, foi um sucesso. Realizado no Spa Ch'An Tao, em Jundiaí, na serra do Japi, em meio a muita natureza, paisagem exuberante, sol, pássaros e esquilos, pudemos receber os ensinamentos e as práticas conduzidas pelos queridos monges, dentre as quais meditação sentada, ensinamentos do Dharma, meditação andando, refeições em plena consciência, dentre outras.

Muito obrigado a todos que participaram, organizaram e tornaram possível esse 3o. Retiro da Sangha Plena Consciência.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Palestra com os Monges Pháp Nhan e Pháp Uyen - Nesta Quarta e Quinta-Feira

Nesta quarta e quinta-feira, a partir das 19:00h, estaremos recebendo os monges Pháp Nhan e Pháp Uyen, Mestres da Ordem Interser, do Monastério de Plum Village, França, da tradição do nosso querido e venerável mestre Thich Nhat Hanh, para palestras que acontecerão na FNAC - Pinheiros. A entrada é gratuita.
Contamos com sua presença! Leve seus amigos e familiares.
Sangha Plena Consciência - São Paulo




segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Carta do Thây em recuperação no Hospital de Boston

Boston, 21 de agosto de 2009
Queridos amigos e co-praticantes do retiro “Um Buda não é suficiente”Estes Park, Co.
Meus queridos amigos,Estou escrevendo para vocês do Massachusetts General Hospital em Boston. Soube que a Sangha se manifestou hoje em Estes Park. Eu sinto falta do retiro. Eu sinto falta do bonito arranjo do retiro. Especialmente, eu sinto falta da Sangha, e sinto falta de vocês.Eu aprecio sentar com a Sangha, andar com a Sangha, respirar com a Sangha. A alegria de estar juntos, compartilhando o Dharma e a prática juntos é sempre muito nutritiva e curadora.Mas eu não sofro, porque sei que estou tomando conta de mim mesmo. E tomar conta de mim mesmo é tomar conta de vocês. Os médicos aqui decidiram que eu deveria ficar 14 dias internado para tratamento de uma infecção no pulmão por Pseudomonas aeruginosa. Por favor, não se preocupem. É apenas uma infecção. Mas tem que ser tratada corretamente. Meus rins, meu pulmão, meu coração, meu sistema digestivo todos funcionam bem. Estou sendo medicado com dois fortes antibióticos, com injeções intra-venosas diariamente. E os clínicos aqui estão monitorando de perto o processo de tratamento. Me permitem sair do hospital para o parque próximo uma hora por dia para fazer meditação caminhando.Há quase 1.000 de nós agora praticando juntos no retiro de Estes Park. Deve ser alegre. Estou confiante que nossos muitos professores de Dharma, leigos e monásticos, estão conduzindo o retiro da melhor maneira que podem.Queridos amigos, se vocês olharem em profundidade, me verão no retiro, andando com vocês, sentando com vocês, respirando com vocês. Eu sinto claramente que estou em vocês e vocês estão em mim. Neste retiro, vocês testemunharão o talento da Sangha: vocês verão que Thay já continua pela Sangha, e a presença da Sangha carrega a presença do Thay. Por favor, deixe-me caminhar com seus pés fortes, respirar com seus pulmões saudáveis e sorrir com seus bonitos sorrisos.Terminamos um maravilhoso e alegre retiro no Stone Hill College no estado de Massachusetts antes de Thay ir para o hospital para um check-up. Os médicos disseram que não deveríamos adiar o tratamento. Portanto Thay está fazendo seu melhor por vocês e vocês estão fazendo seu melhor por Thay. Deste modo podemos ainda desfrutar estarmos juntos. Por favor, desfrutem do retiro por mim, e levem para casa um conjunto de palestras de Dharma proferidas no retiro de Stone Hill, especialmente a última.Espero escrever para vocês novamente em alguns dias, antes do final do retiro.
Nhat Hanh
(Tradução gentilmente feita pelo irmão de dharma Leonardo Dobbin - Sangha Viver Consciente - RJ)



Palestras e Retiro - São Paulo - Setembro 2009


Em setembro, palestras e retiro com os monges Phap Nhan e Phap Uyen, do monastério Plum Village - França - da tradição do Venerável Mestre Thich Nhat Hanh.
Agende: 9 e 10 de setembro, a partir das 19:00h na FNAC - Pinheiros - palestras gratuitas abertas ao público, com os temas Psicologia Budista e Prática da Plena Consciência na Vida Contemporânea.
Dias 11, 12 e 13 - retiro no Spa Ch'An Tao - Jundiai - restam pouquíssimas vagas - informações e reservas através do email sangaplenaconsciencia@gmail.com

quinta-feira, 16 de julho de 2009

CARTA da Irmã Chan Khong:Plum Village, 12 de Julho de 2009

Caros amigos próximos e distantes da Ordem do Interser (OI),A irmã Chan Khong acaba de fazer um apelo urgente a todos os membros e amigos da Ordem do Interser para ajudarem a levar apoio ao Mosteiro Bat Nha. Vamos mantê-los atualizados com mais informações que, no momento, estão sendo traduzidas. Por favor, informem outras pessoas e peçam ajuda a todos que possam ter alguma influência política ou na mídia. Por favor, leiam esta carta e pratiquem profundamente nos próximos dias para enviarmos nossa energia a nossos jovens irmãos e irmãs. Nós criamos um blog para ser um ponto central de comunicação e intercâmbio de idéias sobre como podemos praticar e ajudar nessa situação. Pedimos aos amigos com bons conhecimentos sobre a internet que nos ajudem a levantar idéias sobre como podemos espalhar as notícias e conseguir apoio. O blogue é http://www.helpbatnha.org/. Um lótus para você, um Buda é você,Irmão Phap Dung (Tradução: Renta Collaço (Sangha do Rio).

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CARTA da Irmã Chan Khong:Plum Village, 12 de Julho de 2009 Caros Irmãos e Irmãs da Ordem do Interser no Vietnã e em todo o mundo,Os 400 monges e monjas do Mosteiro Bat Nha precisam muito de suas orações e de sua ajuda. A sangha de Plum Village está fazendo um apelo a todos os membros da Ordem do Interser para que organizem suas sanghas para se sentarem e invocarem o nome do Bodisatva da Compaixão, Quan The Am, e enviarem sua energia de paz e calma para nossos 400 jovens Irmãos e Irmãs no Mosteiro Bat Nha. Os monges e monjas que lá estão têm sido privados de água e de eletricidade há 15 dias – pressão de monges e habitantes locais com o apoio do governo local e de pessoas mal informadas.Nós pedimos a cada um que também se sente a sós em profunda reflexão, para enviar a energia da compaixão para essas 400 jovens almas e para pedir aos nossos ancestrais e aos Bodisatvas que nos ajudem a dar um passo adiante na compreensão da situação; e, a partir desse estado de compaixão, seremos levados à ação e encontraremos formas de ajudar. Nós podemos contactar funcionários dos nossos governos e pessoas de influência do nosso conhecimento e pedir a sua ajuda. Nós precisamos trazer esse lamentável evento à luz internacional, compartilhando-o com as comunidades que zelam pelos direitos humanos. Com a atenção internacional, nossos irmãos e irmãs ao menos estarão protegidos, e nós podemos exigir que o governo Vietnamita tome uma providência e trate da situação segundo as leis internacionais de direitos humanos. Esses 400 jovens monges e monjas não fizeram nada de errado, no entanto, seu direito humano básico à água lhes foi agora retirado, afetando a sua saúde e o seu bem estar.Precisamos agora que todos os membros da Ordem do Interser entrem em ação e façam o que puderem para pedir atenção e ajuda para os nossos irmãos e irmãs cujos direitos humanos estão claramente sendo violados há mais de 15 dias. Por favor, usem sua energia criativa e compassiva para organizar um esforço coletivo para levar ajuda ao Mosteiro Bat Nha – sentem-se e meditem coletivamente, coletem assinaturas ou enviem cartas para os funcionários de nossos governos. O nível de tensão aumentou e, aparentemente, o governo local não restabeleceu o fornecimento de água. Os irmãos e irmãs são ameaçados de ataque e por isso têm medo de sair do mosteiro. A Maha Sangha está chamando. Este é um Sino de Plena Atenção. Por favor, ajudem! “Que nós extinguamos todas as aflições para que a compreensão possa emergir,os obstáculos das ações nocivas sejam dissolvidos,e o fruto do despertar seja plenamente realizado.”Homenagem ao Bodisatva que alivia o sofrimento, Avalokiteshvara.Irmã Chan Khong

PS: Depois que nós enviamos uma carta ao Ministro do Departamento de Polícia, a polícia saiu do mosteiro, mas ainda permitiu que os assediadores permanecessem no terreno do mosteiro e cortassem a tubulação que fornecia água à habitação das monjas. Nos últimos dois dias, as monjas contrataram um grupo para cavar um novo poço, mas os assediadores chamaram a polícia. Eles vieram e interromperam a escavação, alegando se tratar do terreno do mosteiro, que não permite a escavação de poços. Nós protestamos - o dinheiro (17 milhões de dongs vietnamitas = 1 milhão de dólares americanos) doado para o mosteiro pelos nossos amigos leigos, locais e estrangeiros, não é suficiente para pagar por esse pedaço de chão para cavar um poço? Como é possível que vocês, como Cong An, que literalmente significa “oficiais para a paz pública”, tenham permitido que assediadores com facas nas mãos cortassem uma tubulação de água instalada que fornecia água para as monjas e não permitam que essas 210 monjas sedentas cavem um poço para sua sobrevivência e saúde!

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Petição ao Consulado do Vietnã nos EUA - Ajuda Urgente aos Monges e Monjas do Monastério da Bat Nha - Vietnã

ASSINE!! Petição ao Consulado do Vietnã nos EUA - Ajuda Urgente aos Monges e Monjas do Monastério de Bat Nha, Vietnã.
Carta redigida pela Ordem do Interser, ligada à Comunidade do Venerável Mestre Zen-Vietnamita Thich Nhat Hanh

Querida Comunidade,
Por favor, ajude-nos a assinar esta petição ao Governo Vietnamita, a ser enviada ao Consulado do Vietnã em São Francisco (EUA). Por favor, peça aos amigos e entes queridos para participarem também. A petição será enviada em 21 de julho de 2009.
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12 de julho de 2009
Sr. Le Quoc Hung, Cônsul Geral
Consulado Geral do Vietnã em São Francisco, EUA1700 California St, Suite 430 San Francisco, CA 94109
Telefone: (415)922-1707 (415)922-1577
Fax: (415)922-1848 (415)922-1757Email: info@vietnamconsulate-sf.org
RE: URGENTE Solicitação para que o Governo Central do Vietnã tome medidas para aliviar a tensão sofrida pelos residentes do Monastério Bat Nha, na Província de Lam Dong, Vietnã.
Honorável Cônsul Geral,Respeitados Líderes do Governo Vietnamita,Prezadas Comissões de Relações Religiosas do Vietnã,
O objetivo desta carta de hoje é chamar atenção imediata para uma crise que se agrava cada vez mais no Vietnã e clamar pela intervenção do governo para que proteja jovens cidadãos pacifistas do Vietnã, que hoje habitam o Monastério Bat Nha, na Província de Lam Dong. Um grupo de 400 jovens monges e monjas vive no monastério há quatro anos. São continuamente importunados por monges e habitantes das aldeias locais e enfrentam a inércia e o descaso de dirigentes do governo. Esses jovens monásticos têm sido privados de suas necessidades humanas mais básicas, como acesso a alimentos e água, já há duas semanas. Além de não se resolver sozinha, esta situação torna-se cada vez mais grave. Muitas dessas violações e incidentes diários são testemunhados, documentados e denunciados em primeira mão ao público em geral por simpatizantes locais. Todos os relatos podem ser lidos em www.phusaonline.free.fr e em outros sites da internet.
Suplicamos ao Governo do Vietnã, com a maior veemência possível, que intervenha e garanta que esta comunidade possa viver em paz, com os direitos assegurados por lei aos cidadãos vietnamitas, e que tenha acesso seguro a alimentos, água, eletricidade, ou seja, a direitos humanos básicos.
Desde 2005, estes 400 monges e monjas vivem no Monastério Bat Nha (Hamlet 13, Dambri Village, Bao Loc District), na Província de Lam Dong. Investiram energia e recursos consideráveis (mais de US$ 1 milhão) para melhorar a região próxima ao monastério e a comunidade local. Não constituem um corpo político e sua única intenção é praticar a plena consciência e servir aos demais.
Recentemente, a água e as linhas de comunicação do monastério foram cortadas e os 400 monásticos que vivem ali vêm sendo importunados. Quando se tentou instalar um poço de água, os trabalhadores foram ameaçados e o projeto, abandonado. O nível de tensão aumenta e os monges e monjas vêm sendo ameaçados de ataques. Alguns sentem tanto medo que nem conseguem sair do monastério em busca de água ou alimentos. A polícia local continua sem intervir para restaurar a paz. Além disso, as linhas de telefone e internet também foram cortadas. Mais detalhes da situação podem ser encontrados no link http://helpbatnha.org - um website mantido por pessoas do mundo todo, em busca de apoio ao monastério.
É fundamental que o governo do Vietnã interfira e lide com a situação no âmbito da Legislação Internacional dos Direitos Humanos. Esses 400 jovens monges e monjas não fizeram nada errado e, no entanto, estão privados de direitos humanos básicos, com sua saúde e bem-estar prejudicados.
Esta não é uma questão política ou religiosa — é uma questão de direitos humanos.
Os monges e monjas são filhos e filhas do Vietnã. Merecem proteção de seu governo e liberdade para que suas necessidades humanas básicas sejam atendidas em paz e segurança. Sabemos que você concorda conosco ao dizermos que cabe a todo governo garantir tais direitos a seu povo.
Pedimos sua ação imediata para ajudar a resolver esta situação.
Precisamos de ajuda urgente.
Atenciosamente,A Comunidade Internacional da Ordem do Interser
NOTA: Esta é uma tradução para o português da petição em inglês elaborada pela Ordem do Interser (tradição do mestre zen-vietnamita Thich Nhat Hanh).
A petição pode ser assinada por qualquer pessoa. Para assiná-la, acesse o link abaixo.
http://helpbatnha.org/2009/07/petition-letter-to-the-vietnamese-consulate/
Paz e Gratidão
Paz a Cada Passo
Sangha Plena Consciência

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Retiro com Monges de Plum Village em São Paulo - Restam poucas vagas

Queridos amigos,

Estamos muito felizes com a realização do nosso 3o. Retiro em São Paulo, com monges da tradição do nosso venerável mestre Thich Nhat Hanh, que acontecerá nos dias 11 e 12 de setembro deste ano.

Maiores informações poderão ser obtidas através do email sangaplenaconsciencia@gmail.com



Comendo uma Laranja

Conto para Crianças - Thich Nhat Hanh (do Livro "A Pebble for your Pocket)

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COMENDO UMA LARANJA

Thich Nhat Hanh
Do livro "A Pebble for Your Pocket"
Contos para Crianças, sem tradução para o português

Ao olhar profundamente para uma laranja, você percebe que ela - ou qualquer fruta - não é nada mais do que um milagre. Experimente: pegue uma laranja e segure-a na palma das mãos. Inspire e expire lentamente, e olhe para ela como se a visse pela primeira vez.

Ao olhar para a laranja profundamente, você conseguirá ver muitas coisas maravilhosas - o sol brilhando e a chuva pousando sobre a laranjeira, as flores da laranja, a minúscula fruta surgindo nos galhos, e a cor da laranja passando do verde para o amarelo, até tornar-se totalmente laranja. Agora, comece a descascá-la, bem devagarinho. Sinta o maravilhoso aroma da casca. Reparta um dos gomos e leve-o à boca. Sinta o sabor do maravilhoso sumo.

A laranjeira levou três, quatro ou até seis meses para produzir essa laranja para você. É um milagre. Agora a laranja está pronta, e lhe diz, "Estou aqui, para você". Porém, se você não estiver presente, não escutará nada. Se não olhar para a laranja no momento presente, então a laranja também não estará presente.

Estar plenamente presente ao comer uma laranja, tomar um sorvete ou consumir qualquer outro alimento é uma experiência maravilhosa - deliciosa!



Os Cinco Treinamentos da Plena Consciência

Na prática desse último domingo, tivemos a oportunidade de relembrar os Cinco Treinamentos da Plena Consciência. A leitura e troca de experiências sobre esses ensinamentos deve ser periódica em nossos encontros, pois aqui se encontra um dos mais ricos tesouros dos ensinamentos budista. Compartilhem e pratiquem conosco!

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Primeiro Treinamento - Consciente do sofrimento causado pela destruição da vida, eu me comprometo a cultivar a solidariedade e a aprender maneiras de proteger a vida das pessoas, animais, plantas e minerais. Estou determinado a não matar, a não deixar que outros matem e a não tolerar qualquer ato de matança no mundo, no meu pensamento e no meio modo de vida. Segundo Treinamento - Consciente do sofrimento causado pela exploração, pela injustiça social, pelo roubo e pela opressão, eu me comprometo a cultivar a gentileza amorosa e a aprender maneiras de trabalhar pelo bem estar das pessoas, animais plantas e minerais. Praticarei a generosidade, compartilhando meu tempo, minha energia e meus recursos materiais com aqueles que realmente precisam. Estou determinado a não roubar e a não me apossar de nada que pertença, porventura, a outros. Respeitarei a propriedade alheia, mas impedirei que outros lucrem com o sofrimento humano ou com o sofrimento de outras espécies sobre a terra. Terceiro Treinamento - Consciente do sofrimento causado pela má conduta sexual, eu me comprometo a cultivar a responsabilidade e a aprender maneiras de proteger a integridade dos indivíduos, dos casais, das famílias e da sociedade. Estou determinado a não me engajar em relações sexuais sem amor e sem compromisso duradouro. Para preservar a minha felicidade e a dos outros, estou determinado a respeitar os meus compromissos e os compromissos dos outros. Farei tudo o que estiver ao meu alcance para proteger as crianças do abuso sexual e para impedir que casais e famílias sejam desfeitos pela má conduta sexual. Quarto Treinamento - Consciente do sofrimento causado pelas palavras descuidadas e pela incapacidade de ouvir os outros, eu me comprometo a cultivar a fala amável e a escuta profunda para levar alegria e felicidade aos outros e aliviá-los em seu sofrimento. Estou determinado a falar a verdade, com palavras que inspirem autoconfiança, alegria e esperança. Não divulgarei notícias que não tenham fundamento seguro e nem criticarei ou condenarei aquilo de que não tenha certeza. Evitarei pronunciar palavras que possam causar divisão ou discórdia, que possam desagregar a família ou a comunidade. Estou determinado a fazer todos os esforços possíveis para reconciliar e resolver todos os conflitos, por menores que sejam. Quinto Treinamento - Consciente do sofrimento causado pelo consumo irresponsável, eu me comprometo a cultivar a boa saúde, tanto física quanto mental, para mim, minha família e minha sociedade, praticando a alimentação, a ingestão de líquidos e o consumo com plena consciência. Somente ingerirei itens que preservem a paz, o bem estar e a alegria no meu corpo, na minha consciência e no corpo coletivo e na consciência da minha família e da minha sociedade. Estou determinado a não usar álcool, ou qualquer tóxico ou consumir alimentos ou outros itens que contenham toxinas, como certos programas de TV, revistas, livros, filmes e conversas. Estou consciente de que prejudicar o meu corpo ou minha consciência com esses venenos é trair meus ancestrais, meus pais, minha sociedade e as gerações futuras. Trabalharei para transformar a violência, o medo, a ira e a confusão que existem dentro de mim e na sociedade, mediante uma dieta para mim mesmo e para a sociedade. Entendo que uma dieta apropriada seja crucial para autotransformação e para a transformação da sociedade.

As Cinco Contemplações (Thich Nhat Hanh)

Nas nossas práticas, antes de compartilharmos o chá com a sangha, lemos o ensinamento do Thây chamado "As Cinco Contemplações". Ele nos ajuda a refletir sobre a importância dos alimentos e a gratidão que devemos ter por todos aqueles que permitiram e o tornaram possível, nos trazendo à consciência a importância de uma alimentação sadia e consciente. Desfrutem conosco essa lição.

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ESTE ALIMENTO É PRESENTE DE TODO O UNIVERSO: ELE VEIO DA TERRA, DO CÉU DE NUMEROSOS SERES VIVOS E DE MUITO TRABALHO ÁRDUO.
QUE POSSAMOS COMÊ-LO EM “PLENA CONSCIÊNCIA” E COM GRATIDÃO A FIM DE SERMOS DIGNOS DE RECEBÊ-LO.
QUE POSSAMOS RECONHECER E TRANSFORMAR NOSSAS FORMAÇÕES MENTAIS NÃO SAUDÁVEIS, PRINCIPALMENTE NOSSA GANÂNCIA, E APRENDERMOS A COMER COM MODERAÇÃO.
QUE POSSAMOS MANTER NOSSA COMPAIXÃO VIVA ATRAVÉS DE UMA ALIMENTAÇÃO QUE ALIVIE O SOFRIMENTO DOS SERES VIVOS, PRESERVE NOSSO PLANETA E REVERTA O PROCESSO DE AQUECIMENTO GLOBAL.
ACEITAMOS ESTE ALIMENTO PARA QUE POSSAMOS NUTRIR NOSSA IRMANDADE, FORTALECER NOSSA SANGHA E CULTIVAR NOSSO IDEAL DE SERVIR A TODOS OS SERES.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Dia dos Ancestrais - 2

Bom dia, querida Sangha. Hoje é Domingo, 13 de Julho do ano 2008. Estamos no Templo do Néctar do Dharma, e hoje é o Dia dos Ancestrais.

As crianças cantaram, “Minha mãe, meu pai, estão em mim, e quando olho eu me vejo neles”.

Isso que você pode enxergar já é algo muito profundo.Você vê sua mãe e seu pai em você. Mas com quanta clareza e profundidade você pode ver isso? E quando você olha para a sua mãe e o seu pai, você se vê neles. Quão profundamente você enxerga isso?

(Veja as fotos que ilustram o texto acessando http://compartilhandopv.blogspot.com/2009/03/o-dia-dos-ancestrais.html

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Ontem, nós falamos sobre plantar uma semente de milho em solo úmido. Se você esperar por volta de dez dias, verá uma plantinha de milho surgir. Nas escrituras budistas, fala-se muito sobre sementes. Acho que nos Evangelhos cristãos também.

Estamos falando de uma semente de milho, um grão de milho. E quando você vê a plantinha de milho talvez você queira fazer a ela a pergunta, “Plantinha de milho, você se lembra de duas semanas atrás, quando você era uma semente de milho?”

No início do ano nós fizemos um retiro na Itália, e havia muitas crianças nele, incluindo muitas crianças italianas. Havia cerca de oitocentos praticantes. No último dia do retiro eu ofereci uma semente de milho a cada um.

Eu havia comprado um saco de sementes de milho numa loja ali perto, e acho que havia mais de mil sementes de milho naquele pequeno saco. Então distribui uma semente de milho a cada um. Pedi que eles a levassem para casa e plantassem, regassem todos os dias, e observassem à medida que fosse crescendo. Não ofereci uma semente de milho somente a cada criança, mas a cada adulto também, porque essa é a continuação da prática.

Quando você observa a planta de milho surgir, vê as primeiras duas folhinhas, depois as primeiras três folhinhas, e já não mais vê a semente de milho. Quando lá está a planta de milho, não se vê mais a semente de milho.

Mas você não pode dizer que a semente de milho morreu. Não. Ela não morreu. Ela se tornou uma planta de milho. Então, se você for esperto, se for habilidoso, se for inteligente, quando olhar a planta de milho ainda poderá enxergar a semente de milho.

E quando você perguntar à plantinha de milho, “Minha querida plantinha de milho, lembra-se de que há duas semanas atrás você era uma semente de milho?” -- pode ocorrer que a planta de milho tenha se esquecido disso. Pode ser que a plantinha de milho tenha se esquecido de que há duas semanas atrás era uma semente de milho. Duas semanas não é muito tempo, mas a planta de milho pode esquecer-se.

Então, você conversa com a planta de milho. Você diz, “Lembro-me muito bem que duas semanas atrás você era uma semente de milho. E que à medida que eu te dava água todos os dias, você foi capaz de germinar, e daí tornou-se uma plantinha de milho. Lembro-me muito bem. Talvez você não se lembre mais, mas eu sim.”

Assim você lembra à plantinha de milho que ela foi uma semente de milho. E embora agora você não veja a semente de milho, e a plantinha de milho não se enxergue a si mesma como uma semente de milho, a semente de milho está sempre lá. A pergunta que eu fiz às crianças e aos jovens no retiro da Itália era muito difícil, e alguns deles foram capazes de dar uma boa resposta.

A pergunta era: a planta de milho e a semente de milho são uma ou duas coisas?

Se elas forem uma coisa, então ambas são a mesma coisa. Ou são elas duas coisas totalmente diferentes? Esta é uma pergunta budista; é uma que é difícil, a planta de milho e a semente de milho. Você sabe que a plantinha de milho vem da semente de milho, e agora a questão é saber se elas são uma coisa só ou se são duas coisas separadas.

Claro, houve crianças que disseram que elas eram uma única coisa. Houve crianças que disseram que elas eram duas coisas diferentes: a semente de milho não é a planta de milho, e a planta de milho não é a semente de milho. São distintas. Mas a resposta correta é a terceira. Algumas crianças disseram, “Bom, elas não são nem a mesma coisa nem duas coisas diferentes”. Essa é uma resposta complicada, mas é a correta.

O ensinamento desta manhã é um pouco difícil. Suponha que esta é a semente de milho e esta é a planta de milho. Sabemos muito bem que a planta de milho vem da semente de milho. Isso está claro, porque você mesmo plantou uma semente de milho e viu a semente de milho germinar e tornar-se uma plantinha de milho.

Logicamente, você vê que a semente é uma semente. Uma planta é uma planta. Uma planta não pode ser uma semente, e uma semente não pode ser uma planta. Esta é a lógica formal. Mas se você olhar em profundidade – esta é uma outra palavra para meditação, e meditar é ter o tempo de olhar em profundidade – nós pensamos que estas coisas são duas coisas distintas, mas sem esta a outra não pode ser, porque a outra veio desta.

Então temos três respostas. A primeira é que a semente e a planta são um. A segunda resposta é a de que são duas coisas diferentes. E a terceira resposta diz que não são nem a mesma coisa nem duas coisas distintas. Não são nem a mesma coisa nem duas coisas diferentes porque a planta de fato mostra-se diferente da semente. A terceira resposta é a correta, não são nem o mesmo, nem diferentes.

Suponha que você olhe o álbum de família e se veja quando bebê. Você tinha apenas duas semanas de vida e sua mãe tirou a sua foto. A foto ainda está no álbum. E agora você tem 12 ou 14 anos de idade, e olha para o bebê. Você está tão diferente daquele bebezinho da foto. E você se pergunta, “Sou a mesma pessoa que aquele bebê ou sou uma pessoa totalmente diferente?”

Você é bastante diferente em tamanho e muitos outros aspectos. A forma, os sentimento, as percepções, as formações mentais, consciência, todas elas são diferentes. Você está muito diferente do bebezinho da foto. Então dizer que você é o mesmo que aquele bebê está errado de alguma maneira, porque você está muito diferente do bebê.

Mas dizer que você e o bebê são duas coisas completamente diferentes também está errado, porque sem aquele bebê você não pode ser você mesmo.

Então a resposta é o caminho do meio, e caminho do meio é uma expressão bastante budista. A resposta dada pelo Buda é que você não é a mesma pessoa nem uma pessoa diferente. Então a resposta budista é: nem o mesmo, nem diferente. E este é um dos ensinamentos mais profundos do Buda, mas eu acredito que mesmo que você seja muito jovem, você pode entendê-lo, porque é a verdade.

Quando você olha a si mesmo em profundidade, você vê o seu pai. Somente com meditação você pode ver isso claramente. A plantinha de milho pode ter dificuldade para enxergar em si mesma a semente de milho, mas fato é que ela é a semente de milho. Ela é a continuação da semente de milho, e a mesma coisa é verdadeira em relação a você. Você é a continuação do seu pai, a continuação da sua mãe. De alguma maneira, você é seu pai, você é sua mãe. Você não se parece exatamente como ele, mas ele está em você, e é esse o significado da frase que as crianças acabaram de cantar, “minha mãe, meu pai, eles estão em mim”.

Há uma meditação guiada aqui em Plum Village:
Inspirando, vejo o meu pai e a minha mãe em cada célula do meu corpo;
Ou Inspirando, vejo a presença do meu pai e da minha mãe em cada célula do meu corpo;
Expirando, sorrio para o meu pai e a minha mãe em cada célula do meu corpo.

Você precisa visualizar isso. Você tem de ver isso como uma realidade e não somente como uma idéia, porque na meditação você enxerga concretamente, não fica somente com idéias abstratas.

E saiba que isso é também muito científico, porque seu pai e sua mãe transmitiram-se a você. Eles não transmitiram outras coisas, como um carro ou a conta bancária. Eles transmitiram a si próprios a você, e estão realmente lá, em cada célula do seu corpo. Você vem do seu pai; você vem da sua mãe.

Há jovens que ficam com raiva de seus pais ou de suas mães; com muita raiva. Eles chegam a dizer até uma coisa assim estranha como, “Aquele homem (o pai dele), não quero ter nada a ver com ele nunca mais”.

Quando você se irrita com seu pai, você pode dizer algo como, “Aquele homem, aquele cara, não quero ter nada a ver com ele”.

Você está com raiva demais quando diz alguma coisa assim, porque não é a verdade. O fato é que você é a continuação do seu pai. Você é seu pai. Você não pode arrancar o seu pai de você. Impossível.

E o pai pode ficar bravo com o filho, e quando fica assim bravo não consegue enxergar a verdade. Ele pode dizer algo como, “Aquele menino, aquele moleque, ele não é meu filho. Meu filho não seria assim. Eu não o reconheço como meu filho”.

Isso também não faz sentido, porque aquele jovem é a continuação dele. Não dá para dizer que não tem nada a ver com ele.

Então, pai e filho precisam praticar o olhar em profundidade, de maneira a que cada qual veja a si mesmo no outro.

A mesma coisa é verdadeira com mãe e filha. Cerca de vinte anos atrás eu estava andando por uma rua de Londres, indo a uma livraria. Vi numa vitrine um livro com o título “Minha mãe, eu mesma”. Acho que era um livro de psicoterapia. Não comprei o livro, porque tive a impressão de que sabia o que ele continha. Era sobre mãe e filha. A filha ficando com raiva da mãe, e pensando que não tinham nada em comum, mas de repente vem o insight – você é filha dela. Você é ela. Você é uma continuação da sua mãe.

Numa Palestra do Dharma dada antes, neste mesmo ano, eu disse que temos nosso pai dentro de nós, mas ainda o temos fora de nós. Isso faz sentido. E meu pai dentro de mim pode ser um pouco diferente daquele fora de mim. Por quê? No início, quando ele se transmitiu a mim, o pai dentro de mim e o pai fora de mim eram muito parecidos. Mas porque vivi muitas situações diferentes, em ambientes distintos, o pai dentro de mim evoluiu diferente daquele que há fora.

E se eu sou um bom praticante, então meu pai em mim pode ser transformado numa boa direção. Se eu pratico plena consciência, concentração, insight, bondade amorosa, compaixão, então elas penetram no meu pai, também.

Este meu pai evoluiu no caminho da transformação e da cura, então meu pai em mim pode ser mais belo que o pai fora de mim, porque eu sou um bom praticante. O que herdei de meu pai beneficia-se da minha prática. É por isso que meu pai está crescendo de maneiras distintas dentro e fora de mim.

Então, tenho um relacionamento melhor com o pai dentro de mim, e quero melhorar esse tipo de relacionamento com o pai fora de mim, também. No caso de ser um bom praticante, isso não é difícil. Porque você evoluiu juntamente com o seu pai. Você cultivou mais bondade amorosa, paciência, compaixão e compreensão. É por isso que você pode ajudar seu pai fora de você a mudar, a se transformar. Mas se você não pratica, então você ainda terá muita raiva, discriminação e irritação, e nesse caso não poderá ajudar muito o seu pai.

O fato é que meu pai está tanto dentro quanto fora de mim. Quando o pai que está fora de mim morre, o pai dentro de mim continua a viver. E eu vou transmitir meu pai para meu filho e para minha filha.

Meu pai e minha mãe, eles são meus ancestrais, os meus ancestrais mais jovens. Como seres humanos, nós temos ancestrais humanos. Tivemos diversas gerações de ancestrais humanos e, geneticamente falando, todos os nossos ancestrais estão vivos em nós. Pensamos que todos eles já morreram, porém isso não é verdade. Nossos ancestrais de diversas gerações ainda estão vivos em nós, e nós os carregamos futuro adentro. Nós os transmitimos futuro adentro. Então, quando você se casa e tem filhos, você transmite seus ancestrais aos seus filhos. Os seus ancestrais adentram, assim, o futuro.

Em Plum Village, todos os anos, nós celebramos o Dia dos Ancestrais. E durante este dia praticamos olhar em profundidade de maneira a reconhecer a presença de nossos ancestrais em nós, em cada uma de nossas células. Sabemos que nossos ancestrais são nossas raízes. É como a planta de milho que tem a semente de milho por raiz, e quando estamos todos bem enraizados, somos fortes. Mas se nossas raízes forem arrancadas, então não somos fortes o suficientes para enfrentar a vida.

É por isso que em países como o Vietnã cada família tem em casa seu altar dedicado aos ancestrais. O respeito aos ancestrais é o que praticamos. Na China também se pratica a veneração dos ancestrais.

Mesmo que você não seja rico, se em sua casa houver um espaço central, uma mesa ou um vestíbulo, crie ali um altar para os ancestrais. Você pode colocar um porta-incenso ou um vaso de flores sobre esse altar.

Quando choramos, nossos ancestrais também choram conosco. E quando escutamos uma Palestra do Dharma, nossos ancestrais também a escutam. Isso é realmente maravilhoso.

Então a prática consiste em dirigir-se todos os dias ao altar dos ancestrais e começar por tirar o pó. Você limpa o pó do altar, troca a água do vaso de flores, e acende um incenso, colocando-o no porta-incenso. É assim que praticamos.

E por que fazemos isso? Estamos entrando em contato com nossos ancestrais. Leva não mais de dois minutos para cuidarmos do altar dos ancestrais, mas durante o tempo em que o limpamos, enquanto acendemos um bastão de incenso, estamos realmente em contato com nossos ancestrais. Temos a sensação de que aonde vamos, nossos ancestrais estão conosco. Não nos sentimos sozinhos, não nos sentimos alienados. Esse é o benefício da prática de venerarmos os ancestrais.

Geralmente, nossos ancestrais têm o direito de saber o que se passa. E portanto, faz parte da tradição que se amanhã seu filho vai para a escola pela primeira vez, no jardim da infância, você acende um bastão de incenso e anuncia a seus ancestrais, “Queridos ancestrais, amanhã vamos levar nosso menininho ao jardim de infância”. Seus ancestrais têm o direito de saber disso.

É atencioso da sua parte informar a seus ancestrais que amanhã seu filhinho ou filhinha irá pela primeira vez ao jardim de infância. Você pode pensar que os ancestrais ficam ali sentados sobre o altar, mas de fato, o altar serve apenas para lembrar-nos de que nossos ancestrais estão em nós. O altar está dentro de nós, em cada célula do nosso corpo. Todos os genes que nos foram transmitidos por eles estão lá, e se formos capazes de tocarmos nossos ancestrais, então podemos receber o apoio e a ajuda deles.

Cada vez que você estiver em dificuldades, com um problema, você pode dirigir-se a seus ancestrais. Houve esta mulher, com câncer avançado, que nos contou que tinha um avô que era muito estável, sólido. E dissemos a ela que todas as células de solidez do avô dela estavam nela mesma. “Então peça ajuda! Peça ajuda ao seu avô! Vovô, sei que suas células são sólidas. Por favor venha ajudar-me”.

E se você tiver concentração e plena consciência, verá que seu avô está lhe respondendo. As células de solidez dele virão ajuda-la. E por fim aquela mulher curou-se do câncer, porque ela soube como rezar para o avô dela.

Então, onde quer que você vá, seus ancestrais estão com você. E se você estiver enraizado, se estiver atento, há de sentir-se mais sólido, mais enraizado, e você atravessará as dificuldades na sua vida muito melhor.

Quando vocês decidem casar sua filha com um jovem de uma outra cidade, vocês têm de informar isso aos ancestrais. Precisam preparar uma oferenda. Podem colocar a oferenda no altar, acender o incenso e dizer, “Queridos ancestrais, decidimos casar nossa filha com aquele jovem. Por favor nos dêem apoio”.

Esse é o tipo de prática que fazemos no Vietnã, na China, na Coréia, etc. Então hoje temos o Dia dos Ancestrais [aqui em Plum Village] de forma a termos uma oportunidade de entramos em contato com eles, porque acessa-los nos traz força e muitos outros benefícios.

Temos nossos ancestrais de sangue, mas temos também nossos ancestrais espirituais. Para os cristãos, Jesus Cristo é o ancestral espiritual. E ele está em nós porque o Cristianismo foi transmitido a você pelo padre, pelo ministro, por seu professor, e assim você tem Jesus Cristo em cada célula do seu corpo. Se você tiver problemas, pode rezar para ele. Ele não está longe. Ele não está no céu. Ele está em cada célula do seu corpo; você pode tocar Jesus Cristo em cada célula do seu corpo. Se você for um bom cristão, Cristo está disponível em todos os momentos.

Se você segue a tradição budista, o Buda, o Venerável Ananda e Shariputra são seus ancestrais espirituais. Os mestres através de muitas gerações também são seus ancestrais espirituais, e porque você aprendeu o Dharma, você ouviu Shariputra, você ouviu o Buda. É por isso que a semente, os genes do Buda e de Shariputra estão em cada célula, porque a transmissão é feita de duas maneiras; há a transmissão pela via genética e a transmissão pela via espiritual.

Como mestre, você transmite-se aos outros pela via espiritual, não pela genética. Então, há aqueles de nós que têm Jesus e Buda como ancestrais espirituais. Se você estiver em harmonia, não sente qualquer conflito por ter a ambos como ancestrais. Quando você recebe os Cinco Treinamentos da Plena Consciência, reconhece que eles são bastante cristãos. Se você olhar em profundidade, verá que na tradição cristã há o equivalente aos Cinco Treinamentos. E você se torna um cristão melhor praticando os Cinco Treinamentos da Plena Consciência. Não há conflito, não há discriminação. Você tem direito a ter vários ancestrais espirituais.

Se você enxergar profundamente, nós temos ancestrais animais, também. Para tal precisamos praticar meditação, para vermos em profundidade. Nossos ancestrais não são apenas humanos, porque a espécie humana é uma das mais recentes sobre a Terra. Muitas apareceram tardiamente na Terra, e antes da espécie humana aparecer, apareceram outros animais. Então, temos nossos ancestrais humanos, mas temos também nossos ancestrais animais. Aprender isso é muito estimulante, ver de onde viemos no que concerne à ancestralidade. Que tipo de animal fomos no passado, antes de termos a forma humana?

Então, sou um ser humano, mas também tenho ancestrais animais, e eles estão vivos em mim. Na literatura budista, dizemos que em alguma de nossas vidas passadas fomos um esquilo, um peixe, ou um pássaro. E isso não é apenas poético, é científico também.

Em uma de suas vidas pregressas, você foi um pássaro ou um peixe ou um cervo, e não apenas no passado. Hoje ainda você continua a ser um pássaro, um peixe, um cervo. Em mim, sinto muito concretamente que ainda sou um pássaro, um peixe, um cervo, porque de fato tenho ancestrais animais. E se você reconhecer os animais como seus ancestrais, você será melhor para com eles. Você não desejará comer seus ancestrais. Não é nada gentil comer seus ancestrais.

Daí, temos nosso ancestrais vegetais. De fato, os vegetais apareceram antes dos animais. No passado, numa vida pregressa, você foi um pinheiro, uma planta aquática, um cogumelo. Por que não? Por isso você tem de olhar em profundidade para sentir que também somos feitos de animais e vegetais. Você vem dos vegetais e dos animais, e se souber disso, se lembrar disso, então você desejará protegê-los, vivendo de uma tal maneira que ajude a proteger animais e vegetais, porque eles também são nossos ancestrais.

Olhando mais em profundidade, vemos que temos ancestrais minerais, também. Água, rocha, terra, pó – você é feito de estrelas. Você é feito de minerais. Sem minerais não poderia haver vegetais, animais ou humanos. Por isso é importante dar-nos o tempo de olharmos em profundidade. Para enxergar, reconhecer todos os nossos ancestrais. Ancestrais de sangue. Ancestrais espirituais. Ancestrais humanos. Ancestrais animais. Ancestrais vegetais. E também os ancestrais minerais.

No Sutra do Diamante, o Buda diz que há quatro idéias a serem transcendidas, e uma delas é a idéia de ser humano. Um ser humano: o Buda nos aconselha a olharmos em profundidade, a meditar. Quando você olha o ser humano, pode enxergar que o humano é feito de elementos não-humanos. Nominalmente: animais, vegetais e minerais. Quando perceber isto, vai querer proteger animais, vegetais e minerais.

Então, se você olha o ser humano e vê animais, vegetais e minerais, vê realmente o ser humano. No entanto, se olha para o ser humano e não enxerga animais, vegetais e minerais, você não viu o ser humano. Você tem a percepção errônea, uma idéia errada do ser humano. E esta é uma das noções a serem removidas. É por isso que costumo dizer que um dos escritos mais antigos sobre Ecologia Profunda é o Sutra do Diamante. O insight contido nele nos ajuda a proteger o meio-ambiente.

A prática hoje é tomarmos um pedaço de papel e anotarmos os nomes de nossos ancestrais, até onde você conseguir lembrar-se. Pode começar com seu pai e sua mãe, seus ancestrais mais jovens. Talvez seus avós. Bisavô, bisavó, e assim por diante. Você pode colocar os nomes dos seus ancestrais espirituais – Maomé, Buda, Jesus, Shariputra, etc. Você pode incluir alguns dos seus ancestrais animais, alguns dos ancestrais vegetais, alguns dos seus ancestrais minerais, e assim por diante.

Esta é a prática. Você vai reconhecendo os seus ancestrais enquanto faz isso. E você está perdendo o seu eu artificial. Passa a saber que está ligado a todos e a tudo mais. Você está praticando não-eu quando anota os nomes dos seus ancestrais.

Você precisa de plena consciência, de concentração para escrever os nomes dos seus ancestrais. Isso pronto, você vem ao altar e os oferece. Esta é a nossa prática. A prática de tocar nossos ancestrais é muito importante em Plum Village; nos torna fortes, sólidos e felizes. Ela nos torna mais compassivos, compreensivos e amorosos.

PARTE 2

Querida Sangha, ontem tivemos uma pergunta sobre autoridade, poder. Houve a questão feita por um estudante universitário que nos disse ter ambição pelo saber, pelo sucesso, por uma posição social. Como ele pode conciliar essa ambição, esse desejo de ter sucesso, com a prática da plena consciência? Quer dizer, buscando ter uma vida simples, etc.

A pergunta sobre o poder é importante, porque muitos de nós possuem a tendência de abusar de nosso poder. Mesmo que você não tenha muito poder.

Pais podem abusar de seus filhos usando de seus poderes como pai e mãe. E embora algumas vezes sintam-se sem poder algum, assim mesmo usam do poder, da autoridade de pai ou mãe. E as crianças se sentem indefesas, porque elas não conseguem defender-se de igual para igual, e assim sentem-se incapazes. Mas não somente as crianças. Os pais sentem-se igualmente incapazes. Sentem que nada podem fazer para mudar – para ajudar – seus próprios filhos.

Nossos poderes são sempre limitados, incluindo o econômico e o político. Muitos jovens pensam que ser o presidente dos Estados Unidos da América é ter muito poder. Esse é o pensamento de muita gente. Mas acho que Mr. Bush (*) muitas vezes sente-se incapaz, sem poder algum. Ele sente que precisa de mais poder para resolver problemas tais como o preço dos combustíveis, a guerra no Iraque. Ele se sente incapaz. Ele sente que não tem poder suficiente para parar a guerra. Continuar com a guerra é difícil, mas parar a guerra é igualmente difícil, então ele deve sentir-se algumas vezes incapaz. E se o presidente dos Estados Unidos não tem poder suficiente, quem dentre nós pode dizer que tem suficientes poderes?

Claro, quando você é rico sente-se mais poderoso. Com seu dinheiro você pode comprar muitas coisas. Você pode controlar muitas coisas, e ainda assim já testemunhamos o fato de tantos milionários, gente extremamente rica, sentir-se incapaz. E alguns deles cometem suicídio.

A questão do poder é muito importante. O que o Buda pensa sobre poder e autoridade? Na tradição budista falamos dos três tipos de virtude, sobre o poder verdadeiro, que todos podem buscar. Não há perigo algum em buscarmos estes poderes, porque estes poderes podem nos fazer feliz.

Geralmente, no mundo, buscamos por outros tipos de poderes – a saber: riqueza, fama, poder e sexo. Muita gente no mundo pensa que a felicidade é feita desses quatro elementos. E estamos arruinando nosso planeta por conta deste tipo de busca.

Assim que você conquista alguma riqueza, é encorajado a possuir mais, porque uma pessoa rica sempre quer continuar a ser rica. Ela deseja ser mais rica, então segue nesse caminho. Não consegue parar. Alguém é famoso e quer ficar mais famoso, então continua a perseguir isso. Alguém tem algum poder e deseja ter uma posição ainda mais elevada. Busca mais e mais poder. Não há fim para este tipo de busca. E nem todos conseguem obter esse tipo de coisa correndo atrás dela. Muitas pessoas sofreram muito profundamente perseguindo esses quatro tipos de desejo.

Na tradição budista, falamos de três tipos de poder, três tipos de virtude. Quando você tem estes tipos de poder, sente-se forte, feliz, livre. O primeiro tipo de poder é o de “podar”.

Você tem desejos, e sofre muito por causa deles. Você tem raiva, e sofre por causa da sua raiva. Você tem ciúmes, e sofre muito por causa desse ciúmes. Você tem dúvidas. Desejo, raiva e ciúmes são como uma chama que consome você. Eles queimam. Por isso, se você for capaz de podar seu desejo, sua raiva e seu medo, irá tornar-se uma pessoa livre, e será muito feliz. O poder de “podar” é o primeiro poder mencionado pelo Buda.

Objetos do desejo, sejam eles riqueza, fama, poder ou sexo, contém muito perigo. Quando você pesca, joga na água uma isca. Dentro da isca está o anzol. Hoje em dia, não se usa mais uma isca de verdade, elas são de plástico, e também parecem muito atrativas, e o peixe não sabe a diferença. Eles enxergam a isca e a mordem. São puxados pelo anzol para fora d’água, e morrem.

Tantos de nós correm atrás deste tipo de isca. Não vemos o perigo contido nestes tipos de objetos do nosso desejo, e portanto é muito importante não buscarmos felicidade na direção do desejo. Com sabedoria, entendimento – usamos a sabedoria e o entendimento como a uma espada – podamos nosso objeto do desejo. Este é o primeiro tipo de poder. Um bom praticante sempre tenta fazer isso. Podar a raiva, desejo e ciúmes, e para isso a espada que usam é a do entendimento. Eles conseguem ver na natureza do desejo todo o perigo, como o anzol que se esconde por trás da isca.

O segundo tipo de poder ensinado no budismo é o poder do entendimento. Isto é insight. Insight é o fruto da meditação. Se você tem bastante plena consciência, você cultiva sua concentração. Com plena consciência e concentração poderosas, você pratica o olhar em profundidade. E você tem a penetração do coração da realidade. Esse tipo de insight libera você das suas ilusões, das suas compreensões errôneas, das suas percepções, e você se liberta.

A sabedoria é uma espada. O bodhisattva Manjushri é uma pessoa que descrevemos com grande entendimento. Ele está sempre empunhando uma espada, a espada do entendimento. Com a espada da sabedoria, ele consegue cortar através de todo o tipo de compreensão errônea e ilusão. Se você é um bom praticante, com concentração e plena consciência, você pode ter esta penetração da realidade, e ter um insight que o ajudará a liberar-se do seu sofrimento.

Quando você tem esse tipo de insight, esse tipo de sabedoria, você pode superar suas dificuldades muito facilmente. É com sabedoria que você pode sair de situações difíceis. Quando outras pessoas chegam até você e apresentam os problemas delas, você pode ajudá-las a superar suas dificuldades. Talvez em 50 minutos você ajude uma pessoa a libertar-se a si mesma, porque você tem sabedoria, você possui insight.

Sozinha, aquela pessoa pode seguir anos a fio sem encontrar uma solução. Mas quando ela vem a você, por você ter sabedoria, você mostra o caminho a ela, e assim essa pessoa pode libertar-se em 50 minutos ou até menos. Este é o segundo tipo de poder que você pode obter com a prática [da meditação].

Insight é a flor e o fruto da prática. Quando temos bastante concentração e plena consciência, vamos de verdade obter o insight de que precisamos para superar nossas dificuldades e ajudar outras pessoas a superá-las. Você é muito rico em insight, e em liberdade.

O primeiro poder espiritual nos ajuda a libertar-nos do desejo, da ilusão e da raiva. O segundo tipo de poder também nos ajuda a remover a ilusão, a ignorância e a compreensão errônea. Com esse tipo de poder você pode ajudar muitas pessoas ao seu redor a fazerem o mesmo. Você distribui felicidade ao seu redor simplesmente porque você possui sabedoria, insight. E isso ninguém pode arrancar de você, ninguém pode roubar, porque não podem usar arma nenhuma para remover sua sabedoria.

A terceira fonte de poder é o amor, que significa gentileza. Você está distribuindo gentileza. “Você pode me fazer uma gentileza?” Sim. E você está sempre distribuindo felicidade. Esse é o poder do perdão, da aceitação. Aceitar, perdoar e oferecer compreensão e amor. Como um praticante capaz, você tem esse poder. Você tem a capacidade de perdoar. Você tem a capacidade de aceitar a pessoa assim como ela é.

Há aqueles dentre nós que não são capazes de aceitar o outro. Há aqueles dentre nós que têm dificuldade em aceitar uma situação. Dizem “Se eles não mudarem, eu não mudarei. Já que eles são daquele jeito, vou continuar a ser assim”. Isto porque eles não possuem este tipo de poder; porque se você o tiver irá aceita-los assim como são. Você aceita a situação, e segue em frente. Você para de reagir e começa a agir.

No passado, você esteve somente reagindo. Reagindo à situação, às outras pessoas, mas assim você não chega a parte alguma. No entanto, se você aceita a situação tal qual é, se aceita as pessoas assim como são, você simplesmente age. Com esta prática você se transforma, e com mais leveza, mais bondade amorosa, mais sabedoria, você é capaz de mudar a situação e as pessoas ao seu redor. Você não impõe a condição de “se o outro não mudar”. Não há maneira de a situação melhorar se você disser isso.

Agora, se você tem o terceiro tipo de poder, você diz “Ele é assim. Ela é assim. Eu os aceito como são, e irei cultivar mais bondade amorosa, mais insight, mais leveza. Com isso serei capaz de ajuda-los, e de mudar a situação”.

Porque agora você tem a capacidade da aceitação, do perdão. E esta é uma fonte tremenda de poder. Não há perigo algum em você empregar seu tempo cultivando estas três fontes de poder. E quanto mais desse tipo de poder você tiver, mais feliz você se torna, e as pessoas ao seu redor irão tornar-se também mais felizes.

Muitas pessoas são vítimas do próprio sucesso, riqueza, poder. Mas se você tiver este outro tipo de poder, você nunca se torna vítima do seu sucesso. Este é o único tipo de sucesso que não o fará vitima. Por outro lado, todos os outros tipos de sucesso farão de você uma vítima. Você tem sucesso político, e morre como político. Você tem sucesso como um líder nos negócios, e pode morrer vítima do seu próprio sucesso. Mas neste caso a situação é diferente. Quanto mais poder você tem, mais livre você fica, mais amoroso você se torna. E não há perigo algum em cultivar este tipo de poder.

Quanto à questão formulada pelo estudante universitário, creio que ele pode meditar sobre isso. Ele deseja ter sucesso, tornar-se um grande estudioso, tornar-se alguém com boa posição social.
De fato, uma vez que você tenha estes três tipos de poder, não há perigo algum se você tiver alguma riqueza e alguma fama. Se você tiver esses poderes, então sua riqueza e sua fama irão tornar-se úteis para você. De outra maneira, são muito perigosas.

O Budismo não é contra riquezas e poder. A única coisa de que somos lembrados é que correr atrás de riqueza, poder e fama pode sair muito caro. Você pode sofrer tremendamente perseguindo estas coisas. Mas se você tiver poderes espirituais, então não se tornará vítima de sua própria riqueza, fama ou poder. De fato, saberá fazer bom uso da riqueza que possuir, do poder e da fama que obtiver, de maneira a fazer o bem para as pessoas ao seu redor.

Portanto, não é que um bom praticante busque a pobreza. Um bom praticante pode ter dinheiro, porém ele sabe usar o dinheiro de forma a concretizar seu ideal de compaixão e de compreensão. Quantas pessoas são assim livres? Quantas pessoas sabem usar seu dinheiro, seu poder, sua fama de uma maneira boa? Não muitas, a não ser que tenham algum poder espiritual -- o poder de “podar”, o poder da sabedoria, e do perdão. As pessoas não são capazes de usar os poderes mundanos para trazer felicidade a elas mesmas e às outras pessoas.

No budismo e no cristianismo falamos de pobreza voluntária. Você quer viver de modo simples. Uma vida simples está na sua maneira de viver, porque se você vive uma vida simples não gasta a maior parte da sua vida ganhando a vida. Você tem tempo de desfrutar de outras coisas, espiritualmente. Você tem tempo para o céu azul, para a chuva, para o brilho do sol, para as crianças, para aqueles a quem ama. Portanto, viver de maneira simples pode ajudar você a desfrutar de si mesmo, da vida, e a cuidar daqueles a quem ama.

Você é pobre, mas é porque você quer ser pobre. Na verdade, você é muito rico, porque tudo pertence a você – o brilho do sol, o céu azul, os pássaros, as colinas, e cada momento do seu cotidiano pertence a você. Há quem seja extremamente rico, mas que não tem nada. Não tem o céu maravilhoso, não tem as belas colinas, não tem tempo para amar nem para cuidar daqueles a quem amam. Os ensinamentos do Buda são claros nesse ponto. Não somos contra ter dinheiro ou uma boa posição social. Se você tiver poderes espirituais, e o bastante em insight e amor, todo aquele dinheiro, poder e prestígio que tiver o ajudarão a realizar o ideal do bodhisattva.

Portanto o jovem universitário pode continuar a buscar conhecimentos e uma boa posição social, se ao mesmo tempo ele for capaz de cultivar estes tipos de poderes espirituais. Haverá menos perigo para ele, se ele for um bom praticante, cultivando todos os dias mais destes poderes. O poder de “podar”, o poder do entendimento e o poder do amor. Isso traz a você muita liberdade, traz a você muita felicidade, e você não mais acredita que sem muito dinheiro e sem muita fama você não pode ser uma pessoa feliz.

Thich Nhat Hanh

Copyright ©Plum Village sites 2008
Tradução de Chân Mật Đăng – Verdadeira Luz Esotérica/ paraserzen


(*)esta palestra foi dada por Thich Nhat Hanh durante o Retiro de Verão de 2008, quando George W. Bush era o presidente dos EUA.


Dia dos Ancestrais

Queridos leitores e membros da Sangha. Hoje temos mais uma feliz oportunidade de compartilhar um texto maravilhoso, traduzido pelo nosso irmão Marcelo de Abreu, cujas palavras carinhosas compartilhamos com vocês: "Terminei a tradução de uma palestra que o Thây deu em Julho do ano passado, durante o Retiro de Verão, no Dia dos Ancestrais. Como todos os dias durante o Retiro de Verão, a primeira parte da palestra é dedicada às crianças, e o Thây fala numa linguagem apropriada a elas. Foi um dia que considero muito importante, e a cerimônia que se seguiu, conduzida pela Sister Chân Kong, foi muito intensa e tocante para mim -- nas fotos daquele dia, nos álbuns eletrônicos de Plum Village, eu apareço chorando lágrimas grossas e sinceras... Foi uma sensação avassaladora de união e gratidão."
Estaremos divulgando, abaixo, o texto dedicado às crianças e, na sequência, o restante do texto. Uma ótima leitura a todos e nossa eterna gratidão ao querido Marcelo.

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Crianças cantando em coro:

Minha mãe, meu pai, estão em mim,
E quando olho, eu os enxergo em mim,
O Buda, os patriarcas, eles estão em mim,
E quando olho, eu os enxergo em mim,
Sou uma continuação da minha mãe e do meu pai,
Sou uma continuação de todos os meus irmãos e irmãs,
É minha aspiração
Preservar e continuar a nutrir
Sementes de testemunho, sementes de habilidade, de felicidade
Que eu tiver herdado,
É também meu desejo reconhecer
As semente de medo e sofrimento
Que eu tiver herdado,
E pouco a pouco transforma-las,
Sou uma continuação do Buda e dos patriarcas,
Sou uma continuação de todos os meus mestre espirituais,
É minha aspiração profunda
Preservar, desenvolver e nutrir
Sementes de compreensão, de amor, de liberdade
Que eles me transmitiram;
Em minha vida diária também quero semear
Sementes de amor e compaixão
Em minha própria consciência
E no coração das pessoas;
Estou determinado
A não regar sementes de desejo, aversão e violência nos outros,
Resoluto, com compaixão
Esta é a minha aspiração,
Possa a minha prática ser uma oferenda do coração,
Possa a minha prática ser uma oferenda do coração.

(este texto foi musicado pela Irmã Ten Tai Nghiem, que mora no monastério de Blue Cliff, perto da cidade de Nova Iorque)


sexta-feira, 8 de maio de 2009

Feliz Dia das Mães - Uma Rosa Para Sua Lapela

Uma Rosa Para Sua Lapela (Thich Nhat Hanh – Ensinamentos sobre o Amor)
O pensamento “mãe” não pode estar separado do pensamento “amor”. O amor é doce, terno e delicioso. Sem amor, a criança não consegue florescer, o adulto não amadurece. Na ausência desse sentimento, somos fracos, amargos. No dia em que minha mãe morreu, escrevi no meu diário: “Aconteceu a maior infelicidade da minha vida!” Mesmo uma pessoa idosa não se sente preparada quando perde a mãe. Ela tem a impressão de que ainda não amadureceu, que de repente ficou sozinha. Sente-se tão abandonada e infeliz quanto um órfão jovem.
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Todas as canções e poemas analtecendo a maternidade são verdadeiramente bonitos. Até os compositores e poetas sem muito talento parecem derramar seu coração nesses trabalhos. Quando recitam seus poemas ou cantam suas músicas, também ficam profundamente comovidos, a não ser que tenham perdido a mãe muito cedo e não saibam o que é o amor materno. Escritos exaltando as virtudes da maternidade existem no mundo inteiro desde o começo dos tempos.
Quando eu era criança, ouvi um poema simples sobre quando alguém perde a mãe e ele continua sendo muito importante para mim. Quem ainda tem a mãe viva talvez sinta uma ternura por ela toda vez que o lê, temendo esse evento distante, porém inevitável.
Naquele ano, embora eu ainda fosse muito jovem,
Minha mãe me deixou,
E compreendi
Que era um órfão.
Todos ao meu redor estavam chorando.
Eu sofri em silêncio...
Deixando que as lágrimas corressem,
Senti minha dor suavizar-se.
A noite cobriu o túmulo da minha mãe,
O sino do templo tocou docemente.
E eu entendi que perder a mãe
É perder todo o universo.
Nadamos em um mundo de amor compassivo por muitos anos e somos muito felizes ali, até mesmo sem saber. Somente depois que já é muito tarde nos tornamos conscientes dele.
As pessoas do campo não entendem a linguagem complicada dos habitantes da cidade. Quando esses últimos dizem “o amor de mãe é um tesouro”, os camponeses têm dificuldade de entender. No Vietnã, as pessoas do campo comparam suas mães às melhores qualidades de banana ou mel, arroz-doce e cana-de-açúcar. Elas expressam seu amor dessa maneira simples e direta. Para mim, mãe é como uma banana ba huong da melhor qualidade, como nep mot, o melhor arroz-doce, e como mia lau, a mais deliciosa cana-de-açucar.
Depois de uma febre há momentos em que sentimos um gosto amargo constante, nada tem sabor agradável. Somente quando nossa mãe vem e nos cobre com carinho, puxa as cobertas até o nosso queixo, põe a mão em nossa testa queimando – a mão é real ou é a seda do céu? – e gentilmente murmura “Meu querido!”, é que nos sentimos recuperados, cercados pela doçura do amor maternal. O amor dela é tão perfumado como uma banana, como o arroz-doce e a cana-de-açúcar.
O trabalho do pai é enorme, imenso como uma montanha. A devoção da mãe transborda, como a água de uma nascente da montanha. O amor materno é o primeiro sabor de amor que conhecemos, a origem de todos os sentimentos de amor. Nossa mãe é quem primeiro nos ensina a amar, a disciplina mais importante da vida. Sem minha mãe eu nunca teria aprendido a amar. Graças a ela posso amar meus vizinhos. Graças a ela posso amar todos os seres vivos. Por meio dela adquiri minha primeira noção de compreensão e compaixão. A mãe é a base de todo o amor, e muitas tradições religiosas reconhecem isso e honram sua figura – A Virgem Maria, a deusa Kwan Yin. Mal a criança abre a boca para chorar, a mãe já está correndo para o berço. Ela é um espírito gentil e doce que faz a infelicidade e as preocupações desaparecerem. Quando a palavra “mãe” é pronunciada, logo sentimos nosso coração transbordando de amor. A partir do amor, a distância entre acreditar e agir torna-se muito curta.
No Ocidente, celebramos o Dia das Mães em maio. Nasci na área rural do Vietnã e nunca tinha ouvido falar nessa tradição. Certo dia, quando estava visitando o distrito de Ginza, em Tóquio, com o monge Thien An, encontramos estudantes japoneses amigos dele na frente de uma livraria. Um desses rapazes lhe fez discretamente uma pergunta e então pegou um cravo branco da sua bolsa e o prendeu no meu manto. Fiquei surpreso e um tanto embaraçado. Não tinha a menor idéia do que esse gesto significava e não ousei perguntar. Tentei agir com naturalidade, pensando que se tratava de um costume local.
Quando eles acabaram de conversar (eu não falo japonês), Thien An e eu entramos na livraria, e ele me disse que aquele era o chamado Dia das Mães. No Japão, a pessoa que tem mãe viva usa uma flor vermelha na lapela ou no bolso, em uma demonstração de orgulho por isso. Se a mãe não está mais viva, a flor usada é branca. Olhei para a flor branca no meu manto e de repente me senti muito infeliz. Eu era um órfão como qualquer outro órfão infeliz. Os que usam flores brancas sofrem e não podem deixar de voltar seus pensamentos para a mãe. Não conseguem esquecer que ela não está mais presente. Aqueles com as flores vermelhas sentem-se muito felizes por suas mães ainda estarem vivas. Eles ainda podem contentá-las antes de elas partirem, antes que seja tarde. Achei muito bonito esse costume. Propus que fizéssemos a mesma coisa no Vietnã e no Ocidente.
Mãe é uma fonte de amor sem limites, um tesouro inesgotável. Mas, infelizmente, às vezes nos esquecemos disso. A mãe é o mais belo presente que a vida nos oferece. Quem ainda a tem não deve esperar que ela morra para dizer: “Meu Deus, eu vivi todos esses anos ao lado da minha mãe sem nunca olhar de perto para ela. Apenas olhares rápidos, poucas palavras foram trocadas – pedindo dinheiro para despesas miúdas, uma coisa ou outra”. Nós a abraçamos para nos aquecer, ficamos aborrecidos e com raiva dela. Complicamos sua vida, a deixamos preocupada, minamos sua saúde, fazendo com que ela durma tarde e acorde cedo. Há mães que morrem jovens por causa dos filhos. Durante toda a vida esperamos que ela cozinhe, recolha o que vamos largando, enquanto nós só pensamos nas nossas notas e carreiras. Nossa mãe não tem mais tempo de nos observar profundamente, e nós estamos muito ocupados para prestar atenção nela. Só quando ela não está mais presente compreendemos que nunca estivemos conscientes de que tínhamos uma mãe.
Hoje à noite, quando você voltar da escola ou do trabalho (ou, se vive longe de casa, da próxima vez que visitar sua mãe), vá até o quarto dela e, com um sorriso calmo e silencioso, sente-se ao seu lado. Sem dizer nada, faça-a parar de trabalhar. Então, olhe-a durante um longo tempo, analise-a profundamente. Aja assim para vê-la, para sentir que ela está ali, que está viva e ao seu lado. Pegue a mão dela e faça uma pergunta para prender sua atenção: “Mãe, sabe de uma coisa?” Ela vai ficar um tanto surpresa e provavelmente sorrir enquanto lhe pergunta: “O que é, querido?” Continue olhando nos olhos dela, sorrindo serenamente, e pergunte: “Você sabe que eu te amo?” Faça isso sem esperar resposta. Mesmo que você tenha trinta ou quarenta anos ou mais, faça a pergunta como uma criança. Sua mãe e você se sentirão felizes, estarão conscientes de que vivem um amor eterno. Então, amanhã, quando ela partir, você não sentirá nenhum arrependimento.
No Vietnã, no feriado de Ullambana, ouvimos histórias e lendas sobre o bodhisattva Maudgalyayana, bem como sobre o amor filial, o trabalho do pai, a devoção da mãe, a obrigação do filho. Todos oram pela longevidade dos pais; se eles já tiverem falecido, pelo seu renascimento na Terra Pura celestial. Acreditamos que uma pessoa sem amor filial não tem valor. Mas esse tipo de devoção surge também do próprio amor. Sem amor, a devoção de um filho ou filha é apenas artificial. Se esse sentimento está presente, isso não basta, não há necessidade de falar de obrigação. Amarmos nossa mãe é o suficiente. Não é uma obrigação, é completamente natural como beber água quando estamos com sede. Todo filho tem mãe, e é inteiramente natural que a ame. Ela o ama e ele a ama. O filho precisa da mãe, e esta precisa do filho. Se um deles não precisa do outro, então ela não é mãe e ele não é filho. Nesse caso, as palavras “mãe” e “filho” estão mal-empregadas.
Quando eu era jovem, um dos meus mestres me perguntou: “O que você tem que fazer quando ama sua mãe?” Eu respondi que devia obedecer-lhe, ajudá-la, cuidar dela quando ficasse velha, orar por ela e mantê-la no altar dos ancestrais quando ela desaparecesse para sempre por trás da montanha. Agora sei que a expressão “O que” na pergunta era supérflua. Se amamos nossa mãe, não temos que fazer nada. Nós a amamos, é o bastante. Amar a própria mãe não é uma questão de moral ou virtude.
Por favor, não pense que escrevi isso para dar uma lição de moralidade. Amarmos nossa mãe é um benefício. Ela é como uma fonte de água pura, como a melhor cana-de-açúcar ou mel, arroz-doce da melhor qualidade. Se não sabemos como nos beneficiar disso, é lamentável. Eu simplesmente quero chamar sua atenção para evitar que um dia você reclame de que a vida não lhe deixou nada. Se um presente como a presença da sua mãe não o satisfaz, você provavelmente não se contentará com nada, mesmo que seja presidente de uma grande empresa ou rei do universo. Eu sei que o Criador não é feliz, pois Ele surge espontaneamente e não tem a riqueza de possuir mãe.
Gostaria de lhe contar uma história. Por favor, não pense que agi de modo irrefletido. Se não fosse isso, minha irmã não teria se casado e eu não teria me tornado monge. Em todo caso, nós dois deixamos nossa mãe – ela para levar uma vida nova ao lado do homem que amava; eu, para seguir um ideal de vida que adorava. Na noite em que minha irmã se casou, minha mãe estava tão preocupada com mil e uma coisas que nem parecia triste. No entanto, quando nos sentamos à mesa para uma refeição ligeira enquanto esperávamos os que viriam a ser parentes da minha irmã, vi que minha mãe não tinha comido nada. Ela disse: “Durante 18 anos minha filha fez as refeições conosco, e hoje é a última refeição que faz aqui antes de ir para a casa de outra família, e é lá que ela vai passar a fazê-las”. Minha irmã chorou, abaixou a cabeça até quase encostá-la no prato e disse: “Mãe não quero me casar”. Mas mesmo assim se casou. Quanto a mim, deixei minha mãe para me tornar monge. Para felicitar os que estão firmemente decididos a se afastar das suas famílias para serem monges, costumamos dizer que estão trilhando o caminho da compreensão, porém não me sinto orgulhoso por isso. Eu amo minha mãe, mas também tenho um ideal e, para segui-lo, tive que me afastar dela – tanto pior para mim. Na vida, muitas vezes temos que fazer escolhas difíceis. Não podemos pegar dois peixes ao mesmo tempo, um em cada mão. É complicado, mas, se aceitamos crescer, temos necessariamente que aceitar o sofrimento. Não me arrependo por ter deixado minha mãe para me tornar monge, porém lamento ter tido que fazer essa escolha. Não pude aproveitar a oportunidade de me beneficiar totalmente desse tesouro precioso. Todas as noites oro por ela, mão não posso mais saborear a excelente banana ba huong, o arroz-doce nep mot da melhor qualidade e a deliciosa cana-de-açúcar mia lau. Por favor, não pense que estou sugerindo que você abandone sua carreira e fique em casa ao lado da sua mãe. Já disse que não pretendo dar conselhos nem lições de moral. Só quero lembrá-lo de que a mãe é ternura, é amor. Portanto, você, irmão, irmã, não a esqueça. O esquecimento cria uma perda imensa, e eu não desejo que você, por ignorância ou falta de atenção, precise suportar essa perda. Alegremente coloco uma flor vermelha – uma rosa – na sua lapela para que se sinta feliz. Isso é tudo.

domingo, 3 de maio de 2009

Retiro e Palestras - São Paulo / Rio de Janeiro / Curitiba / Recife - Setembro 2009

Queridos Amigos,
Em setembro de 2009 receberemos a visita de dois monges de Plum Village, centro de prática na tradição do mestre zen Thich Nhat Hanh. Os Irmãos Thây Pháp Dung e Thây Pháp Uyen passarão um mês no Brasil, nas cidades de Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Recife.
Em São Paulo teremos palestras abertas ao público nos dias 9 e 10 de setembro às 19:00h na FNAC - Pinheiros - Praça dos Omaguás, 34.
O retiro acontecerá nos dias 11, 12 e 13 de setembro, no Spa Ch’an Tao, em Jundiaí (http://www.spachantao.com.br/).
Leia abaixo, mais informações sobre o retiro. Para mais informações sobre Thich Nhat Hanh, seus ensinamentos, monastérios e atividades de Budismo Engajado, acesse http://www.plumvillage.org/, http://www.deerparkmonastery.org/. Para ser um patrocinador do evento, entre em contato com sangaplenaconsciencia@gmail.com.

Ficha de inscrição para o Retiro - acesse: http://www.viverconsciente.com/retiro2009/ficha_inscr_SP_2009.doc - após preenchimento, favor enviar para email sangaplenaconsciencia@gmail.com.

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Este ano traremos novamente monásticos da tradição de Thich Nhat Hanh (mestre zen-budista vietnamita) para conduzirem retiros e palestras aqui no Brasil. Aqueles que conhecem a comunidade de Thich Nhat Hanh e seus monastérios (Plum Village, na França, e Deer Park, na Califórnia, EUA) sabem que o número de monásticos é pequeno para atender à grande quantidade de retiros solicitados por vários países do mundo. Neste sentido, somos profundamente gratos aos monges por atenderem ao pedido das Sanghas brasileiras e virem ao Brasil novamente, pelo terceiro ano consecutivo.
AGENDA PRELIMINAR: Dia 11 (sexta-feira) Check-in a partir das 15h (não inclui almoço) 18h15 às 19h45 - Jantar 20h - Palestra de abertura com os monásticos e orientações básicas sobre o retiro. Dia 12 (sábado) Programação ao longo de todo o dia (palestras, meditação sentada, meditação caminhando, discussões do Dharma, entre outras atividades). Dia 13 (domingo) Programação no período da manhã e encerramento do retiro após o almoço. Possivelmente haverá uma cerimônia de transmissão dos 5 Treinamentos da Plena Consciência (5 Mindfulness Trainings) para aqueles que desejarem tomar os 5 Preceitos na tradição de Thich Nhat Hanh (a confirmar). Mais adiante enviaremos a agenda final do retiro, com uma descrição mais detalhada das atividades de cada dia.
CHECK-IN E JANTAR NA PRIMEIRA NOITE: O check-in estará liberado a partir das 15h de sexta-feira (dia 11/09). Obs: O Spa Chan Tao não dispõe de serviços de hotelaria e estará atendendo exclusivamente à Sangha durante o período, portanto é importante que aqueles que queiram jantar no Spa no dia da chegada estejam no refeitório até as 19h30. TRANSPORTE Em vez de contratarmos vans, assim como nos anos anteriores optamos por organizar caronas entre os próprios participantes do grupo. Caso tenha interesse em participar do esquema de caronas, não deixe de preencher o espaço correspondente, na ficha de inscrição.
O QUE LEVAR: O Spa Chan Tao está localizado em plena Serra do Japi. É importante levar agasalhos e, para aqueles que desejarem, mantas ou xales para a meditação. Solicitamos usar roupas discretas, que não exponham demasiadamente o corpo, e evitar perfumes fortes). Há almofadas para meditação no local, mas aqueles que quiserem poderão trazê-las também. Repelente, filtro solar, boné ou chapéu (para a meditação caminhando), guarda-chuva e lanterna são ítens importantes.
ROUPA DE CAMA E BANHO: O Spa fornecerá toalhas, lençóis, um edredon e cobertor por participante, mas aqueles que quiserem poderão trazê-los também.
ALIMENTAÇÃO E MEDICAMENTOS A alimentação será ovo-lacto-vegetariana. Infelizmente, não será possível adaptar o cardápio a necessidades individuais. Pedimos àqueles com restrições alimentares que levem sua própria dieta (que deverá, preferencialmente, permanecer vegetariana). No caso de tratamento médico específico, pedimos aos participantes que levem seu próprios medicamentos.
VALORES E CONDIÇÕES DE PAGAMENTO: Apartamento individual (apenas 02 unidades disponíveis): R$420/pessoa Apartamento duplo: R$380/pessoa (poucas unidades disponíveis) Apartamento triplo: R$320/pessoa Apartamento quádruplo: R$270/pessoa Os valores acima incluem o retiro, jantar de sexta-feira, todas as refeições de sábado, e café-da-manhã e almoço de domingo. O total poderá ser parcelado em até 4 pagamentos. Para se inscrever, acesse http://www.viverconsciente.com/retiro2009/ficha_inscr_SP_2009.doc, ou entre em contato através do email sangaplenaconsciencia@gmail.com. Sua inscrição será efetuada após confirmação (ficha de inscrição a ser enviada por email pela Sangha Plena Consciência) da disponibilidade da opção escolhida e pagamento da primeira parcela. As vagas são limitadas.