quinta-feira, 1 de outubro de 2009

O Primeiro Tópico da Plena Consciência: seguir a respiração na vida diária - eliminar a distração e o pensamento desnecessário (Métodos 1-2)

Inspirando, ele sabe que está inspirando; e expirando, ele sabe que está expirando. Inspirando uma respiração longa, ele sabe que "Inspiro uma respiração longa". Expirando uma respiração longa, ele sabe que "Expiro uma respiração longa". Inspirando uma respiração curta, ele sabe que "Inspiro uma respiração curta".
Leia mais...

A maioria dos leitores deste livro não vive em florestas, debaixo de árvores ou em monastérios. Em nossa vida diária, dirigimos carros e esperamos ônibus, trabalhamos em escritórios e fábricas, falamos ao telefone, limpamos nossas casas, preparamos comida, lavamos roupa e assim por diante. Portanto, é muito importante aprendermos a praticar a plena consciência na respiração durante nossa vida diária. Usualmente, quando desempenhamos essas tarefas, nossos pensamentos vagueiam, e nossas alegrias, tristezas e raiva ficam difíceis de seguir de perto. Apesar de estarmos vivos, não conseguimos trazer nossa mente para o momento presente e vivemos no esquecimento.

Podemos começar nos tornando conscientes de nossa respiração, seguindo a nossa respiração. Inspirando e expirando, sabemos que estamos inspirando e expirando, e podemos sorrir para afirmar que somos nós mesmos que estamos no controle de nós mesmos. Através da consciência na respiração, podemos estar despertos no (e para o) momento presente. Ficando atentos, já estabelecemos o "parar", isto é, a concentração da mente. Respirar com plena consciência ajuda nossa mente a vagar menos em pensamentos confusos e sem fim.

A maior parte de nossas atividades diárias pode ser realizada enquanto seguimos a respiração de acordo com as instruções do sutra. Quando nosso trabalho demanda uma atenção especial para evitar confusão ou acidente, podemos unir a plena consciência na respiração com a própria tarefa. Por exemplo, quando estamos carregando uma panela de água fervendo ou fazendo consertos na eletricidade, podemos estar conscientes de cada movimento de nossas mãos e alimentar essa consciência por meio da respiração: "Expiro consciente de que minhas mãos estão carregando uma panela de água fervendo" ou "Inspiro consciente de que minha mão direita está segurando um fio elétrico", ou mesmo "Inspiro consciente de que estou passando por um outro carro. Expiro consciente de que a situação está sob controle". Podemos praticar assim.

Na realidade, não é suficiente combinar a consciência na respiração somente com tarefas que exigem muita atenção. Devemos também combinar a plena consciência de nossa respiração com todos os movimentos de nosso corpo: "Inspiro e estou sentando", "Inspiro limpando a mesa", "Inspiro sorrindo para mim mesmo", "Inspiro acendendo o forno". Parar os pensamentos aleatórios e deixar de viver na distração é um passo gigantesco no sentido da prática da meditação. Podemos realizar essa etapa seguindo nossa respiração e combinando-a com a consciência de nossas atividades diárias.

Há pessoas que não têm paz nem alegria e ficam até alucinadas porque não conseguem parar o pensamento desnecessário. São obrigadas a tomar sedativos para se aquietarem e dormirem, simplesmente para dar sossego aos seus pensamentos. Porém, até mesmo em sonho, continuam sentindo medo, ansiedade e intranqüilidade. Pensar demais pode causar dor de cabeça, empobrecendo o ser espiritual.

Seguindo sua respiração e combinando a respiração consciente com suas atividades diárias, você pode cortar o fluxo de pensamentos perturbadores e derramar a luz do despertar. A plena consciência da expiração e da inspiração é algo maravilhoso que qualquer pessoa pode praticar. Mesmo se você não vive em um monastério ou em um centro de meditação, pode praticar dessa maneira. Combinar a plena consciência da meditação com a plena consciência dos movimentos do corpo durante as atividades diárias - andar, parar, deitar, sentar, trabalhar - é uma prática básica para cultivar a concentração e viver em um estado desperto. Durante os primeiros minutos de meditação sentada, você pode usar este método para harmonizar sua respiração e, se parecer necessário, pode continuar seguindo a respiração com plena consciência durante o período todo.

Um comentário:

  1. Olá, meu nome é Cesar e sou zen-budista praticante da comunidade da monja coen em são paulo e gostaria de deixar registrado o quanto é transformador esta prática tão simples de consciência da respiração, me ajudou muito em minhas meditações e treinos de yoga que faço previamente aos períodos de zazen.

    ResponderExcluir