tag:blogger.com,1999:blog-69009319921980216502024-03-05T03:44:03.432-03:00Sangha Plena Consciência - São PauloGrupo Virtual de Estudos e Práticas Budistas da Tradição do Venerável Mestre Zen Thich Nhat Hanh (Thây)Unknownnoreply@blogger.comBlogger53125tag:blogger.com,1999:blog-6900931992198021650.post-50331397008230825992009-11-28T08:24:00.002-02:002009-11-28T08:35:54.163-02:00Carta do primeiro monge brasileiro - Pháp Giang - na tradição do nosso venerável Thich Nhat Hanhno dia 21 de novembro de 2009 fui ordenado como monge noviço em Plum<br />Village, França, na tradição do ven. Thich Nhat Hanh.<br />A cerimônia foi simples e leve, entremeada por pequenos descuidos que a<br />tornaram mais leve e bem humorada ainda. sei que para os europeus isso<br />soa estranho, por que eles adoram atividades muito formais e sem a<br />presença do acaso, mas para nós, brasileiros, tudo isso é muito bem<br />vindo e me faz sentir mais em casa ainda...<br /><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6900931992198021650#" name="ToggleMore">Leia mais...</a><span class="collapse"><br /><br />Fui ordenado com mais dez amigos (seis homens e quatro mulheres, um do<br />Canadá, dois da França, um estadunidense, dois vietnamitas, uma<br />japonesa, uma holandesa, um alemão e uma chinesa - e eu do Brasil), no<br />mesmo dia, vinte vietnamitas foram ordenados via internet.<br />Thay deu a essa família o nome de Lótus Cor-de-Rosa (já houveram<br />famílias com o nome de Lótus Branca e Lótus Dourada).<br />Essa família tem algumas características especiais, como diversidade de<br />países e a idade (a maioria se situa na faixa dos 30 a 40 anos, um pouco<br />velha para o costume).<br /><br />Apesar dos muitos altos e baixos durante o período de aspirante, estou<br />feliz com a minha escolha. Plum Village ainda é marcadamente européia,<br />norte-americana e asiática, então espero tornar mais estreita a ligação<br />entre Plum Village e o Brasil e a América Latina e enriquecer a<br />diversidade cultural que é a marca dessa tradição.<br />Gostaria de destacar dois fatos que considero sintomáticos:<br /><br />o primeiro foi que o monge responsável pela distribuição das roupas não<br />sabia meu nome e como eu não estava no quarto na hora em que ele trouxe<br />o meu hábito de aspirante, ele apenas escreveu num pedaço de papel<br />"Brazil". Como único brasileiro e latino-americano desta comunidade<br />senti nesse momento o peso da minha escolha e o impacto dessa escolha na<br />vida da comunidade e, talvez, alguma expectativa também deles em relação<br />a mim. Mas, é claro, uma das práticas aqui é não ter expectativas...<br /><br />o segundo foi durante a ordenação, quando Thay pronunciou o meu nome de<br />dharma monástico, Pháp Giang. Para os que não sabem 'Pháp' em<br />sino-vietnamita quer dizer 'Dharma' (e em vietnamita moderno quer dizer<br />França) e 'Giang'(pronuncia-se aproximadamente como Young em inglês, ou<br />iang) significa 'Rio' - ou seja, Rio de Dharma. Para mim foi uma grande<br />e agradável surpresa. Tendo vivido na Amazônia por muitos anos, quando<br />ele disse esse nome, senti o rio Amazonas correr dentro de mim e me<br />senti realmente como um rio. Mas sei que é um desafio ser realmente um<br />rio, como nas metáforas que o Buda usou para expressar algo que a tudo<br />abraça e a tudo transforma.<br /><br />interessante também ver que recebi o meu sanghati, hábito para grandes<br />cerimônias formais, de um monge theravada da tailândia, T. Pittaya, e<br />que agora mora em plum village permanentemente. O ricardo sasaki sabe o<br />quanto tenho apreço pelo budismo theravada e o quanto aprecio que o<br />budismo praticado em plum village tenha uma mistura interessante com<br />essa tradição, então foi com muito bom gosto que recebi de suas mãos.<br /><br />nesse período em que permaneci aspirante aprendi a duras penas a largar<br />minha expectativas em relação a mim e em relação à comunidade e a não<br />tentar pensar demais se serei um bom monge ou mesmo se serei um monge<br />por toda vida...o que importa é o presente e no presente farei o melhor<br />possível para mim e utilizando os elementos da nossa cultura para<br />expressar esse melhor - não posso esquecer, e isso não é possível, que<br />sou um monge cearense, de Quixeramobim, a maior parte de minhas raízes<br />está lá, trago dentro de mim o mandacaru e suas flores, a seca, a<br />caatinga, a esperança de chuva, minha fala nordestina e muitos<br />maneirismos dos meninos do interior do sertão e isso será,<br />provavelmente, minha contribuição à diversidade cultural de Plum<br />Village.<br /><br />Agradeço a todos e todas que torceram por mim, direta ou indiretamente,<br />ou que simplesmente se alegraram por saber que há um pedaço de Brasil<br />nesta grande comunidade.<br /><br />samuel / pháp giang</span>Unknownnoreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-6900931992198021650.post-7991836319669282162009-10-01T16:07:00.000-03:002009-10-01T16:08:09.408-03:00O Primeiro Tópico da Plena Consciência: seguir a respiração na vida diária - eliminar a distração e o pensamento desnecessário (Métodos 1-2)Inspirando, ele sabe que está inspirando; e expirando, ele sabe que está expirando. Inspirando uma respiração longa, ele sabe que "Inspiro uma respiração longa". Expirando uma respiração longa, ele sabe que "Expiro uma respiração longa". Inspirando uma respiração curta, ele sabe que "Inspiro uma respiração curta".<br /><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6900931992198021650#" name="ToggleMore">Leia mais...</a><span class="collapse"><br /><br />A maioria dos leitores deste livro não vive em florestas, debaixo de árvores ou em monastérios. Em nossa vida diária, dirigimos carros e esperamos ônibus, trabalhamos em escritórios e fábricas, falamos ao telefone, limpamos nossas casas, preparamos comida, lavamos roupa e assim por diante. Portanto, é muito importante aprendermos a praticar a plena consciência na respiração durante nossa vida diária. Usualmente, quando desempenhamos essas tarefas, nossos pensamentos vagueiam, e nossas alegrias, tristezas e raiva ficam difíceis de seguir de perto. Apesar de estarmos vivos, não conseguimos trazer nossa mente para o momento presente e vivemos no esquecimento.<br /> <br /> Podemos começar nos tornando conscientes de nossa respiração, seguindo a nossa respiração. Inspirando e expirando, sabemos que estamos inspirando e expirando, e podemos sorrir para afirmar que somos nós mesmos que estamos no controle de nós mesmos. Através da consciência na respiração, podemos estar despertos no (e para o) momento presente. Ficando atentos, já estabelecemos o "parar", isto é, a concentração da mente. Respirar com plena consciência ajuda nossa mente a vagar menos em pensamentos confusos e sem fim.<br /><br /> A maior parte de nossas atividades diárias pode ser realizada enquanto seguimos a respiração de acordo com as instruções do sutra. Quando nosso trabalho demanda uma atenção especial para evitar confusão ou acidente, podemos unir a plena consciência na respiração com a própria tarefa. Por exemplo, quando estamos carregando uma panela de água fervendo ou fazendo consertos na eletricidade, podemos estar conscientes de cada movimento de nossas mãos e alimentar essa consciência por meio da respiração: "Expiro consciente de que minhas mãos estão carregando uma panela de água fervendo" ou "Inspiro consciente de que minha mão direita está segurando um fio elétrico", ou mesmo "Inspiro consciente de que estou passando por um outro carro. Expiro consciente de que a situação está sob controle". Podemos praticar assim.<br /><br /> Na realidade, não é suficiente combinar a consciência na respiração somente com tarefas que exigem muita atenção. Devemos também combinar a plena consciência de nossa respiração com todos os movimentos de nosso corpo: "Inspiro e estou sentando", "Inspiro limpando a mesa", "Inspiro sorrindo para mim mesmo", "Inspiro acendendo o forno". Parar os pensamentos aleatórios e deixar de viver na distração é um passo gigantesco no sentido da prática da meditação. Podemos realizar essa etapa seguindo nossa respiração e combinando-a com a consciência de nossas atividades diárias.<br /><br />Há pessoas que não têm paz nem alegria e ficam até alucinadas porque não conseguem parar o pensamento desnecessário. São obrigadas a tomar sedativos para se aquietarem e dormirem, simplesmente para dar sossego aos seus pensamentos. Porém, até mesmo em sonho, continuam sentindo medo, ansiedade e intranqüilidade. Pensar demais pode causar dor de cabeça, empobrecendo o ser espiritual.<br /><br />Seguindo sua respiração e combinando a respiração consciente com suas atividades diárias, você pode cortar o fluxo de pensamentos perturbadores e derramar a luz do despertar. A plena consciência da expiração e da inspiração é algo maravilhoso que qualquer pessoa pode praticar. Mesmo se você não vive em um monastério ou em um centro de meditação, pode praticar dessa maneira. Combinar a plena consciência da meditação com a plena consciência dos movimentos do corpo durante as atividades diárias - andar, parar, deitar, sentar, trabalhar - é uma prática básica para cultivar a concentração e viver em um estado desperto. Durante os primeiros minutos de meditação sentada, você pode usar este método para harmonizar sua respiração e, se parecer necessário, pode continuar seguindo a respiração com plena consciência durante o período todo.<br /><br /></span>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6900931992198021650.post-69436059836912371062009-10-01T16:02:00.001-03:002009-10-01T16:05:30.566-03:00Respire! Você Está Vivo (seção 2 - continuação texto anterior)"Oh bhikkus, o método de estar plenamente consciente na respiração, se desenvolvido e praticado continuamente, trará grandes recompensas e grandes vantagens. Ele conduzirá ao sucesso na prática dos Quatro Estabelecimentos da Plena Atenção. Se esse Método dos Quatro Estabelecimentos da Plena Atenção for desenvolvido e praticado continuamente, conduzirá ao sucesso na prática dos Sete Fatores do Despertar. Os Sete Fatores do Despertar, se forem desenvolvidos e praticados continuamente, vão fazer brotar a Compreensão e a Liberação da Mente.<br /><br /><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6900931992198021650#" name="ToggleMore">Leia mais...</a><span class="collapse"><br /><br />Qual é o caminho para desenvolver e praticar continuamente o método da Plena Consciência na Respiração, de modo que a prática seja compensadora e ofereça um grande benefício?<br />É assim, bhikkus: o praticante entra na floresta, ou se dirige para o pé de uma árvore, ou para qualquer lugar deserto, senta-se firme na posição de lótus, mantendo o corpo bem ereto. Inspirando, ele sabe que está inspirando; e expirando, ele sabe que está expirando.<br /><br />1) Inspirando uma respiração longa, ele sabe: "inspiro uma respiração longa." Expirando uma respiração longa, ele sabe: "expiro uma respiração longa."<br /><br />2) Inspirando uma respiração curta, ele sabe: "inspiro uma respiração curta." Expirando uma respiração curta, ele sabe, "expiro uma respiração curta."<br /><br />3) "Inspiro consciente de todo o meu corpo. Expiro consciente de todo o meu corpo." É assim que ele pratica.<br /><br />4) "Inspiro, e meu corpo todo está calmo e em paz. Expiro, e meu corpo todo está calmo e em paz." É assim que ele pratica.<br /><br />5) "Inspiro, e me sinto alegre. Expiro, e me sinto alegre."21<br />É assim que ele pratica.<br /><br />6) "Inspiro, e me sinto feliz. Expiro, e me sinto feliz."<br />É assim que ele pratica.<br /><br />7) "Inspiro, consciente das atividades da mente em mim. Expiro, consciente das atividades da mente em mim."<br />É assim que ele pratica.<br /><br />8) "Inspiro, e as atividades da mente estão calmas e em paz em mim. Expiro, e as atividades da mente estão calmas e em paz em mim."<br />É assim que ele pratica.<br /><br />9) "Inspiro, consciente de minha mente. Expiro, consciente de minha mente." É assim que ele pratica.<br /><br />10) "Inspiro, e minha mente está feliz e em paz. Expiro, e minha mente está feliz e em paz." É assim que ele pratica.<br /><br />11) "Inspiro, e minha mente fica concentrada. Expiro, e minha mente fica concentrada." É assim que ele pratica.<br /><br />12) "Inspiro, e libero minha mente. Expiro, e libero minha mente."<br />É assim que ele pratica.<br /><br />13) "Inspiro, e observo a natureza impermanente de todos os darmas. Expiro, e observo a natureza impermanente de todos os darmas."22 É assim que ele pratica.<br /><br />14) "Inspiro, e observo o desaparecer gradual de todos os darmas. Expiro, e observo o desaparecer gradual de todos os darmas."23<br />É assim que ele pratica.<br /><br />15) "Inspiro, e observo a liberação. Expiro, e observo a liberação."<br />É assim que ele pratica.<br /><br />16) "Inspiro, e observo o soltar. Expiro, e observo o soltar."25<br />É assim que ele pratica.<br /><br />A Plena Consciência na Respiração, se desenvolvida e praticada continuamente de acordo com estas instruções, traz compensações e um grande benefício."<br /><br />21 Alegria e Felicidade: A palavra piti é usualmente traduzida como "alegria" e a palavra sukka, "felicidade". O exemplo a seguir geralmente é usado para comparar piti com sukka: alguém viajando no deserto vê um regato de água fria e experimenta piti (alegria), e ao beber a água experimenta sukka (felicidade).<br /><br />22Darmas: coisas, fenômenos<br /><br />23Desaparecimento gradual (viraga): um desaparecimento gradual da cor e do gosto de cada darma, e sua dissolução aos poucos, é ao mesmo tempo um desvanecer e dissolução gradual da cor e do sabor do desejo. Viraga é, portanto, o desaparecimento de ambos, cor e apego.<br /><br />24Liberação ou emancipação aqui significa pôr um fim às raízes da aflição e das tristezas, transformando-as.<br /><br />25Desistir, ou renunciar, aqui significa abandonar tudo que é ilusório e vazio de substância.<br /></span>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6900931992198021650.post-55161809848672581152009-10-01T15:59:00.000-03:002009-10-01T16:01:53.875-03:00Respire! Você Está VivoO Sutra sobre a Plena Consciência na Respiração<br /><br />Seção 1 - Eu ouvi essas palavras do Buda certa vez, quando ele estava em Savatthi¹ no Eastern Park com muitos discípulos conhecidos e realizados, inclusive Sariputta, Mahamoggallana, Mahakassapa, Mahakaccayana, Mahakotthita, Mahakappina, Mahacunda, Anuruddha, Rewata e Ananda. Na comunidade, os bhikkus² seniores diligentemente instruíam os bhikkus novos na prática - alguns instruíam dez estudantes, outros, uns trinta e alguns, quarenta; e dessa maneira os bhikkus novatos na prática foram aos poucos conseguindo grande progresso. Naquela noite a lua estava cheia e a Cerimônia de Pavarana³ foi realizada para marcar o fim do retiro da estação das chuvas. O Senhor Buda, o Desperto, estava sentado ao ar livre com os discípulos reunidos em torno dele. Depois de olhar pausadamente para a assembléia, começou a falar:<br /><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6900931992198021650#" name="ToggleMore">Leia mais...</a><span class="collapse"><br /><br /> "Oh bhikkus, é um prazer constatar os frutos que alcançaram com suas práticas. E sei que ainda podem fazer mais progresso. O que vocês ainda não alcançaram, podem alcançar. O que ainda não realizaram, podem realizar perfeitamente. [Para encorajar seus esforços] ficarei aqui até a próxima lua cheia4".<br /> Quando ouviram que o Senhor Buda ia ficar em Savatthi por mais um mês, os bhikkus de todo o país começaram a se dirigir para lá a fim de estudarem com ele. Os bhikkus seniores continuaram a ensinar os bhikkus novatos a praticarem com mais determinação. Alguns estavam instruindo dez discípulos, outros vinte, outros trinta e alguns quarenta. Com essa ajuda, os bhikkus mais novos, pouco a pouco, continuaram progredindo no conhecimento.<br /> Quando o dia da próxima lua cheia chegou, o Buda, sentado a céu aberto, olhou para a assembléia de bhikkus e começou a falar:<br /> "Oh bhikkus, nossa comunidade é pura e boa. Em seu coração não existe conversa inútil e pretensiosa, e, portanto, merece receber oferendas e ser considerada um campo de mérito5. Uma comunidade assim é rara, e qualquer peregrino que a esteja procurando, não importa quanto tenha de viajar, vai descobrir que valeu a pena.<br /> Nesta assembléia existem bhikkus que já realizaram o fruto do estado de Arahat6, destruíram todas as raízes da aflição7, largaram todos os fardos e alcançaram compreensão correta e emancipação. Há também bhikkus que já eliminaram as cinco primeiras formações internas8 e realizaram a condição de nunca mais passar pelo ciclo de nascimento e morte9.<br /> Existem aqueles que abandonaram as três primeiras formações internas e realizaram o fruto de retornar mais uma vez10. Eliminaram as raízes da cobiça, do ódio e da ignorância, e só precisam voltar para o ciclo de nascimento e morte mais uma vez. Existem os que eliminaram as três formações internas e realizaram o fruto daquele que entra no fluxo11, dirigindo-se firmemente para o Estado Desperto. Existem os que praticam os Quatro Estabelecimentos da Plena Atenção12. Exitem aqueles que praticam os Quatro Esforços Corretos13 e os que praticam as Quatro Bases do Sucesso14. Existem os que praticam as Cinco Faculdades15, os que praticam os Cinco Poderes16, aqueles que praticam os Sete Fatores do Despertar17, os que praticam o Caminho Óctuplo18. Existem os que praticam a bondade amorosa, os que praticam a compaixão, aqueles que praticam a alegria e aqueles que praticam a equanimidade19. Existem os que praticam as Nove Contemplações20 e os que praticam a Observação da Impermanência. Existem também bhikkus que já praticam a plena consciência na respiração".<br /><br />Notas:<br />¹Savatthi: a capital do reino de Kosala, que fica cerca de 75 milhas a oeste de Kapilavatthu (sânscrito: Sravasti e Kapilavastu).<br /><br />²Bhikku: monge<br /><br />³A cerimônia de Pavarana era realizada no fim de cada retiro da estação das chuvas, o retiro anual de três meses para monges budistas. Durante a cerimônia, cada monge presente convidava a assembléia para apontar as fraquezas que ele havia demonstrado durante o retiro. A lua cheia marcava o fim do mês lunar. Normalmente, o Pavarana era realizado no fim do mês de Assayuja (mais ou menos em outubro), porém durante o ano em que esse sutra foi ensinado o Buda estendeu o retiro para quatro meses e a cerimônia foi realizada no fim do mês de Kattika (em torno de novembro).<br /><br />4O dia da lua cheia do quarto mês de retiro (Kattika) chamado Komudi, ou dia do Lótus Branco, assim chamado porque komuda é uma espécie de lótus branco que floresce no fim do Outono.<br /><br />5Campo de mérito: apoiar uma comunidade boa, como plantar sementes em um solo fértil, é um bom investimento.<br /><br />6Arahat (sânscrito: Arhat): a mais elevada realização de acordo com as tradições do budismo primitivo. Arahat significa digno, merecedor de respeito. Um Arahat é alguém que arrancou as raízes de todas as causas da aflição e não está mais sujeito ao ciclo de nascimento e morte.<br /><br />7Raiz da Aflição (sânscrito: klesa; pali: klesa). As cordas que escravizam a mente, como: cobiça, raiva, ignorância, desdém, suspeita e visões errôneas. É o equivalente a Asava (pali): sofrimento, dor, venenos da mente, causas que nos sujeitam a nascimento e morte, como apego, visões errôneas, ignorância.<br /><br />8Isto é, as cinco primeiras das Dez Formações Internas (sânscrito: Samyojana): (1) apanhado na visão errônea do self, (2) hesitação, (3) apanhado em proibições e rituais supersticiosos, (4) apego, (5) ódio e raiva, (6) desejo dos mundos da forma, (7) desejo dos mundos do sem forma, (8) orgulho, (9) agitação e (10) ignorância. Esses são os nós que nos amarram e mantêm prisioneiros de nossa situação mundana. No Mahayana, as Dez Formações Internas são relacionadas na seguinte ordem: desejo, ódio, ignorância, orgulho, hesitação, crença em um self real, visões extremas, visões errôneas, visões pervertidas, visões advogando proibições desnecessárias. As cinco primeiras são chamadas "obscuras" e as cinco últimas, "aguçadas".<br /><br />9Fruto do Nunca Retornar (Anagami-phala): o fruto, ou realização, se refere somente ao fruto da condição de Arahat. Os que realizam o Fruto do Nunca Retornar não voltam depois dessa vida para o ciclo de nascimento e morte.<br /><br />10Fruto de Retornar Mais Uma Vez (Sakadagami-phala): o fruto, ou realização, logo abaixo do Fruto do Nunca Retornar. Aqueles que realizam o Fruto de Retornar Mais Uma Vez voltarão para o ciclo de nascimento e morte apenas mais uma vez.<br /><br />11O Fruto do Que Entra na Corrente (Sotapatti-phala): o quarto fruto mais elevado, ou realização. Os que alcançam o Fruto do Que Entra na Corrente são considerados como tendo entrado no Fluxo da Mente Desperta, que sempre flui para dentro do Oceano da Emancipação.<br /><br />12Os Quatro Estabelecimentos da Plena Atenção (Satipatthana): (1) consciência do corpo no corpo, (2) consciência dos sentimentos nos sentimentos, (3) consciência da mente na mente, (4) consciência dos objetos da mente nos objetos da mente. Para mais explicações, veja Transformation and Healing: The Sutra on the Four Establishments of Mindfulness, Thich Nhat Hanh (Berkeley: Parallax Press, 1990).<br /><br />13Quatro Esforços Corretos (pali: padhana): (1) não permitir que surja qualquer ocasião de ação maléfica, (2) uma vez que surja, encontrar os meios para liquidá-la, (3) fazer a ação correta surgir quando ainda não surgiu, (4) encontrar a maneira de desenvolver a ação correta e, depois que surgir, torná-la duradoura.<br /><br />14Quatro Bases de Sucesso (iddhi-pada). quatro caminhos que levam à realização de uma mente forte: diligência, energia, plena consciência e penetração.<br /><br />15Cinco Faculdades (indriyana): cinco capacidades, ou habilidades: (1) confiança, (2) energia, (3) estabilidade meditativa, (4) concentração meditativa, e (5) compreensão verdadeira.<br /><br />16Cinco Poderes (bala): o mesmo que as Cinco Faculdades, mas vistos mais como forças do que habilidades.<br /><br />17Sete Fatores do Despertar (bojjhanga): (1) plena atenção, (2) investigação dos darmas, (3) energia, (4) alegria, (5) tranqüilidade, (6) concentração, (7) soltar. Estes são discutidos na Seção Quatro do sutra.<br /><br />18O Nobre Caminho Óctuplo (atthangika-magga): a maneira correta de praticar contém oito elementos: (1) Visão Correta, (2) Intenção Correta, (3) Fala Correta, (4) Ação Correta, (5) Maneira de Viver Correta, (6) Esforço Correto no caminho, (7) Consciência Correta, (8) Concentração Meditativa Correta.<br /><br />As práticas acima, dos Quatro Estabelecimentos da Plena Consciência até o Nobre Caminho Óctuplo, num total de 37, são chamadas bodhipakkhiya dhamma, os Componentes do Despertar.<br /><br />19Bondade amorosa, compaixão, alegria e equanimidade (brama-vhiara): quatro estados da mente belos e preciosos que não estão sujeitos a nenhuma limitação, e são geralmente chamados de Quatro Meditações Sem Limites. Bondade amorosa é dar alegria. Compaixão é remover o sofrimento. Alegria é felicidade e alegria na alegria dos outros. Equanimidade é renúncia, sem calcular ganho ou perda, sem apego a crenças tais como a verdade, sem raiva nem tristeza.<br /><br />20Nove Contemplações: a prática da contemplação sobre os nove estágios de desintegração de um cadáver, do momento em que ele começa a inchar até se tornar pó.<br /></span><br /><span class="collapse">Respire! Você Está VivoThich Nhat HanhEditora Vozes<br /><br /></span><span class="collapse"></span>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6900931992198021650.post-72406729609878693802009-09-13T22:06:00.002-03:002009-09-13T22:19:37.587-03:00Nosso retiro foi um sucesso<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjTpgstpkEJbvc1E0sVTzY93c_H4ZRXF6Fa-0XsbWDDEsvzEkskG5HyyGVSqC5iLDQoFwDpqiOT_jYI_OTuHpjBSZSvJhbcm7xryZBYSQ1920OX_t_s1D7JX67DEx_fdBoWKPUnb3MOFS4U/s1600-h/2009_06100057.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5381126463625676514" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 240px" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjTpgstpkEJbvc1E0sVTzY93c_H4ZRXF6Fa-0XsbWDDEsvzEkskG5HyyGVSqC5iLDQoFwDpqiOT_jYI_OTuHpjBSZSvJhbcm7xryZBYSQ1920OX_t_s1D7JX67DEx_fdBoWKPUnb3MOFS4U/s320/2009_06100057.JPG" border="0" /></a><br /><div>Queridos amigos,</div><br /><div>Encerrado hoje, o retiro de plena consciência, com os monges António e Michel, de Plum Village, foi um sucesso. Realizado no Spa Ch'An Tao, em Jundiaí, na serra do Japi, em meio a muita natureza, paisagem exuberante, sol, pássaros e esquilos, pudemos receber os ensinamentos e as práticas conduzidas pelos queridos monges, dentre as quais meditação sentada, ensinamentos do Dharma, meditação andando, refeições em plena consciência, dentre outras.</div><br /><div>Muito obrigado a todos que participaram, organizaram e tornaram possível esse 3o. Retiro da Sangha Plena Consciência.<br /><span class="collapse"></div></span>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6900931992198021650.post-71735070032334934542009-09-08T14:01:00.002-03:002009-09-08T14:06:44.251-03:00Palestra com os Monges Pháp Nhan e Pháp Uyen - Nesta Quarta e Quinta-FeiraNesta <strong>quarta e quinta-feira</strong>, a partir das 19:00h, estaremos recebendo os monges Pháp Nhan e Pháp Uyen, Mestres da Ordem Interser, do Monastério de Plum Village, França, da tradição do nosso querido e venerável mestre Thich Nhat Hanh, para palestras que acontecerão na FNAC - Pinheiros. A entrada é gratuita.<br />Contamos com sua presença! Leve seus amigos e familiares.<br />Sangha Plena Consciência - São Paulo<br /><br /><span class="collapse"><br /><br /><br /></span><span class="collapse"></span>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6900931992198021650.post-76731246982376483242009-08-24T18:05:00.003-03:002009-08-24T18:10:23.039-03:00Carta do Thây em recuperação no Hospital de BostonBoston, 21 de agosto de 2009<br />Queridos amigos e co-praticantes do retiro “Um Buda não é suficiente”Estes Park, Co.<br />Meus queridos amigos,Estou escrevendo para vocês do Massachusetts General Hospital em Boston. Soube que a Sangha se manifestou hoje em Estes Park. Eu sinto falta do retiro. Eu sinto falta do bonito arranjo do retiro. Especialmente, eu sinto falta da Sangha, e sinto falta de vocês.Eu aprecio sentar com a Sangha, andar com a Sangha, respirar com a Sangha. A alegria de estar juntos, compartilhando o Dharma e a prática juntos é sempre muito nutritiva e curadora.Mas eu não sofro, porque sei que estou tomando conta de mim mesmo. E tomar conta de mim mesmo é tomar conta de vocês. Os médicos aqui decidiram que eu deveria ficar 14 dias internado para tratamento de uma infecção no pulmão por Pseudomonas aeruginosa. Por favor, não se preocupem. É apenas uma infecção. Mas tem que ser tratada corretamente. Meus rins, meu pulmão, meu coração, meu sistema digestivo todos funcionam bem. Estou sendo medicado com dois fortes antibióticos, com injeções intra-venosas diariamente. E os clínicos aqui estão monitorando de perto o processo de tratamento. Me permitem sair do hospital para o parque próximo uma hora por dia para fazer meditação caminhando.Há quase 1.000 de nós agora praticando juntos no retiro de Estes Park. Deve ser alegre. Estou confiante que nossos muitos professores de Dharma, leigos e monásticos, estão conduzindo o retiro da melhor maneira que podem.Queridos amigos, se vocês olharem em profundidade, me verão no retiro, andando com vocês, sentando com vocês, respirando com vocês. Eu sinto claramente que estou em vocês e vocês estão em mim. Neste retiro, vocês testemunharão o talento da Sangha: vocês verão que Thay já continua pela Sangha, e a presença da Sangha carrega a presença do Thay. Por favor, deixe-me caminhar com seus pés fortes, respirar com seus pulmões saudáveis e sorrir com seus bonitos sorrisos.Terminamos um maravilhoso e alegre retiro no Stone Hill College no estado de Massachusetts antes de Thay ir para o hospital para um check-up. Os médicos disseram que não deveríamos adiar o tratamento. Portanto Thay está fazendo seu melhor por vocês e vocês estão fazendo seu melhor por Thay. Deste modo podemos ainda desfrutar estarmos juntos. Por favor, desfrutem do retiro por mim, e levem para casa um conjunto de palestras de Dharma proferidas no retiro de Stone Hill, especialmente a última.Espero escrever para vocês novamente em alguns dias, antes do final do retiro.<br />Nhat Hanh<br /><span class="collapse"><span style="font-size:85%;">(Tradução gentilmente feita pelo irmão de dharma Leonardo Dobbin - Sangha Viver Consciente - RJ)<br /></span><br /><br /><br /></span><span class="collapse"></span><span class="collapse"></span>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6900931992198021650.post-33669186935967157622009-08-24T17:55:00.003-03:002009-08-24T18:30:17.645-03:00Palestras e Retiro - São Paulo - Setembro 2009<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtyJ0kOTwNb8wqVVb5iNMWUrTUuEAcgbwGN0d41_oBUTbPP2XAjxA0DCSBaw-vD4B2RDe_HIRi2GHZoGFzSwLH-UylFy3UpBitJ7ZCAytT_Q_KzP2PBlC4dwr9f6yyiq58-4tycoRbVJp1/s1600-h/conviteSP.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5373637048519851458" style="FLOAT: right; MARGIN: 0px 0px 10px 10px; WIDTH: 190px; CURSOR: hand; HEIGHT: 320px" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtyJ0kOTwNb8wqVVb5iNMWUrTUuEAcgbwGN0d41_oBUTbPP2XAjxA0DCSBaw-vD4B2RDe_HIRi2GHZoGFzSwLH-UylFy3UpBitJ7ZCAytT_Q_KzP2PBlC4dwr9f6yyiq58-4tycoRbVJp1/s320/conviteSP.jpg" border="0" /></a><br /><div>Em setembro, palestras e retiro com os monges Phap Nhan e Phap Uyen, do monastério Plum Village - França - da tradição do Venerável Mestre Thich Nhat Hanh.</div><div></div><div>Agende: 9 e 10 de setembro, a partir das 19:00h na FNAC - Pinheiros - palestras gratuitas abertas ao público, com os temas Psicologia Budista e Prática da Plena Consciência na Vida Contemporânea.</div><div></div><div>Dias 11, 12 e 13 - retiro no Spa Ch'An Tao - Jundiai - restam pouquíssimas vagas - informações e reservas através do email <a href="mailto:sangaplenaconsciencia@gmail.com">sangaplenaconsciencia@gmail.com</a><br /><br /><span class="collapse"></div></span>Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6900931992198021650.post-80770098542803873942009-07-16T21:26:00.003-03:002009-07-16T21:33:22.974-03:00CARTA da Irmã Chan Khong:Plum Village, 12 de Julho de 2009Caros amigos próximos e distantes da Ordem do Interser (OI),A irmã Chan Khong acaba de fazer um apelo urgente a todos os membros e amigos da Ordem do Interser para ajudarem a levar apoio ao Mosteiro Bat Nha. Vamos mantê-los atualizados com mais informações que, no momento, estão sendo traduzidas. Por favor, informem outras pessoas e peçam ajuda a todos que possam ter alguma influência política ou na mídia. Por favor, leiam esta carta e pratiquem profundamente nos próximos dias para enviarmos nossa energia a nossos jovens irmãos e irmãs. Nós criamos um blog para ser um ponto central de comunicação e intercâmbio de idéias sobre como podemos praticar e ajudar nessa situação. Pedimos aos amigos com bons conhecimentos sobre a internet que nos ajudem a levantar idéias sobre como podemos espalhar as notícias e conseguir apoio. O blogue é <a href="http://www.helpbatnha.org/" target="_blank">http://www.helpbatnha.org/</a>. Um lótus para você, um Buda é você,Irmão Phap Dung (Tradução: Renta Collaço (Sangha do Rio).<br /><br /><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6900931992198021650#" name="ToggleMore">Leia mais...</a><span class="collapse"><br />CARTA da Irmã Chan Khong:Plum Village, 12 de Julho de 2009 Caros Irmãos e Irmãs da Ordem do Interser no Vietnã e em todo o mundo,Os 400 monges e monjas do Mosteiro Bat Nha precisam muito de suas orações e de sua ajuda. A sangha de Plum Village está fazendo um apelo a todos os membros da Ordem do Interser para que organizem suas sanghas para se sentarem e invocarem o nome do Bodisatva da Compaixão, Quan The Am, e enviarem sua energia de paz e calma para nossos 400 jovens Irmãos e Irmãs no Mosteiro Bat Nha. Os monges e monjas que lá estão têm sido privados de água e de eletricidade há 15 dias – pressão de monges e habitantes locais com o apoio do governo local e de pessoas mal informadas.Nós pedimos a cada um que também se sente a sós em profunda reflexão, para enviar a energia da compaixão para essas 400 jovens almas e para pedir aos nossos ancestrais e aos Bodisatvas que nos ajudem a dar um passo adiante na compreensão da situação; e, a partir desse estado de compaixão, seremos levados à ação e encontraremos formas de ajudar. Nós podemos contactar funcionários dos nossos governos e pessoas de influência do nosso conhecimento e pedir a sua ajuda. Nós precisamos trazer esse lamentável evento à luz internacional, compartilhando-o com as comunidades que zelam pelos direitos humanos. Com a atenção internacional, nossos irmãos e irmãs ao menos estarão protegidos, e nós podemos exigir que o governo Vietnamita tome uma providência e trate da situação segundo as leis internacionais de direitos humanos. Esses 400 jovens monges e monjas não fizeram nada de errado, no entanto, seu direito humano básico à água lhes foi agora retirado, afetando a sua saúde e o seu bem estar.Precisamos agora que todos os membros da Ordem do Interser entrem em ação e façam o que puderem para pedir atenção e ajuda para os nossos irmãos e irmãs cujos direitos humanos estão claramente sendo violados há mais de 15 dias. Por favor, usem sua energia criativa e compassiva para organizar um esforço coletivo para levar ajuda ao Mosteiro Bat Nha – sentem-se e meditem coletivamente, coletem assinaturas ou enviem cartas para os funcionários de nossos governos. O nível de tensão aumentou e, aparentemente, o governo local não restabeleceu o fornecimento de água. Os irmãos e irmãs são ameaçados de ataque e por isso têm medo de sair do mosteiro. A Maha Sangha está chamando. Este é um Sino de Plena Atenção. Por favor, ajudem! “Que nós extinguamos todas as aflições para que a compreensão possa emergir,os obstáculos das ações nocivas sejam dissolvidos,e o fruto do despertar seja plenamente realizado.”Homenagem ao Bodisatva que alivia o sofrimento, Avalokiteshvara.Irmã Chan Khong </span><br /><span class="collapse">PS: Depois que nós enviamos uma carta ao Ministro do Departamento de Polícia, a polícia saiu do mosteiro, mas ainda permitiu que os assediadores permanecessem no terreno do mosteiro e cortassem a tubulação que fornecia água à habitação das monjas. Nos últimos dois dias, as monjas contrataram um grupo para cavar um novo poço, mas os assediadores chamaram a polícia. Eles vieram e interromperam a escavação, alegando se tratar do terreno do mosteiro, que não permite a escavação de poços. Nós protestamos - o dinheiro (17 milhões de dongs vietnamitas = 1 milhão de dólares americanos) doado para o mosteiro pelos nossos amigos leigos, locais e estrangeiros, não é suficiente para pagar por esse pedaço de chão para cavar um poço? Como é possível que vocês, como Cong An, que literalmente significa “oficiais para a paz pública”, tenham permitido que assediadores com facas nas mãos cortassem uma tubulação de água instalada que fornecia água para as monjas e não permitam que essas 210 monjas sedentas cavem um poço para sua sobrevivência e saúde!<br /></span><span class="collapse"></span>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6900931992198021650.post-7235777993820152042009-07-15T13:53:00.001-03:002009-07-15T13:55:36.962-03:00Petição ao Consulado do Vietnã nos EUA - Ajuda Urgente aos Monges e Monjas do Monastério da Bat Nha - VietnãASSINE!! Petição ao Consulado do Vietnã nos EUA - Ajuda Urgente aos Monges e Monjas do Monastério de Bat Nha, Vietnã.<br />Carta redigida pela Ordem do Interser, ligada à Comunidade do Venerável Mestre Zen-Vietnamita Thich Nhat Hanh<br /><br />Querida Comunidade,<br />Por favor, ajude-nos a assinar esta petição ao Governo Vietnamita, a ser enviada ao Consulado do Vietnã em São Francisco (EUA). Por favor, peça aos amigos e entes queridos para participarem também. A petição será enviada em 21 de julho de 2009.<br /><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6900931992198021650#" name="ToggleMore">Leia mais...</a><span class="collapse"><br /><br />12 de julho de 2009<br />Sr. Le Quoc Hung, Cônsul Geral<br />Consulado Geral do Vietnã em São Francisco, EUA1700 California St, Suite 430 San Francisco, CA 94109<br />Telefone: (415)922-1707 (415)922-1577<br />Fax: (415)922-1848 (415)922-1757Email: <a href="http://mailhide.recaptcha.net/d?k=01ZyrSXs-rnDP7RZsSj482wQ==&c=CO0jOLHbkVHu4cXCm1SjIn8WD5_5RUVHLysSYbR_d-I=" target="_blank">info@vietnamconsulate-sf.org</a><br />RE: URGENTE Solicitação para que o Governo Central do Vietnã tome medidas para aliviar a tensão sofrida pelos residentes do Monastério Bat Nha, na Província de Lam Dong, Vietnã.<br />Honorável Cônsul Geral,Respeitados Líderes do Governo Vietnamita,Prezadas Comissões de Relações Religiosas do Vietnã,<br />O objetivo desta carta de hoje é chamar atenção imediata para uma crise que se agrava cada vez mais no Vietnã e clamar pela intervenção do governo para que proteja jovens cidadãos pacifistas do Vietnã, que hoje habitam o Monastério Bat Nha, na Província de Lam Dong. Um grupo de 400 jovens monges e monjas vive no monastério há quatro anos. São continuamente importunados por monges e habitantes das aldeias locais e enfrentam a inércia e o descaso de dirigentes do governo. Esses jovens monásticos têm sido privados de suas necessidades humanas mais básicas, como acesso a alimentos e água, já há duas semanas. Além de não se resolver sozinha, esta situação torna-se cada vez mais grave. Muitas dessas violações e incidentes diários são testemunhados, documentados e denunciados em primeira mão ao público em geral por simpatizantes locais. Todos os relatos podem ser lidos em <a href="http://www.phusaonline.free.fr/" target="_blank">www.phusaonline.free.fr</a> e em outros sites da internet.<br />Suplicamos ao Governo do Vietnã, com a maior veemência possível, que intervenha e garanta que esta comunidade possa viver em paz, com os direitos assegurados por lei aos cidadãos vietnamitas, e que tenha acesso seguro a alimentos, água, eletricidade, ou seja, a direitos humanos básicos.<br />Desde 2005, estes 400 monges e monjas vivem no Monastério Bat Nha (Hamlet 13, Dambri Village, Bao Loc District), na Província de Lam Dong. Investiram energia e recursos consideráveis (mais de US$ 1 milhão) para melhorar a região próxima ao monastério e a comunidade local. Não constituem um corpo político e sua única intenção é praticar a plena consciência e servir aos demais.<br />Recentemente, a água e as linhas de comunicação do monastério foram cortadas e os 400 monásticos que vivem ali vêm sendo importunados. Quando se tentou instalar um poço de água, os trabalhadores foram ameaçados e o projeto, abandonado. O nível de tensão aumenta e os monges e monjas vêm sendo ameaçados de ataques. Alguns sentem tanto medo que nem conseguem sair do monastério em busca de água ou alimentos. A polícia local continua sem intervir para restaurar a paz. Além disso, as linhas de telefone e internet também foram cortadas. Mais detalhes da situação podem ser encontrados no link <a href="http://helpbatnha.org/" target="_blank">http://helpbatnha.org</a> - um website mantido por pessoas do mundo todo, em busca de apoio ao monastério.<br />É fundamental que o governo do Vietnã interfira e lide com a situação no âmbito da Legislação Internacional dos Direitos Humanos. Esses 400 jovens monges e monjas não fizeram nada errado e, no entanto, estão privados de direitos humanos básicos, com sua saúde e bem-estar prejudicados.<br />Esta não é uma questão política ou religiosa — é uma questão de direitos humanos.<br />Os monges e monjas são filhos e filhas do Vietnã. Merecem proteção de seu governo e liberdade para que suas necessidades humanas básicas sejam atendidas em paz e segurança. Sabemos que você concorda conosco ao dizermos que cabe a todo governo garantir tais direitos a seu povo.<br />Pedimos sua ação imediata para ajudar a resolver esta situação.<br />Precisamos de ajuda urgente.<br />Atenciosamente,A Comunidade Internacional da Ordem do Interser<br />NOTA: Esta é uma tradução para o português da petição em inglês elaborada pela Ordem do Interser (tradição do mestre zen-vietnamita Thich Nhat Hanh).<br />A petição pode ser assinada por qualquer pessoa. Para assiná-la, acesse o link abaixo.<br /><a href="http://helpbatnha.org/2009/07/petition-letter-to-the-vietnamese-consulate/" target="_blank">http://helpbatnha.org/2009/07/petition-letter-to-the-vietnamese-consulate/</a><br />Paz e Gratidão <br />Paz a Cada Passo<br />Sangha Plena Consciência<br /></span><span class="collapse"></span>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6900931992198021650.post-2732150642982797092009-07-13T19:03:00.003-03:002009-07-13T19:06:45.006-03:00Retiro com Monges de Plum Village em São Paulo - Restam poucas vagasQueridos amigos,<br /><br />Estamos muito felizes com a realização do nosso 3o. Retiro em São Paulo, com monges da tradição do nosso venerável mestre Thich Nhat Hanh, que acontecerá nos dias 11 e 12 de setembro deste ano.<br /><br />Maiores informações poderão ser obtidas através do email <a href="mailto:sangaplenaconsciencia@gmail.com">sangaplenaconsciencia@gmail.com</a><br /><br /><span class="collapse"><br /><br /></span><span class="collapse"></span>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6900931992198021650.post-33750240764333338122009-07-13T18:57:00.001-03:002009-07-13T18:59:19.118-03:00Comendo uma LaranjaConto para Crianças - Thich Nhat Hanh (do Livro "A Pebble for your Pocket)<br /><br /><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6900931992198021650#" name="ToggleMore">Leia mais...</a><span class="collapse"><br /><br />COMENDO UMA LARANJA<br /><br />Thich Nhat Hanh<br />Do livro "A Pebble for Your Pocket" <br />Contos para Crianças, sem tradução para o português<br /><br />Ao olhar profundamente para uma laranja, você percebe que ela - ou qualquer fruta - não é nada mais do que um milagre. Experimente: pegue uma laranja e segure-a na palma das mãos. Inspire e expire lentamente, e olhe para ela como se a visse pela primeira vez.<br /><br />Ao olhar para a laranja profundamente, você conseguirá ver muitas coisas maravilhosas - o sol brilhando e a chuva pousando sobre a laranjeira, as flores da laranja, a minúscula fruta surgindo nos galhos, e a cor da laranja passando do verde para o amarelo, até tornar-se totalmente laranja. Agora, comece a descascá-la, bem devagarinho. Sinta o maravilhoso aroma da casca. Reparta um dos gomos e leve-o à boca. Sinta o sabor do maravilhoso sumo.<br /><br />A laranjeira levou três, quatro ou até seis meses para produzir essa laranja para você. É um milagre. Agora a laranja está pronta, e lhe diz, "Estou aqui, para você". Porém, se você não estiver presente, não escutará nada. Se não olhar para a laranja no momento presente, então a laranja também não estará presente.<br /><br />Estar plenamente presente ao comer uma laranja, tomar um sorvete ou consumir qualquer outro alimento é uma experiência maravilhosa - deliciosa!</span><br /><p><span class="collapse"> </p><br /><br /></span>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6900931992198021650.post-26625897392138003322009-07-13T18:38:00.005-03:002009-07-13T18:51:26.562-03:00Os Cinco Treinamentos da Plena ConsciênciaNa prática desse último domingo, tivemos a oportunidade de relembrar os Cinco Treinamentos da Plena Consciência. A leitura e troca de experiências sobre esses ensinamentos deve ser periódica em nossos encontros, pois aqui se encontra um dos mais ricos tesouros dos ensinamentos budista. Compartilhem e pratiquem conosco!<br /><br /><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6900931992198021650#" name="ToggleMore">Leia mais...</a><span class="collapse"><br />Primeiro Treinamento - Consciente do sofrimento causado pela destruição da vida, eu me comprometo a cultivar a solidariedade e a aprender maneiras de proteger a vida das pessoas, animais, plantas e minerais. Estou determinado a não matar, a não deixar que outros matem e a não tolerar qualquer ato de matança no mundo, no meu pensamento e no meio modo de vida. Segundo Treinamento - Consciente do sofrimento causado pela exploração, pela injustiça social, pelo roubo e pela opressão, eu me comprometo a cultivar a gentileza amorosa e a aprender maneiras de trabalhar pelo bem estar das pessoas, animais plantas e minerais. Praticarei a generosidade, compartilhando meu tempo, minha energia e meus recursos materiais com aqueles que realmente precisam. Estou determinado a não roubar e a não me apossar de nada que pertença, porventura, a outros. Respeitarei a propriedade alheia, mas impedirei que outros lucrem com o sofrimento humano ou com o sofrimento de outras espécies sobre a terra. Terceiro Treinamento - Consciente do sofrimento causado pela má conduta sexual, eu me comprometo a cultivar a responsabilidade e a aprender maneiras de proteger a integridade dos indivíduos, dos casais, das famílias e da sociedade. Estou determinado a não me engajar em relações sexuais sem amor e sem compromisso duradouro. Para preservar a minha felicidade e a dos outros, estou determinado a respeitar os meus compromissos e os compromissos dos outros. Farei tudo o que estiver ao meu alcance para proteger as crianças do abuso sexual e para impedir que casais e famílias sejam desfeitos pela má conduta sexual. Quarto Treinamento - Consciente do sofrimento causado pelas palavras descuidadas e pela incapacidade de ouvir os outros, eu me comprometo a cultivar a fala amável e a escuta profunda para levar alegria e felicidade aos outros e aliviá-los em seu sofrimento. Estou determinado a falar a verdade, com palavras que inspirem autoconfiança, alegria e esperança. Não divulgarei notícias que não tenham fundamento seguro e nem criticarei ou condenarei aquilo de que não tenha certeza. Evitarei pronunciar palavras que possam causar divisão ou discórdia, que possam desagregar a família ou a comunidade. Estou determinado a fazer todos os esforços possíveis para reconciliar e resolver todos os conflitos, por menores que sejam. Quinto Treinamento - Consciente do sofrimento causado pelo consumo irresponsável, eu me comprometo a cultivar a boa saúde, tanto física quanto mental, para mim, minha família e minha sociedade, praticando a alimentação, a ingestão de líquidos e o consumo com plena consciência. Somente ingerirei itens que preservem a paz, o bem estar e a alegria no meu corpo, na minha consciência e no corpo coletivo e na consciência da minha família e da minha sociedade. Estou determinado a não usar álcool, ou qualquer tóxico ou consumir alimentos ou outros itens que contenham toxinas, como certos programas de TV, revistas, livros, filmes e conversas. Estou consciente de que prejudicar o meu corpo ou minha consciência com esses venenos é trair meus ancestrais, meus pais, minha sociedade e as gerações futuras. Trabalharei para transformar a violência, o medo, a ira e a confusão que existem dentro de mim e na sociedade, mediante uma dieta para mim mesmo e para a sociedade. Entendo que uma dieta apropriada seja crucial para autotransformação e para a transformação da sociedade.</span>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6900931992198021650.post-42155077191666866682009-07-13T18:32:00.002-03:002009-07-13T18:38:00.029-03:00As Cinco Contemplações (Thich Nhat Hanh)Nas nossas práticas, antes de compartilharmos o chá com a sangha, lemos o ensinamento do Thây chamado "As Cinco Contemplações". Ele nos ajuda a refletir sobre a importância dos alimentos e a gratidão que devemos ter por todos aqueles que permitiram e o tornaram possível, nos trazendo à consciência a importância de uma alimentação sadia e consciente. Desfrutem conosco essa lição.<br /><br /><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6900931992198021650#" name="ToggleMore">Leia mais...</a><span class="collapse"><br />ESTE ALIMENTO É PRESENTE DE TODO O UNIVERSO: ELE VEIO DA TERRA, DO CÉU DE NUMEROSOS SERES VIVOS E DE MUITO TRABALHO ÁRDUO.<br />QUE POSSAMOS COMÊ-LO EM “PLENA CONSCIÊNCIA” E COM GRATIDÃO A FIM DE SERMOS DIGNOS DE RECEBÊ-LO.<br />QUE POSSAMOS RECONHECER E TRANSFORMAR NOSSAS FORMAÇÕES MENTAIS NÃO SAUDÁVEIS, PRINCIPALMENTE NOSSA GANÂNCIA, E APRENDERMOS A COMER COM MODERAÇÃO.<br />QUE POSSAMOS MANTER NOSSA COMPAIXÃO VIVA ATRAVÉS DE UMA ALIMENTAÇÃO QUE ALIVIE O SOFRIMENTO DOS SERES VIVOS, PRESERVE NOSSO PLANETA E REVERTA O PROCESSO DE AQUECIMENTO GLOBAL.<br />ACEITAMOS ESTE ALIMENTO PARA QUE POSSAMOS NUTRIR NOSSA IRMANDADE, FORTALECER NOSSA SANGHA E CULTIVAR NOSSO IDEAL DE SERVIR A TODOS OS SERES.<br /></span>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6900931992198021650.post-83395574215026185802009-05-11T09:12:00.002-03:002009-05-11T09:15:53.119-03:00Dia dos Ancestrais - 2Bom dia, querida Sangha. Hoje é Domingo, 13 de Julho do ano 2008. Estamos no Templo do Néctar do Dharma, e hoje é o Dia dos Ancestrais.<br /><br />As crianças cantaram, “Minha mãe, meu pai, estão em mim, e quando olho eu me vejo neles”.<br /><br />Isso que você pode enxergar já é algo muito profundo.Você vê sua mãe e seu pai em você. Mas com quanta clareza e profundidade você pode ver isso? E quando você olha para a sua mãe e o seu pai, você se vê neles. Quão profundamente você enxerga isso?<br /><br />(Veja as fotos que ilustram o texto acessando <a href="http://compartilhandopv.blogspot.com/2009/03/o-dia-dos-ancestrais.html" target="_blank">http://compartilhandopv.blogspot.com/2009/03/o-dia-dos-ancestrais.html</a><br /><br /><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6900931992198021650#" name="ToggleMore">Leia mais...</a><span class="collapse"><br /><br />Ontem, nós falamos sobre plantar uma semente de milho em solo úmido. Se você esperar por volta de dez dias, verá uma plantinha de milho surgir. Nas escrituras budistas, fala-se muito sobre sementes. Acho que nos Evangelhos cristãos também.<br /><br />Estamos falando de uma semente de milho, um grão de milho. E quando você vê a plantinha de milho talvez você queira fazer a ela a pergunta, “Plantinha de milho, você se lembra de duas semanas atrás, quando você era uma semente de milho?”<br /><br />No início do ano nós fizemos um retiro na Itália, e havia muitas crianças nele, incluindo muitas crianças italianas. Havia cerca de oitocentos praticantes. No último dia do retiro eu ofereci uma semente de milho a cada um.<br /><br />Eu havia comprado um saco de sementes de milho numa loja ali perto, e acho que havia mais de mil sementes de milho naquele pequeno saco. Então distribui uma semente de milho a cada um. Pedi que eles a levassem para casa e plantassem, regassem todos os dias, e observassem à medida que fosse crescendo. Não ofereci uma semente de milho somente a cada criança, mas a cada adulto também, porque essa é a continuação da prática.<br /><br />Quando você observa a planta de milho surgir, vê as primeiras duas folhinhas, depois as primeiras três folhinhas, e já não mais vê a semente de milho. Quando lá está a planta de milho, não se vê mais a semente de milho.<br /><br />Mas você não pode dizer que a semente de milho morreu. Não. Ela não morreu. Ela se tornou uma planta de milho. Então, se você for esperto, se for habilidoso, se for inteligente, quando olhar a planta de milho ainda poderá enxergar a semente de milho.<br /><br />E quando você perguntar à plantinha de milho, “Minha querida plantinha de milho, lembra-se de que há duas semanas atrás você era uma semente de milho?” -- pode ocorrer que a planta de milho tenha se esquecido disso. Pode ser que a plantinha de milho tenha se esquecido de que há duas semanas atrás era uma semente de milho. Duas semanas não é muito tempo, mas a planta de milho pode esquecer-se.<br /><br />Então, você conversa com a planta de milho. Você diz, “Lembro-me muito bem que duas semanas atrás você era uma semente de milho. E que à medida que eu te dava água todos os dias, você foi capaz de germinar, e daí tornou-se uma plantinha de milho. Lembro-me muito bem. Talvez você não se lembre mais, mas eu sim.”<br /><br />Assim você lembra à plantinha de milho que ela foi uma semente de milho. E embora agora você não veja a semente de milho, e a plantinha de milho não se enxergue a si mesma como uma semente de milho, a semente de milho está sempre lá. A pergunta que eu fiz às crianças e aos jovens no retiro da Itália era muito difícil, e alguns deles foram capazes de dar uma boa resposta.<br /><br />A pergunta era: a planta de milho e a semente de milho são uma ou duas coisas?<br /><br />Se elas forem uma coisa, então ambas são a mesma coisa. Ou são elas duas coisas totalmente diferentes? Esta é uma pergunta budista; é uma que é difícil, a planta de milho e a semente de milho. Você sabe que a plantinha de milho vem da semente de milho, e agora a questão é saber se elas são uma coisa só ou se são duas coisas separadas.<br /><br />Claro, houve crianças que disseram que elas eram uma única coisa. Houve crianças que disseram que elas eram duas coisas diferentes: a semente de milho não é a planta de milho, e a planta de milho não é a semente de milho. São distintas. Mas a resposta correta é a terceira. Algumas crianças disseram, “Bom, elas não são nem a mesma coisa nem duas coisas diferentes”. Essa é uma resposta complicada, mas é a correta.<br /><br />O ensinamento desta manhã é um pouco difícil. Suponha que esta é a semente de milho e esta é a planta de milho. Sabemos muito bem que a planta de milho vem da semente de milho. Isso está claro, porque você mesmo plantou uma semente de milho e viu a semente de milho germinar e tornar-se uma plantinha de milho.<br /><br />Logicamente, você vê que a semente é uma semente. Uma planta é uma planta. Uma planta não pode ser uma semente, e uma semente não pode ser uma planta. Esta é a lógica formal. Mas se você olhar em profundidade – esta é uma outra palavra para meditação, e meditar é ter o tempo de olhar em profundidade – nós pensamos que estas coisas são duas coisas distintas, mas sem esta a outra não pode ser, porque a outra veio desta.<br /><br />Então temos três respostas. A primeira é que a semente e a planta são um. A segunda resposta é a de que são duas coisas diferentes. E a terceira resposta diz que não são nem a mesma coisa nem duas coisas distintas. Não são nem a mesma coisa nem duas coisas diferentes porque a planta de fato mostra-se diferente da semente. A terceira resposta é a correta, não são nem o mesmo, nem diferentes.<br /><br />Suponha que você olhe o álbum de família e se veja quando bebê. Você tinha apenas duas semanas de vida e sua mãe tirou a sua foto. A foto ainda está no álbum. E agora você tem 12 ou 14 anos de idade, e olha para o bebê. Você está tão diferente daquele bebezinho da foto. E você se pergunta, “Sou a mesma pessoa que aquele bebê ou sou uma pessoa totalmente diferente?”<br /><br />Você é bastante diferente em tamanho e muitos outros aspectos. A forma, os sentimento, as percepções, as formações mentais, consciência, todas elas são diferentes. Você está muito diferente do bebezinho da foto. Então dizer que você é o mesmo que aquele bebê está errado de alguma maneira, porque você está muito diferente do bebê.<br /><br />Mas dizer que você e o bebê são duas coisas completamente diferentes também está errado, porque sem aquele bebê você não pode ser você mesmo.<br /><br />Então a resposta é o caminho do meio, e caminho do meio é uma expressão bastante budista. A resposta dada pelo Buda é que você não é a mesma pessoa nem uma pessoa diferente. Então a resposta budista é: nem o mesmo, nem diferente. E este é um dos ensinamentos mais profundos do Buda, mas eu acredito que mesmo que você seja muito jovem, você pode entendê-lo, porque é a verdade.<br /><br />Quando você olha a si mesmo em profundidade, você vê o seu pai. Somente com meditação você pode ver isso claramente. A plantinha de milho pode ter dificuldade para enxergar em si mesma a semente de milho, mas fato é que ela é a semente de milho. Ela é a continuação da semente de milho, e a mesma coisa é verdadeira em relação a você. Você é a continuação do seu pai, a continuação da sua mãe. De alguma maneira, você é seu pai, você é sua mãe. Você não se parece exatamente como ele, mas ele está em você, e é esse o significado da frase que as crianças acabaram de cantar, “minha mãe, meu pai, eles estão em mim”.<br /><br />Há uma meditação guiada aqui em Plum Village:<br />Inspirando, vejo o meu pai e a minha mãe em cada célula do meu corpo;<br />Ou Inspirando, vejo a presença do meu pai e da minha mãe em cada célula do meu corpo;<br />Expirando, sorrio para o meu pai e a minha mãe em cada célula do meu corpo.<br /><br />Você precisa visualizar isso. Você tem de ver isso como uma realidade e não somente como uma idéia, porque na meditação você enxerga concretamente, não fica somente com idéias abstratas.<br /><br />E saiba que isso é também muito científico, porque seu pai e sua mãe transmitiram-se a você. Eles não transmitiram outras coisas, como um carro ou a conta bancária. Eles transmitiram a si próprios a você, e estão realmente lá, em cada célula do seu corpo. Você vem do seu pai; você vem da sua mãe.<br /><br />Há jovens que ficam com raiva de seus pais ou de suas mães; com muita raiva. Eles chegam a dizer até uma coisa assim estranha como, “Aquele homem (o pai dele), não quero ter nada a ver com ele nunca mais”.<br /><br />Quando você se irrita com seu pai, você pode dizer algo como, “Aquele homem, aquele cara, não quero ter nada a ver com ele”.<br /><br />Você está com raiva demais quando diz alguma coisa assim, porque não é a verdade. O fato é que você é a continuação do seu pai. Você é seu pai. Você não pode arrancar o seu pai de você. Impossível.<br /><br />E o pai pode ficar bravo com o filho, e quando fica assim bravo não consegue enxergar a verdade. Ele pode dizer algo como, “Aquele menino, aquele moleque, ele não é meu filho. Meu filho não seria assim. Eu não o reconheço como meu filho”.<br /><br />Isso também não faz sentido, porque aquele jovem é a continuação dele. Não dá para dizer que não tem nada a ver com ele.<br /><br />Então, pai e filho precisam praticar o olhar em profundidade, de maneira a que cada qual veja a si mesmo no outro.<br /><br />A mesma coisa é verdadeira com mãe e filha. Cerca de vinte anos atrás eu estava andando por uma rua de Londres, indo a uma livraria. Vi numa vitrine um livro com o título “Minha mãe, eu mesma”. Acho que era um livro de psicoterapia. Não comprei o livro, porque tive a impressão de que sabia o que ele continha. Era sobre mãe e filha. A filha ficando com raiva da mãe, e pensando que não tinham nada em comum, mas de repente vem o insight – você é filha dela. Você é ela. Você é uma continuação da sua mãe.<br /><br />Numa Palestra do Dharma dada antes, neste mesmo ano, eu disse que temos nosso pai dentro de nós, mas ainda o temos fora de nós. Isso faz sentido. E meu pai dentro de mim pode ser um pouco diferente daquele fora de mim. Por quê? No início, quando ele se transmitiu a mim, o pai dentro de mim e o pai fora de mim eram muito parecidos. Mas porque vivi muitas situações diferentes, em ambientes distintos, o pai dentro de mim evoluiu diferente daquele que há fora.<br /><br />E se eu sou um bom praticante, então meu pai em mim pode ser transformado numa boa direção. Se eu pratico plena consciência, concentração, insight, bondade amorosa, compaixão, então elas penetram no meu pai, também.<br /><br />Este meu pai evoluiu no caminho da transformação e da cura, então meu pai em mim pode ser mais belo que o pai fora de mim, porque eu sou um bom praticante. O que herdei de meu pai beneficia-se da minha prática. É por isso que meu pai está crescendo de maneiras distintas dentro e fora de mim.<br /><br />Então, tenho um relacionamento melhor com o pai dentro de mim, e quero melhorar esse tipo de relacionamento com o pai fora de mim, também. No caso de ser um bom praticante, isso não é difícil. Porque você evoluiu juntamente com o seu pai. Você cultivou mais bondade amorosa, paciência, compaixão e compreensão. É por isso que você pode ajudar seu pai fora de você a mudar, a se transformar. Mas se você não pratica, então você ainda terá muita raiva, discriminação e irritação, e nesse caso não poderá ajudar muito o seu pai.<br /><br />O fato é que meu pai está tanto dentro quanto fora de mim. Quando o pai que está fora de mim morre, o pai dentro de mim continua a viver. E eu vou transmitir meu pai para meu filho e para minha filha.<br /><br />Meu pai e minha mãe, eles são meus ancestrais, os meus ancestrais mais jovens. Como seres humanos, nós temos ancestrais humanos. Tivemos diversas gerações de ancestrais humanos e, geneticamente falando, todos os nossos ancestrais estão vivos em nós. Pensamos que todos eles já morreram, porém isso não é verdade. Nossos ancestrais de diversas gerações ainda estão vivos em nós, e nós os carregamos futuro adentro. Nós os transmitimos futuro adentro. Então, quando você se casa e tem filhos, você transmite seus ancestrais aos seus filhos. Os seus ancestrais adentram, assim, o futuro.<br /><br />Em Plum Village, todos os anos, nós celebramos o Dia dos Ancestrais. E durante este dia praticamos olhar em profundidade de maneira a reconhecer a presença de nossos ancestrais em nós, em cada uma de nossas células. Sabemos que nossos ancestrais são nossas raízes. É como a planta de milho que tem a semente de milho por raiz, e quando estamos todos bem enraizados, somos fortes. Mas se nossas raízes forem arrancadas, então não somos fortes o suficientes para enfrentar a vida.<br /><br />É por isso que em países como o Vietnã cada família tem em casa seu altar dedicado aos ancestrais. O respeito aos ancestrais é o que praticamos. Na China também se pratica a veneração dos ancestrais.<br /><br />Mesmo que você não seja rico, se em sua casa houver um espaço central, uma mesa ou um vestíbulo, crie ali um altar para os ancestrais. Você pode colocar um porta-incenso ou um vaso de flores sobre esse altar.<br /><br />Quando choramos, nossos ancestrais também choram conosco. E quando escutamos uma Palestra do Dharma, nossos ancestrais também a escutam. Isso é realmente maravilhoso.<br /><br />Então a prática consiste em dirigir-se todos os dias ao altar dos ancestrais e começar por tirar o pó. Você limpa o pó do altar, troca a água do vaso de flores, e acende um incenso, colocando-o no porta-incenso. É assim que praticamos.<br /><br />E por que fazemos isso? Estamos entrando em contato com nossos ancestrais. Leva não mais de dois minutos para cuidarmos do altar dos ancestrais, mas durante o tempo em que o limpamos, enquanto acendemos um bastão de incenso, estamos realmente em contato com nossos ancestrais. Temos a sensação de que aonde vamos, nossos ancestrais estão conosco. Não nos sentimos sozinhos, não nos sentimos alienados. Esse é o benefício da prática de venerarmos os ancestrais.<br /><br />Geralmente, nossos ancestrais têm o direito de saber o que se passa. E portanto, faz parte da tradição que se amanhã seu filho vai para a escola pela primeira vez, no jardim da infância, você acende um bastão de incenso e anuncia a seus ancestrais, “Queridos ancestrais, amanhã vamos levar nosso menininho ao jardim de infância”. Seus ancestrais têm o direito de saber disso.<br /><br />É atencioso da sua parte informar a seus ancestrais que amanhã seu filhinho ou filhinha irá pela primeira vez ao jardim de infância. Você pode pensar que os ancestrais ficam ali sentados sobre o altar, mas de fato, o altar serve apenas para lembrar-nos de que nossos ancestrais estão em nós. O altar está dentro de nós, em cada célula do nosso corpo. Todos os genes que nos foram transmitidos por eles estão lá, e se formos capazes de tocarmos nossos ancestrais, então podemos receber o apoio e a ajuda deles.<br /><br />Cada vez que você estiver em dificuldades, com um problema, você pode dirigir-se a seus ancestrais. Houve esta mulher, com câncer avançado, que nos contou que tinha um avô que era muito estável, sólido. E dissemos a ela que todas as células de solidez do avô dela estavam nela mesma. “Então peça ajuda! Peça ajuda ao seu avô! Vovô, sei que suas células são sólidas. Por favor venha ajudar-me”.<br /><br />E se você tiver concentração e plena consciência, verá que seu avô está lhe respondendo. As células de solidez dele virão ajuda-la. E por fim aquela mulher curou-se do câncer, porque ela soube como rezar para o avô dela.<br /><br />Então, onde quer que você vá, seus ancestrais estão com você. E se você estiver enraizado, se estiver atento, há de sentir-se mais sólido, mais enraizado, e você atravessará as dificuldades na sua vida muito melhor.<br /><br />Quando vocês decidem casar sua filha com um jovem de uma outra cidade, vocês têm de informar isso aos ancestrais. Precisam preparar uma oferenda. Podem colocar a oferenda no altar, acender o incenso e dizer, “Queridos ancestrais, decidimos casar nossa filha com aquele jovem. Por favor nos dêem apoio”.<br /><br />Esse é o tipo de prática que fazemos no Vietnã, na China, na Coréia, etc. Então hoje temos o Dia dos Ancestrais [aqui em Plum Village] de forma a termos uma oportunidade de entramos em contato com eles, porque acessa-los nos traz força e muitos outros benefícios.<br /><br />Temos nossos ancestrais de sangue, mas temos também nossos ancestrais espirituais. Para os cristãos, Jesus Cristo é o ancestral espiritual. E ele está em nós porque o Cristianismo foi transmitido a você pelo padre, pelo ministro, por seu professor, e assim você tem Jesus Cristo em cada célula do seu corpo. Se você tiver problemas, pode rezar para ele. Ele não está longe. Ele não está no céu. Ele está em cada célula do seu corpo; você pode tocar Jesus Cristo em cada célula do seu corpo. Se você for um bom cristão, Cristo está disponível em todos os momentos.<br /><br />Se você segue a tradição budista, o Buda, o Venerável Ananda e Shariputra são seus ancestrais espirituais. Os mestres através de muitas gerações também são seus ancestrais espirituais, e porque você aprendeu o Dharma, você ouviu Shariputra, você ouviu o Buda. É por isso que a semente, os genes do Buda e de Shariputra estão em cada célula, porque a transmissão é feita de duas maneiras; há a transmissão pela via genética e a transmissão pela via espiritual.<br /><br />Como mestre, você transmite-se aos outros pela via espiritual, não pela genética. Então, há aqueles de nós que têm Jesus e Buda como ancestrais espirituais. Se você estiver em harmonia, não sente qualquer conflito por ter a ambos como ancestrais. Quando você recebe os Cinco Treinamentos da Plena Consciência, reconhece que eles são bastante cristãos. Se você olhar em profundidade, verá que na tradição cristã há o equivalente aos Cinco Treinamentos. E você se torna um cristão melhor praticando os Cinco Treinamentos da Plena Consciência. Não há conflito, não há discriminação. Você tem direito a ter vários ancestrais espirituais.<br /><br />Se você enxergar profundamente, nós temos ancestrais animais, também. Para tal precisamos praticar meditação, para vermos em profundidade. Nossos ancestrais não são apenas humanos, porque a espécie humana é uma das mais recentes sobre a Terra. Muitas apareceram tardiamente na Terra, e antes da espécie humana aparecer, apareceram outros animais. Então, temos nossos ancestrais humanos, mas temos também nossos ancestrais animais. Aprender isso é muito estimulante, ver de onde viemos no que concerne à ancestralidade. Que tipo de animal fomos no passado, antes de termos a forma humana?<br /><br />Então, sou um ser humano, mas também tenho ancestrais animais, e eles estão vivos em mim. Na literatura budista, dizemos que em alguma de nossas vidas passadas fomos um esquilo, um peixe, ou um pássaro. E isso não é apenas poético, é científico também.<br /><br />Em uma de suas vidas pregressas, você foi um pássaro ou um peixe ou um cervo, e não apenas no passado. Hoje ainda você continua a ser um pássaro, um peixe, um cervo. Em mim, sinto muito concretamente que ainda sou um pássaro, um peixe, um cervo, porque de fato tenho ancestrais animais. E se você reconhecer os animais como seus ancestrais, você será melhor para com eles. Você não desejará comer seus ancestrais. Não é nada gentil comer seus ancestrais.<br /><br />Daí, temos nosso ancestrais vegetais. De fato, os vegetais apareceram antes dos animais. No passado, numa vida pregressa, você foi um pinheiro, uma planta aquática, um cogumelo. Por que não? Por isso você tem de olhar em profundidade para sentir que também somos feitos de animais e vegetais. Você vem dos vegetais e dos animais, e se souber disso, se lembrar disso, então você desejará protegê-los, vivendo de uma tal maneira que ajude a proteger animais e vegetais, porque eles também são nossos ancestrais.<br /><br />Olhando mais em profundidade, vemos que temos ancestrais minerais, também. Água, rocha, terra, pó – você é feito de estrelas. Você é feito de minerais. Sem minerais não poderia haver vegetais, animais ou humanos. Por isso é importante dar-nos o tempo de olharmos em profundidade. Para enxergar, reconhecer todos os nossos ancestrais. Ancestrais de sangue. Ancestrais espirituais. Ancestrais humanos. Ancestrais animais. Ancestrais vegetais. E também os ancestrais minerais.<br /><br />No Sutra do Diamante, o Buda diz que há quatro idéias a serem transcendidas, e uma delas é a idéia de ser humano. Um ser humano: o Buda nos aconselha a olharmos em profundidade, a meditar. Quando você olha o ser humano, pode enxergar que o humano é feito de elementos não-humanos. Nominalmente: animais, vegetais e minerais. Quando perceber isto, vai querer proteger animais, vegetais e minerais.<br /><br />Então, se você olha o ser humano e vê animais, vegetais e minerais, vê realmente o ser humano. No entanto, se olha para o ser humano e não enxerga animais, vegetais e minerais, você não viu o ser humano. Você tem a percepção errônea, uma idéia errada do ser humano. E esta é uma das noções a serem removidas. É por isso que costumo dizer que um dos escritos mais antigos sobre Ecologia Profunda é o Sutra do Diamante. O insight contido nele nos ajuda a proteger o meio-ambiente.<br /><br />A prática hoje é tomarmos um pedaço de papel e anotarmos os nomes de nossos ancestrais, até onde você conseguir lembrar-se. Pode começar com seu pai e sua mãe, seus ancestrais mais jovens. Talvez seus avós. Bisavô, bisavó, e assim por diante. Você pode colocar os nomes dos seus ancestrais espirituais – Maomé, Buda, Jesus, Shariputra, etc. Você pode incluir alguns dos seus ancestrais animais, alguns dos ancestrais vegetais, alguns dos seus ancestrais minerais, e assim por diante.<br /><br />Esta é a prática. Você vai reconhecendo os seus ancestrais enquanto faz isso. E você está perdendo o seu eu artificial. Passa a saber que está ligado a todos e a tudo mais. Você está praticando não-eu quando anota os nomes dos seus ancestrais.<br /><br />Você precisa de plena consciência, de concentração para escrever os nomes dos seus ancestrais. Isso pronto, você vem ao altar e os oferece. Esta é a nossa prática. A prática de tocar nossos ancestrais é muito importante em Plum Village; nos torna fortes, sólidos e felizes. Ela nos torna mais compassivos, compreensivos e amorosos.<br /><br />PARTE 2<br /><br />Querida Sangha, ontem tivemos uma pergunta sobre autoridade, poder. Houve a questão feita por um estudante universitário que nos disse ter ambição pelo saber, pelo sucesso, por uma posição social. Como ele pode conciliar essa ambição, esse desejo de ter sucesso, com a prática da plena consciência? Quer dizer, buscando ter uma vida simples, etc.<br /><br />A pergunta sobre o poder é importante, porque muitos de nós possuem a tendência de abusar de nosso poder. Mesmo que você não tenha muito poder.<br /><br />Pais podem abusar de seus filhos usando de seus poderes como pai e mãe. E embora algumas vezes sintam-se sem poder algum, assim mesmo usam do poder, da autoridade de pai ou mãe. E as crianças se sentem indefesas, porque elas não conseguem defender-se de igual para igual, e assim sentem-se incapazes. Mas não somente as crianças. Os pais sentem-se igualmente incapazes. Sentem que nada podem fazer para mudar – para ajudar – seus próprios filhos.<br /><br />Nossos poderes são sempre limitados, incluindo o econômico e o político. Muitos jovens pensam que ser o presidente dos Estados Unidos da América é ter muito poder. Esse é o pensamento de muita gente. Mas acho que Mr. Bush (*) muitas vezes sente-se incapaz, sem poder algum. Ele sente que precisa de mais poder para resolver problemas tais como o preço dos combustíveis, a guerra no Iraque. Ele se sente incapaz. Ele sente que não tem poder suficiente para parar a guerra. Continuar com a guerra é difícil, mas parar a guerra é igualmente difícil, então ele deve sentir-se algumas vezes incapaz. E se o presidente dos Estados Unidos não tem poder suficiente, quem dentre nós pode dizer que tem suficientes poderes?<br /><br />Claro, quando você é rico sente-se mais poderoso. Com seu dinheiro você pode comprar muitas coisas. Você pode controlar muitas coisas, e ainda assim já testemunhamos o fato de tantos milionários, gente extremamente rica, sentir-se incapaz. E alguns deles cometem suicídio.<br /><br />A questão do poder é muito importante. O que o Buda pensa sobre poder e autoridade? Na tradição budista falamos dos três tipos de virtude, sobre o poder verdadeiro, que todos podem buscar. Não há perigo algum em buscarmos estes poderes, porque estes poderes podem nos fazer feliz.<br /><br />Geralmente, no mundo, buscamos por outros tipos de poderes – a saber: riqueza, fama, poder e sexo. Muita gente no mundo pensa que a felicidade é feita desses quatro elementos. E estamos arruinando nosso planeta por conta deste tipo de busca.<br /><br />Assim que você conquista alguma riqueza, é encorajado a possuir mais, porque uma pessoa rica sempre quer continuar a ser rica. Ela deseja ser mais rica, então segue nesse caminho. Não consegue parar. Alguém é famoso e quer ficar mais famoso, então continua a perseguir isso. Alguém tem algum poder e deseja ter uma posição ainda mais elevada. Busca mais e mais poder. Não há fim para este tipo de busca. E nem todos conseguem obter esse tipo de coisa correndo atrás dela. Muitas pessoas sofreram muito profundamente perseguindo esses quatro tipos de desejo.<br /><br />Na tradição budista, falamos de três tipos de poder, três tipos de virtude. Quando você tem estes tipos de poder, sente-se forte, feliz, livre. O primeiro tipo de poder é o de “podar”.<br /><br />Você tem desejos, e sofre muito por causa deles. Você tem raiva, e sofre por causa da sua raiva. Você tem ciúmes, e sofre muito por causa desse ciúmes. Você tem dúvidas. Desejo, raiva e ciúmes são como uma chama que consome você. Eles queimam. Por isso, se você for capaz de podar seu desejo, sua raiva e seu medo, irá tornar-se uma pessoa livre, e será muito feliz. O poder de “podar” é o primeiro poder mencionado pelo Buda.<br /><br />Objetos do desejo, sejam eles riqueza, fama, poder ou sexo, contém muito perigo. Quando você pesca, joga na água uma isca. Dentro da isca está o anzol. Hoje em dia, não se usa mais uma isca de verdade, elas são de plástico, e também parecem muito atrativas, e o peixe não sabe a diferença. Eles enxergam a isca e a mordem. São puxados pelo anzol para fora d’água, e morrem.<br /><br />Tantos de nós correm atrás deste tipo de isca. Não vemos o perigo contido nestes tipos de objetos do nosso desejo, e portanto é muito importante não buscarmos felicidade na direção do desejo. Com sabedoria, entendimento – usamos a sabedoria e o entendimento como a uma espada – podamos nosso objeto do desejo. Este é o primeiro tipo de poder. Um bom praticante sempre tenta fazer isso. Podar a raiva, desejo e ciúmes, e para isso a espada que usam é a do entendimento. Eles conseguem ver na natureza do desejo todo o perigo, como o anzol que se esconde por trás da isca.<br /><br />O segundo tipo de poder ensinado no budismo é o poder do entendimento. Isto é insight. Insight é o fruto da meditação. Se você tem bastante plena consciência, você cultiva sua concentração. Com plena consciência e concentração poderosas, você pratica o olhar em profundidade. E você tem a penetração do coração da realidade. Esse tipo de insight libera você das suas ilusões, das suas compreensões errôneas, das suas percepções, e você se liberta.<br /><br />A sabedoria é uma espada. O bodhisattva Manjushri é uma pessoa que descrevemos com grande entendimento. Ele está sempre empunhando uma espada, a espada do entendimento. Com a espada da sabedoria, ele consegue cortar através de todo o tipo de compreensão errônea e ilusão. Se você é um bom praticante, com concentração e plena consciência, você pode ter esta penetração da realidade, e ter um insight que o ajudará a liberar-se do seu sofrimento.<br /><br />Quando você tem esse tipo de insight, esse tipo de sabedoria, você pode superar suas dificuldades muito facilmente. É com sabedoria que você pode sair de situações difíceis. Quando outras pessoas chegam até você e apresentam os problemas delas, você pode ajudá-las a superar suas dificuldades. Talvez em 50 minutos você ajude uma pessoa a libertar-se a si mesma, porque você tem sabedoria, você possui insight.<br /><br /> Sozinha, aquela pessoa pode seguir anos a fio sem encontrar uma solução. Mas quando ela vem a você, por você ter sabedoria, você mostra o caminho a ela, e assim essa pessoa pode libertar-se em 50 minutos ou até menos. Este é o segundo tipo de poder que você pode obter com a prática [da meditação].<br /><br />Insight é a flor e o fruto da prática. Quando temos bastante concentração e plena consciência, vamos de verdade obter o insight de que precisamos para superar nossas dificuldades e ajudar outras pessoas a superá-las. Você é muito rico em insight, e em liberdade.<br /><br />O primeiro poder espiritual nos ajuda a libertar-nos do desejo, da ilusão e da raiva. O segundo tipo de poder também nos ajuda a remover a ilusão, a ignorância e a compreensão errônea. Com esse tipo de poder você pode ajudar muitas pessoas ao seu redor a fazerem o mesmo. Você distribui felicidade ao seu redor simplesmente porque você possui sabedoria, insight. E isso ninguém pode arrancar de você, ninguém pode roubar, porque não podem usar arma nenhuma para remover sua sabedoria.<br /><br />A terceira fonte de poder é o amor, que significa gentileza. Você está distribuindo gentileza. “Você pode me fazer uma gentileza?” Sim. E você está sempre distribuindo felicidade. Esse é o poder do perdão, da aceitação. Aceitar, perdoar e oferecer compreensão e amor. Como um praticante capaz, você tem esse poder. Você tem a capacidade de perdoar. Você tem a capacidade de aceitar a pessoa assim como ela é.<br /><br />Há aqueles dentre nós que não são capazes de aceitar o outro. Há aqueles dentre nós que têm dificuldade em aceitar uma situação. Dizem “Se eles não mudarem, eu não mudarei. Já que eles são daquele jeito, vou continuar a ser assim”. Isto porque eles não possuem este tipo de poder; porque se você o tiver irá aceita-los assim como são. Você aceita a situação, e segue em frente. Você para de reagir e começa a agir.<br /><br />No passado, você esteve somente reagindo. Reagindo à situação, às outras pessoas, mas assim você não chega a parte alguma. No entanto, se você aceita a situação tal qual é, se aceita as pessoas assim como são, você simplesmente age. Com esta prática você se transforma, e com mais leveza, mais bondade amorosa, mais sabedoria, você é capaz de mudar a situação e as pessoas ao seu redor. Você não impõe a condição de “se o outro não mudar”. Não há maneira de a situação melhorar se você disser isso.<br /><br />Agora, se você tem o terceiro tipo de poder, você diz “Ele é assim. Ela é assim. Eu os aceito como são, e irei cultivar mais bondade amorosa, mais insight, mais leveza. Com isso serei capaz de ajuda-los, e de mudar a situação”.<br /><br />Porque agora você tem a capacidade da aceitação, do perdão. E esta é uma fonte tremenda de poder. Não há perigo algum em você empregar seu tempo cultivando estas três fontes de poder. E quanto mais desse tipo de poder você tiver, mais feliz você se torna, e as pessoas ao seu redor irão tornar-se também mais felizes.<br /><br />Muitas pessoas são vítimas do próprio sucesso, riqueza, poder. Mas se você tiver este outro tipo de poder, você nunca se torna vítima do seu sucesso. Este é o único tipo de sucesso que não o fará vitima. Por outro lado, todos os outros tipos de sucesso farão de você uma vítima. Você tem sucesso político, e morre como político. Você tem sucesso como um líder nos negócios, e pode morrer vítima do seu próprio sucesso. Mas neste caso a situação é diferente. Quanto mais poder você tem, mais livre você fica, mais amoroso você se torna. E não há perigo algum em cultivar este tipo de poder.<br /><br />Quanto à questão formulada pelo estudante universitário, creio que ele pode meditar sobre isso. Ele deseja ter sucesso, tornar-se um grande estudioso, tornar-se alguém com boa posição social.<br />De fato, uma vez que você tenha estes três tipos de poder, não há perigo algum se você tiver alguma riqueza e alguma fama. Se você tiver esses poderes, então sua riqueza e sua fama irão tornar-se úteis para você. De outra maneira, são muito perigosas.<br /><br />O Budismo não é contra riquezas e poder. A única coisa de que somos lembrados é que correr atrás de riqueza, poder e fama pode sair muito caro. Você pode sofrer tremendamente perseguindo estas coisas. Mas se você tiver poderes espirituais, então não se tornará vítima de sua própria riqueza, fama ou poder. De fato, saberá fazer bom uso da riqueza que possuir, do poder e da fama que obtiver, de maneira a fazer o bem para as pessoas ao seu redor.<br /><br />Portanto, não é que um bom praticante busque a pobreza. Um bom praticante pode ter dinheiro, porém ele sabe usar o dinheiro de forma a concretizar seu ideal de compaixão e de compreensão. Quantas pessoas são assim livres? Quantas pessoas sabem usar seu dinheiro, seu poder, sua fama de uma maneira boa? Não muitas, a não ser que tenham algum poder espiritual -- o poder de “podar”, o poder da sabedoria, e do perdão. As pessoas não são capazes de usar os poderes mundanos para trazer felicidade a elas mesmas e às outras pessoas.<br /><br />No budismo e no cristianismo falamos de pobreza voluntária. Você quer viver de modo simples. Uma vida simples está na sua maneira de viver, porque se você vive uma vida simples não gasta a maior parte da sua vida ganhando a vida. Você tem tempo de desfrutar de outras coisas, espiritualmente. Você tem tempo para o céu azul, para a chuva, para o brilho do sol, para as crianças, para aqueles a quem ama. Portanto, viver de maneira simples pode ajudar você a desfrutar de si mesmo, da vida, e a cuidar daqueles a quem ama.<br /><br />Você é pobre, mas é porque você quer ser pobre. Na verdade, você é muito rico, porque tudo pertence a você – o brilho do sol, o céu azul, os pássaros, as colinas, e cada momento do seu cotidiano pertence a você. Há quem seja extremamente rico, mas que não tem nada. Não tem o céu maravilhoso, não tem as belas colinas, não tem tempo para amar nem para cuidar daqueles a quem amam. Os ensinamentos do Buda são claros nesse ponto. Não somos contra ter dinheiro ou uma boa posição social. Se você tiver poderes espirituais, e o bastante em insight e amor, todo aquele dinheiro, poder e prestígio que tiver o ajudarão a realizar o ideal do bodhisattva.<br /><br />Portanto o jovem universitário pode continuar a buscar conhecimentos e uma boa posição social, se ao mesmo tempo ele for capaz de cultivar estes tipos de poderes espirituais. Haverá menos perigo para ele, se ele for um bom praticante, cultivando todos os dias mais destes poderes. O poder de “podar”, o poder do entendimento e o poder do amor. Isso traz a você muita liberdade, traz a você muita felicidade, e você não mais acredita que sem muito dinheiro e sem muita fama você não pode ser uma pessoa feliz.<br /><br />Thich Nhat Hanh<br /><br />Copyright ©Plum Village sites 2008<br />Tradução de Chân Mật Đăng – Verdadeira Luz Esotérica/ paraserzen<br /><br /><br />(*)esta palestra foi dada por Thich Nhat Hanh durante o Retiro de Verão de 2008, quando George W. Bush era o presidente dos EUA.<br /><br /><br /></span><span class="collapse"></span>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6900931992198021650.post-38123585384204610752009-05-11T09:06:00.002-03:002009-05-11T09:11:31.135-03:00Dia dos AncestraisQueridos leitores e membros da Sangha. Hoje temos mais uma feliz oportunidade de compartilhar um texto maravilhoso, traduzido pelo nosso irmão Marcelo de Abreu, cujas palavras carinhosas compartilhamos com vocês: "Terminei a tradução de uma palestra que o Thây deu em Julho do ano passado, durante o Retiro de Verão, no Dia dos Ancestrais. Como todos os dias durante o Retiro de Verão, a primeira parte da palestra é dedicada às crianças, e o Thây fala numa linguagem apropriada a elas. Foi um dia que considero muito importante, e a cerimônia que se seguiu, conduzida pela Sister Chân Kong, foi muito intensa e tocante para mim -- nas fotos daquele dia, nos álbuns eletrônicos de Plum Village, eu apareço chorando lágrimas grossas e sinceras... Foi uma sensação avassaladora de união e gratidão."<br />Estaremos divulgando, abaixo, o texto dedicado às crianças e, na sequência, o restante do texto. Uma ótima leitura a todos e nossa eterna gratidão ao querido Marcelo.<br /><br /><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6900931992198021650#" name="ToggleMore">Leia mais...</a><span class="collapse"><br /><br />Crianças cantando em coro:<br /><br />Minha mãe, meu pai, estão em mim,<br />E quando olho, eu os enxergo em mim,<br />O Buda, os patriarcas, eles estão em mim,<br />E quando olho, eu os enxergo em mim,<br />Sou uma continuação da minha mãe e do meu pai,<br />Sou uma continuação de todos os meus irmãos e irmãs,<br />É minha aspiração<br />Preservar e continuar a nutrir<br />Sementes de testemunho, sementes de habilidade, de felicidade<br />Que eu tiver herdado,<br />É também meu desejo reconhecer<br />As semente de medo e sofrimento<br />Que eu tiver herdado,<br />E pouco a pouco transforma-las,<br />Sou uma continuação do Buda e dos patriarcas,<br />Sou uma continuação de todos os meus mestre espirituais,<br />É minha aspiração profunda<br />Preservar, desenvolver e nutrir<br />Sementes de compreensão, de amor, de liberdade<br />Que eles me transmitiram;<br />Em minha vida diária também quero semear<br />Sementes de amor e compaixão<br />Em minha própria consciência<br />E no coração das pessoas;<br />Estou determinado<br />A não regar sementes de desejo, aversão e violência nos outros,<br />Resoluto, com compaixão<br />Esta é a minha aspiração,<br />Possa a minha prática ser uma oferenda do coração,<br />Possa a minha prática ser uma oferenda do coração.<br /><br />(este texto foi musicado pela Irmã Ten Tai Nghiem, que mora no monastério de Blue Cliff, perto da cidade de Nova Iorque)<br /><br /><br /></span><span class="collapse"></span>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6900931992198021650.post-9630277560450400082009-05-08T00:31:00.002-03:002009-05-08T00:35:08.650-03:00Feliz Dia das Mães - Uma Rosa Para Sua LapelaUma Rosa Para Sua Lapela (Thich Nhat Hanh – Ensinamentos sobre o Amor)<br />O pensamento “mãe” não pode estar separado do pensamento “amor”. O amor é doce, terno e delicioso. Sem amor, a criança não consegue florescer, o adulto não amadurece. Na ausência desse sentimento, somos fracos, amargos. No dia em que minha mãe morreu, escrevi no meu diário: “Aconteceu a maior infelicidade da minha vida!” Mesmo uma pessoa idosa não se sente preparada quando perde a mãe. Ela tem a impressão de que ainda não amadureceu, que de repente ficou sozinha. Sente-se tão abandonada e infeliz quanto um órfão jovem.<br /><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6900931992198021650#" name="ToggleMore">Leia mais...</a><span class="collapse"><br /><br />Todas as canções e poemas analtecendo a maternidade são verdadeiramente bonitos. Até os compositores e poetas sem muito talento parecem derramar seu coração nesses trabalhos. Quando recitam seus poemas ou cantam suas músicas, também ficam profundamente comovidos, a não ser que tenham perdido a mãe muito cedo e não saibam o que é o amor materno. Escritos exaltando as virtudes da maternidade existem no mundo inteiro desde o começo dos tempos.<br />Quando eu era criança, ouvi um poema simples sobre quando alguém perde a mãe e ele continua sendo muito importante para mim. Quem ainda tem a mãe viva talvez sinta uma ternura por ela toda vez que o lê, temendo esse evento distante, porém inevitável.<br />Naquele ano, embora eu ainda fosse muito jovem,<br />Minha mãe me deixou,<br />E compreendi<br />Que era um órfão.<br />Todos ao meu redor estavam chorando.<br />Eu sofri em silêncio...<br />Deixando que as lágrimas corressem,<br />Senti minha dor suavizar-se.<br />A noite cobriu o túmulo da minha mãe,<br />O sino do templo tocou docemente.<br />E eu entendi que perder a mãe<br />É perder todo o universo.<br />Nadamos em um mundo de amor compassivo por muitos anos e somos muito felizes ali, até mesmo sem saber. Somente depois que já é muito tarde nos tornamos conscientes dele.<br />As pessoas do campo não entendem a linguagem complicada dos habitantes da cidade. Quando esses últimos dizem “o amor de mãe é um tesouro”, os camponeses têm dificuldade de entender. No Vietnã, as pessoas do campo comparam suas mães às melhores qualidades de banana ou mel, arroz-doce e cana-de-açúcar. Elas expressam seu amor dessa maneira simples e direta. Para mim, mãe é como uma banana ba huong da melhor qualidade, como nep mot, o melhor arroz-doce, e como mia lau, a mais deliciosa cana-de-açucar.<br />Depois de uma febre há momentos em que sentimos um gosto amargo constante, nada tem sabor agradável. Somente quando nossa mãe vem e nos cobre com carinho, puxa as cobertas até o nosso queixo, põe a mão em nossa testa queimando – a mão é real ou é a seda do céu? – e gentilmente murmura “Meu querido!”, é que nos sentimos recuperados, cercados pela doçura do amor maternal. O amor dela é tão perfumado como uma banana, como o arroz-doce e a cana-de-açúcar.<br />O trabalho do pai é enorme, imenso como uma montanha. A devoção da mãe transborda, como a água de uma nascente da montanha. O amor materno é o primeiro sabor de amor que conhecemos, a origem de todos os sentimentos de amor. Nossa mãe é quem primeiro nos ensina a amar, a disciplina mais importante da vida. Sem minha mãe eu nunca teria aprendido a amar. Graças a ela posso amar meus vizinhos. Graças a ela posso amar todos os seres vivos. Por meio dela adquiri minha primeira noção de compreensão e compaixão. A mãe é a base de todo o amor, e muitas tradições religiosas reconhecem isso e honram sua figura – A Virgem Maria, a deusa Kwan Yin. Mal a criança abre a boca para chorar, a mãe já está correndo para o berço. Ela é um espírito gentil e doce que faz a infelicidade e as preocupações desaparecerem. Quando a palavra “mãe” é pronunciada, logo sentimos nosso coração transbordando de amor. A partir do amor, a distância entre acreditar e agir torna-se muito curta.<br />No Ocidente, celebramos o Dia das Mães em maio. Nasci na área rural do Vietnã e nunca tinha ouvido falar nessa tradição. Certo dia, quando estava visitando o distrito de Ginza, em Tóquio, com o monge Thien An, encontramos estudantes japoneses amigos dele na frente de uma livraria. Um desses rapazes lhe fez discretamente uma pergunta e então pegou um cravo branco da sua bolsa e o prendeu no meu manto. Fiquei surpreso e um tanto embaraçado. Não tinha a menor idéia do que esse gesto significava e não ousei perguntar. Tentei agir com naturalidade, pensando que se tratava de um costume local.<br />Quando eles acabaram de conversar (eu não falo japonês), Thien An e eu entramos na livraria, e ele me disse que aquele era o chamado Dia das Mães. No Japão, a pessoa que tem mãe viva usa uma flor vermelha na lapela ou no bolso, em uma demonstração de orgulho por isso. Se a mãe não está mais viva, a flor usada é branca. Olhei para a flor branca no meu manto e de repente me senti muito infeliz. Eu era um órfão como qualquer outro órfão infeliz. Os que usam flores brancas sofrem e não podem deixar de voltar seus pensamentos para a mãe. Não conseguem esquecer que ela não está mais presente. Aqueles com as flores vermelhas sentem-se muito felizes por suas mães ainda estarem vivas. Eles ainda podem contentá-las antes de elas partirem, antes que seja tarde. Achei muito bonito esse costume. Propus que fizéssemos a mesma coisa no Vietnã e no Ocidente.<br />Mãe é uma fonte de amor sem limites, um tesouro inesgotável. Mas, infelizmente, às vezes nos esquecemos disso. A mãe é o mais belo presente que a vida nos oferece. Quem ainda a tem não deve esperar que ela morra para dizer: “Meu Deus, eu vivi todos esses anos ao lado da minha mãe sem nunca olhar de perto para ela. Apenas olhares rápidos, poucas palavras foram trocadas – pedindo dinheiro para despesas miúdas, uma coisa ou outra”. Nós a abraçamos para nos aquecer, ficamos aborrecidos e com raiva dela. Complicamos sua vida, a deixamos preocupada, minamos sua saúde, fazendo com que ela durma tarde e acorde cedo. Há mães que morrem jovens por causa dos filhos. Durante toda a vida esperamos que ela cozinhe, recolha o que vamos largando, enquanto nós só pensamos nas nossas notas e carreiras. Nossa mãe não tem mais tempo de nos observar profundamente, e nós estamos muito ocupados para prestar atenção nela. Só quando ela não está mais presente compreendemos que nunca estivemos conscientes de que tínhamos uma mãe.<br />Hoje à noite, quando você voltar da escola ou do trabalho (ou, se vive longe de casa, da próxima vez que visitar sua mãe), vá até o quarto dela e, com um sorriso calmo e silencioso, sente-se ao seu lado. Sem dizer nada, faça-a parar de trabalhar. Então, olhe-a durante um longo tempo, analise-a profundamente. Aja assim para vê-la, para sentir que ela está ali, que está viva e ao seu lado. Pegue a mão dela e faça uma pergunta para prender sua atenção: “Mãe, sabe de uma coisa?” Ela vai ficar um tanto surpresa e provavelmente sorrir enquanto lhe pergunta: “O que é, querido?” Continue olhando nos olhos dela, sorrindo serenamente, e pergunte: “Você sabe que eu te amo?” Faça isso sem esperar resposta. Mesmo que você tenha trinta ou quarenta anos ou mais, faça a pergunta como uma criança. Sua mãe e você se sentirão felizes, estarão conscientes de que vivem um amor eterno. Então, amanhã, quando ela partir, você não sentirá nenhum arrependimento.<br />No Vietnã, no feriado de Ullambana, ouvimos histórias e lendas sobre o bodhisattva Maudgalyayana, bem como sobre o amor filial, o trabalho do pai, a devoção da mãe, a obrigação do filho. Todos oram pela longevidade dos pais; se eles já tiverem falecido, pelo seu renascimento na Terra Pura celestial. Acreditamos que uma pessoa sem amor filial não tem valor. Mas esse tipo de devoção surge também do próprio amor. Sem amor, a devoção de um filho ou filha é apenas artificial. Se esse sentimento está presente, isso não basta, não há necessidade de falar de obrigação. Amarmos nossa mãe é o suficiente. Não é uma obrigação, é completamente natural como beber água quando estamos com sede. Todo filho tem mãe, e é inteiramente natural que a ame. Ela o ama e ele a ama. O filho precisa da mãe, e esta precisa do filho. Se um deles não precisa do outro, então ela não é mãe e ele não é filho. Nesse caso, as palavras “mãe” e “filho” estão mal-empregadas.<br />Quando eu era jovem, um dos meus mestres me perguntou: “O que você tem que fazer quando ama sua mãe?” Eu respondi que devia obedecer-lhe, ajudá-la, cuidar dela quando ficasse velha, orar por ela e mantê-la no altar dos ancestrais quando ela desaparecesse para sempre por trás da montanha. Agora sei que a expressão “O que” na pergunta era supérflua. Se amamos nossa mãe, não temos que fazer nada. Nós a amamos, é o bastante. Amar a própria mãe não é uma questão de moral ou virtude.<br />Por favor, não pense que escrevi isso para dar uma lição de moralidade. Amarmos nossa mãe é um benefício. Ela é como uma fonte de água pura, como a melhor cana-de-açúcar ou mel, arroz-doce da melhor qualidade. Se não sabemos como nos beneficiar disso, é lamentável. Eu simplesmente quero chamar sua atenção para evitar que um dia você reclame de que a vida não lhe deixou nada. Se um presente como a presença da sua mãe não o satisfaz, você provavelmente não se contentará com nada, mesmo que seja presidente de uma grande empresa ou rei do universo. Eu sei que o Criador não é feliz, pois Ele surge espontaneamente e não tem a riqueza de possuir mãe.<br />Gostaria de lhe contar uma história. Por favor, não pense que agi de modo irrefletido. Se não fosse isso, minha irmã não teria se casado e eu não teria me tornado monge. Em todo caso, nós dois deixamos nossa mãe – ela para levar uma vida nova ao lado do homem que amava; eu, para seguir um ideal de vida que adorava. Na noite em que minha irmã se casou, minha mãe estava tão preocupada com mil e uma coisas que nem parecia triste. No entanto, quando nos sentamos à mesa para uma refeição ligeira enquanto esperávamos os que viriam a ser parentes da minha irmã, vi que minha mãe não tinha comido nada. Ela disse: “Durante 18 anos minha filha fez as refeições conosco, e hoje é a última refeição que faz aqui antes de ir para a casa de outra família, e é lá que ela vai passar a fazê-las”. Minha irmã chorou, abaixou a cabeça até quase encostá-la no prato e disse: “Mãe não quero me casar”. Mas mesmo assim se casou. Quanto a mim, deixei minha mãe para me tornar monge. Para felicitar os que estão firmemente decididos a se afastar das suas famílias para serem monges, costumamos dizer que estão trilhando o caminho da compreensão, porém não me sinto orgulhoso por isso. Eu amo minha mãe, mas também tenho um ideal e, para segui-lo, tive que me afastar dela – tanto pior para mim. Na vida, muitas vezes temos que fazer escolhas difíceis. Não podemos pegar dois peixes ao mesmo tempo, um em cada mão. É complicado, mas, se aceitamos crescer, temos necessariamente que aceitar o sofrimento. Não me arrependo por ter deixado minha mãe para me tornar monge, porém lamento ter tido que fazer essa escolha. Não pude aproveitar a oportunidade de me beneficiar totalmente desse tesouro precioso. Todas as noites oro por ela, mão não posso mais saborear a excelente banana ba huong, o arroz-doce nep mot da melhor qualidade e a deliciosa cana-de-açúcar mia lau. Por favor, não pense que estou sugerindo que você abandone sua carreira e fique em casa ao lado da sua mãe. Já disse que não pretendo dar conselhos nem lições de moral. Só quero lembrá-lo de que a mãe é ternura, é amor. Portanto, você, irmão, irmã, não a esqueça. O esquecimento cria uma perda imensa, e eu não desejo que você, por ignorância ou falta de atenção, precise suportar essa perda. Alegremente coloco uma flor vermelha – uma rosa – na sua lapela para que se sinta feliz. Isso é tudo.<br /></span>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6900931992198021650.post-40429321535794696702009-05-03T23:14:00.002-03:002009-05-04T15:31:54.432-03:00Retiro e Palestras - São Paulo / Rio de Janeiro / Curitiba / Recife - Setembro 2009Queridos Amigos,<br />Em setembro de 2009 receberemos a visita de dois monges de Plum Village, centro de prática na tradição do mestre zen Thich Nhat Hanh. Os Irmãos Thây Pháp Dung e Thây Pháp Uyen passarão um mês no Brasil, nas cidades de Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Recife.<br />Em São Paulo teremos palestras abertas ao público nos dias 9 e 10 de setembro às 19:00h na FNAC - Pinheiros - Praça dos Omaguás, 34.<br />O retiro acontecerá nos dias 11, 12 e 13 de setembro, no Spa Ch’an Tao, em Jundiaí (<a href="http://www.spachantao.com.br/" target="_blank">http://www.spachantao.com.br/</a>).<br />Leia abaixo, mais informações sobre o retiro. Para mais informações sobre Thich Nhat Hanh, seus ensinamentos, monastérios e atividades de Budismo Engajado, acesse <a href="http://www.plumvillage.org/" target="_blank">http://www.plumvillage.org/</a>, <a href="http://www.deerparkmonastery.org/" target="_blank">http://www.deerparkmonastery.org/</a>. Para ser um patrocinador do evento, entre em contato com <a href="mailto:sangaplenaconsciencia@gmail.com">sangaplenaconsciencia@gmail.com</a>.<br /><br />Ficha de inscrição para o Retiro - acesse: <a href="http://www.viverconsciente.com/retiro2009/ficha_inscr_SP_2009.doc" target="_blank">http://www.viverconsciente.com/retiro2009/ficha_inscr_SP_2009.doc</a> - após preenchimento, favor enviar para email <a href="mailto:sangaplenaconsciencia@gmail.com">sangaplenaconsciencia@gmail.com</a>.<br /><br /><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6900931992198021650#" name="ToggleMore">Leia mais...</a><span class="collapse"><br /><br />Este ano traremos novamente monásticos da tradição de Thich Nhat Hanh (mestre zen-budista vietnamita) para conduzirem retiros e palestras aqui no Brasil. Aqueles que conhecem a comunidade de Thich Nhat Hanh e seus monastérios (Plum Village, na França, e Deer Park, na Califórnia, EUA) sabem que o número de monásticos é pequeno para atender à grande quantidade de retiros solicitados por vários países do mundo. Neste sentido, somos profundamente gratos aos monges por atenderem ao pedido das Sanghas brasileiras e virem ao Brasil novamente, pelo terceiro ano consecutivo.<br />AGENDA PRELIMINAR: Dia 11 (sexta-feira) Check-in a partir das 15h (não inclui almoço) 18h15 às 19h45 - Jantar 20h - Palestra de abertura com os monásticos e orientações básicas sobre o retiro. Dia 12 (sábado) Programação ao longo de todo o dia (palestras, meditação sentada, meditação caminhando, discussões do Dharma, entre outras atividades). Dia 13 (domingo) Programação no período da manhã e encerramento do retiro após o almoço. Possivelmente haverá uma cerimônia de transmissão dos 5 Treinamentos da Plena Consciência (5 Mindfulness Trainings) para aqueles que desejarem tomar os 5 Preceitos na tradição de Thich Nhat Hanh (a confirmar). Mais adiante enviaremos a agenda final do retiro, com uma descrição mais detalhada das atividades de cada dia.<br />CHECK-IN E JANTAR NA PRIMEIRA NOITE: O check-in estará liberado a partir das 15h de sexta-feira (dia 11/09). Obs: O Spa Chan Tao não dispõe de serviços de hotelaria e estará atendendo exclusivamente à Sangha durante o período, portanto é importante que aqueles que queiram jantar no Spa no dia da chegada estejam no refeitório até as 19h30. TRANSPORTE Em vez de contratarmos vans, assim como nos anos anteriores optamos por organizar caronas entre os próprios participantes do grupo. Caso tenha interesse em participar do esquema de caronas, não deixe de preencher o espaço correspondente, na ficha de inscrição.<br />O QUE LEVAR: O Spa Chan Tao está localizado em plena Serra do Japi. É importante levar agasalhos e, para aqueles que desejarem, mantas ou xales para a meditação. Solicitamos usar roupas discretas, que não exponham demasiadamente o corpo, e evitar perfumes fortes). Há almofadas para meditação no local, mas aqueles que quiserem poderão trazê-las também. Repelente, filtro solar, boné ou chapéu (para a meditação caminhando), guarda-chuva e lanterna são ítens importantes.<br />ROUPA DE CAMA E BANHO: O Spa fornecerá toalhas, lençóis, um edredon e cobertor por participante, mas aqueles que quiserem poderão trazê-los também.<br />ALIMENTAÇÃO E MEDICAMENTOS A alimentação será ovo-lacto-vegetariana. Infelizmente, não será possível adaptar o cardápio a necessidades individuais. Pedimos àqueles com restrições alimentares que levem sua própria dieta (que deverá, preferencialmente, permanecer vegetariana). No caso de tratamento médico específico, pedimos aos participantes que levem seu próprios medicamentos.<br />VALORES E CONDIÇÕES DE PAGAMENTO: Apartamento individual (apenas 02 unidades disponíveis): R$420/pessoa Apartamento duplo: R$380/pessoa (poucas unidades disponíveis) Apartamento triplo: R$320/pessoa Apartamento quádruplo: R$270/pessoa Os valores acima incluem o retiro, jantar de sexta-feira, todas as refeições de sábado, e café-da-manhã e almoço de domingo. O total poderá ser parcelado em até 4 pagamentos. Para se inscrever, acesse <a href="http://www.viverconsciente.com/retiro2009/ficha_inscr_SP_2009.doc" target="_blank">http://www.viverconsciente.com/retiro2009/ficha_inscr_SP_2009.doc</a>, ou entre em contato através do email <a href="mailto:sangaplenaconsciencia@gmail.com">sangaplenaconsciencia@gmail.com</a>. Sua inscrição será efetuada após confirmação (ficha de inscrição a ser enviada por email pela Sangha Plena Consciência) da disponibilidade da opção escolhida e pagamento da primeira parcela. As vagas são limitadas.<br /><br /><br /></span><span class="collapse"></span>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6900931992198021650.post-61872183457052558992009-04-22T09:29:00.000-03:002009-04-22T09:33:54.260-03:00Mantra para os doentesNo tempo do Buda havia um leigo cujo nome era Anathapindika. Ele tinha um coração bom. Era um negociante rico, empresário, e gastou muito tempo e dinheiro cuidando de pessoas pobres, pessoas que eram abandonadas, crianças, órfãos, e assim por diante. Anathapindika teve grande prazer servindo ao Buda e à Sangha, e a família dele era uma família feliz porque sua esposa e todas as três crianças seguiam os ensinamentos do Buda. (...)<br /><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6900931992198021650#" name="ToggleMore">Leia mais...</a><span class="collapse"><br /><br />Anathapindika estava muito doente, perto da morte, após servir ao Buda durante aproximadamente trinta anos. O Buda foi até ele e o visitou, e depois disso encarregou Venerável Shariputra um dos melhores discípulos para cuidar de Anathapindika. Um dia Shariputra soube que Anathapindika estava extremamente doente, e poderia falecer a qualquer momento, então pediu ao seu irmão mais jovem no Dharma, o Venerável, Ananda que fosse com ele para uma visita. Quando Anathapindika viu ambos, ficou muito alegre. Shariputra perguntou, “Querido amigo, Anathapindika, como você sente em seu corpo? A dor em seu corpo está aumentando ou está diminuindo?”, Anathapindika disse, “Veneráveis, a dor em mim está aumentando todo o tempo. Eu sofro muito, não diminui.” Shariputra disse, “Por que nós não praticamos meditação nas Três Jóias? Vamos praticar, inspirando e expirando e focalizando nossa atenção no Buda maravilhoso, o Dharma maravilhoso, e na Sangha maravilhosa.” Assim, dois monges apoiaram um leigo praticante num momento muito crucial. <br /><br />Shariputra era uma pessoa extremamente inteligente. Ele era o braço direito do Buda, tomava conta da comunidade de monges, ensinando a muitos deles como um irmão mais velho. Ele sabia o que o agonizante Anathapindika precisava exatamente. Assim ele ofereceu meditação em primeiro lugar nas Três Jóias, porque ele sabia muito bem que a maior alegria de Anathapindika era servir ao Buda e à Sangha. Ele tinha feito tudo para fazer o Buda e a Sangha confortáveis. Meditando no Buda e na Sangha traria a alegria e a felicidade que contrabalançariam a dor no corpo.<br /><br />Todos nós temos que aprender isto, porque em nós há sementes de sofrimento, e há sementes de alegria. Se você souber tocar as sementes de alegria, elas serão regadas e as energias de felicidade e alegria serão fortes o bastante para contrabalançar a dor e para fazer a pessoa sofrer menos. O Buda é aquele que tem a capacidade de estar lá, de estar atento, de entender, de ser capaz de amar e aceitar, de ser jovial. Depois de meditar no Buda, eles meditaram no Dharma. O Dharma é um caminho que pode trazer um alívio de alegria e paz, não precisamos esperar. O Dharma não é uma promessa de felicidade no futuro. A prática do Dharma não é uma questão de tempo. Assim que você abraça o Dharma e pratica, começa a adquirir alívio e transformação imediatamente. A Sangha está composta de amigos que praticam concentração, plena consciência, sabedoria, alegria, e paz. Deixar sua mente tocar essas jóias maravilhosas pode regar as sementes de felicidade.<br /><br />Depois de aproximadamente dez minutos praticando assim, Anathapindika se sentia já muito melhor. Da próxima vez que você sentar perto de uma pessoa agonizante, poderia praticar deste modo. Você deve estar lá, presente cem por cento, com estabilidade, solidez, e paz. Isto é muito importante. Você é o apoio daquela pessoa agonizante, e ela precisa muito de sua estabilidade, sua paz. Para acompanhar uma pessoa agonizante, você precisa dar seu melhor, mas não espere até aquele momento para praticar. Você deve praticar em sua vida diária cultivando sua paz, sua solidez. Você olha na pessoa e reconhece as sementes de felicidade que estão enterradas profundamente, e apenas rega estas sementes. Todo mundo tem sementes de felicidade. Naquele momento você deve conversar com ele ou ela, e usar meditação guiada para ajudar a tocar as sementes de felicidade dentro dele ou dela. <br /><br />Vários anos atrás eu estava indo dirigir um retiro, e soube que nosso amigo Alfred Hassler estava morrendo em um hospital católico. Assim nós paramos e ficamos algum tempo com ele. Alfred foi muito ativo durante a guerra de Vietnã. Era o diretor do Fellowship of Reconciliation em Nova Iorque, e nos apoiou de todo o coração trazendo a mensagem de paz das pessoas vietnamitas, trabalhando muito duro para conseguir um cessar-fogo e uma negociação entre as partes em guerra. Quando chegamos, Alfred estava em coma e sua filha estava tentando chamá-lo de volta, “Alfred, Alfred, o Thây está aqui, Monja Chân Không está aqui!” Mas ele não voltou. Eu pedi que a Monja Chân Không cantasse uma canção que foi escrita por mim e as palavras foram tiradas diretamente do Samyutta Nikaya:<br /><br />“Estes olhos não são eu, eu não sou apegado a estes olhos. Eu sou vida sem limites, eu nunca nasci, eu nunca morrerei. Olhe para mim, sorria para mim, pegue minha mão. Nós dizemos adeus agora, mas nos veremos depois. E nos encontraremos em toda caminhada da vida.”<br /><br />Monja Chân Không começou a cantar aquela canção suavemente. Você poderia pensar que como Alfred estava em um coma, não poderia ouvir. Mas depois de cantar duas ou três vezes suavemente, Alfred voltou a si, acordou. Portanto você pode falar com uma pessoa que está em coma. Não se desencoraje, fale com ele ou com ela como se ele estivesse acordado. Há um modo de comunicar.<br /><br />Sua filha Laura disse, “Alfred, você sabe que Thây está aqui com você, Monja Chân Không está aqui com você.” Alfred não pôde falar, mas seus olhos provaram que ele estava atento e sabia que estávamos lá. Eu massageei os seus pés e perguntamos se ele estava atento ao toque de minha massagem. Quando a Laura perguntou, os olhos dele responderam que ele sim. Quando você estiver morrendo, pode ter um sentimento muito vago de seu corpo; não sabe exatamente se seu corpo está lá. Assim se alguém esfrega ou massageia seus braços ou pés ajuda a restabelecer a consciência que o corpo ainda está lá.<br /><br />Monja Chân Không começou a praticar precisamente como Shariputra. Ela começou a regar as sementes de felicidade em Alfred. Embora não tivesse gasto seu tempo a serviço do Buda e da Sangha, ele gastou muito do seu tempo para paz. Assim, Monja Chân Không estava regando as sementes do trabalho de paz nele. “Alfred, você se lembra do tempo que você estava em Saigon e estava esperando para ver o monge superior Tri Quang? Por causa do bombardeio americano, Tri Quang não estava disposto a ver qualquer ocidental. Lembra que você tinha uma carta do Thây e quis entregá-la a Tri Quang? Não lhe permitiram entrar, assim você se sentou no lado de fora da porta dele, e passou por debaixo da porta uma mensagem dizendo que ia observar jejum até que a porta fosse aberta. Mas você não teve que esperar muito tempo, apenas dez minutos. Depois disso, Tri Quang abriu a porta e o convidou para entrar. Você se lembra Alfred?” Ela tentou refrescar as recordações destes eventos felizes. Todos estes tipos de recordações retornaram a ele. <br /><br />Monja Chân Không continuou praticando, precisamente como Shariputra. Em certo momento, Alfred abriu a boca e disse “Maravilhoso, maravilhoso,” duas vezes, e isso foi tudo. Um ou dois minutos depois ele caiu novamente no coma e nunca mais voltou. Tínhamos que ir, por isso recomendei que deveriam continuar com o mesmo tipo de prática: massageando e regando as sementes de felicidade nele. E nós partimos. No início do dia seguinte recebemos um telefonema dizendo que Alfred tinha morrido muito pacificamente, apenas uma hora e meia depois que partimos. Parece que estava esperando por nós, e depois daquele encontro ficou completamente satisfeito e morreu em paz.<br /><br />Cada um de nós tem esse tipo de semente, sementes de felicidade, sementes de paz e calma. Se nós soubermos tocar, podemos ajudar uma pessoa agonizante a morrer pacificamente. Temos que dar nosso melhor durante esse período, temos que estar tranqüilos, sólidos, calmos, e presentes para ajudar uma pessoa morrendo. A prática budista de tocar a Dimensão Última deveria ser praticada em nossa vida diária e não deveria esperar até que nós estejamos a ponto de morrer para praticar. Porque se nós soubermos praticar profundamente o toque do mundo fenomenal em nossa vida diária, poderemos tocar o mundo do Absoluto, a última dimensão de realidade em nossa vida diária.<br /><br />Quando você bebe sua xícara de chá, quando você olha para a lua cheia, quando você segura a mão de um bebê, ou caminha com uma criança, se você faz isto muito profundamente, em plena consciência, com concentração, você pode tocar a última dimensão de realidade, e esta é a nata do ensinamento budista, tocar a Dimensão Última. <br /><br />Outro dia nós falamos sobre a onda. Enquanto vive a vida de uma onda, ela também ao mesmo tempo pode viver a vida de água dentro dela. Ela não tem que morrer para se tornar água, porque a onda já é água no momento presente. Cada um de nós tem sua última dimensão, vocês podem chamar isto “o reino de Deus,” ou nirvana, ou qualquer coisa. Mas isso é nossa dimensão última, a dimensão última de nossa realidade. Se em nossa vida diária nós vivermos superficialmente, nós não podemos tocar isto. Mas se nós aprendermos a viver nossa vida diária profundamente, poderemos tocar o nirvana, o mundo do não nascimento e da não morte, aqui e agora. Isso é o segredo da prática que pode nos ajudar a transcender o medo do nascimento e da morte. <br /><br />Depois de ter guiado Anathapindika para regar as suas sementes de felicidade, o Venerável Shariputra continuou com a prática de olhar profundamente: “Querido amigo Anathapindika, agora é hora de praticar a meditação nos seis sentidos. Inspire e pratique comigo, expire e pratique comigo. Esta visão não sou eu, eu não sou apegado a estes olhos. Este corpo não sou eu, eu não sou apegado a este corpo. Eu sou vida sem limites. O deteriorar deste corpo não significa o meu fim. Eu não sou limitado a este corpo”.<br /><br />Assim eles continuaram praticando para abandonar a idéia que somos este corpo, somos estes olhos, somos este nariz, somos esta língua, somos esta mente. Eles também meditaram nos objetos dos seis sentidos: “Formas não sou eu, sons não sou eu, cheiros não sou eu, gostos não sou eu, contatos com o corpo não sou eu; Eu não estou preso nestes contatos com o corpo. Estes pensamentos não sou eu, estas noções não sou eu, eu não estou preso nestes pensamentos e nestas noções.”<br /><br />Então eles meditaram nos seis elementos: “O elemento de terra em mim não sou eu, eu não estou apegado ao elemento terra. O elemento água em mim não sou eu, eu não estou apegado no elemento de água.” Então eles continuaram com os elementos de ar, espaço, fogo, e consciência. <br /><br />Finalmente eles fizeram a meditação de ser e não-ser, vindo e indo. “Querido amigo Anathapindika, tudo o que surge é por causa de causas e condições. Tudo tem a natureza de não nascer e não morrer, não chegar e não partir. Quando olhamos para esta folha de papel, você poderia pensar que há um momento quando a folha de papel começou a ser e haverá um momento quando esta folha de papel deixará de ser. Descarte essa idéia”. Pensamos que antes do nosso nascimento, não existíamos, e pensamos que depois que morremos que poderíamos nos tornar nada. Porque em nossa mente temos a idéia que nascer significa “de nada nos tornamos algo de repente.” Nossa noção de nascimento é de ninguém se tornar alguém de repente. Mas como é possível que do nada algo pudesse se tornar algo, de ninguém se tornar alguém? Isso é muito absurdo. <br /><br />Olhe para esta folha de papel. Podemos pensar que o momento de seu nascimento foi quando a pasta se transformou nesta folha de papel. Mas esta folha de papel não nasceu do nada! Se nós olharmos profundamente neste pedaço de papel, vemos que ela já estava lá antes seu “nascimento”, na forma de uma árvore, na forma de água, na forma de sol, porque com a prática de olhar profundamente podemos ver a floresta, a terra, o sol, a chuva, tudo na folha de papel. Assim o denominado “aniversário” da folha de papel é só um “dia de continuação.” A folha de papel já estava lá há muito tempo em várias formas. O “nascimento” da folha de papel é só uma continuação. Não deveríamos nos enganar pelo aparecimento. Sabemos que a folha de papel nunca nasceu realmente. Esteve sempre lá, porque a folha de papel não veio do nada. Do nada, você se torna algo de repente? De ninguém, você se torna alguém de repente? Isso é muito absurdo. Nada pode ser desse modo. <br /><br />Assim o dia de nosso nascimento é só um dia de continuação e praticar meditação é olhar profundamente em nós mesmos, ver nossa verdadeira natureza. Nossa verdadeira natureza é a natureza de nenhum nascimento e nenhuma morte. Pensamos que nascer significa do nada nos tornamos algo. Essa idéia, essa noção está errada, porque você não pode demonstrar esse fato. Não só esta folha de papel, mas aquela flor, este livro, eles eram qualquer outra coisa antes que tivessem “nascido.” Assim nenhum ser nasce do nada. O cientista francês Lavoisier disse “Rien ne se crée,” nada é produzido. Não há nenhum nascimento. O cientista não é professor de Budismo, mas ele falou exatamente com o mesmo tipo de palavras que são achadas no Sutra do Coração. “Rien ne se crée, rien ne se perd,” nada é produzido, nada morre. A mesma verdade é falada da boca de um cientista. <br /><br />Vamos tentar queimar esta folha de papel para ver se podemos reduzir isto a nada. Esteja atento e observe. Nós sabemos que é impossível reduzir qualquer coisa a nada. Você notou a fumaça que subiu. Onde está agora? Parte da folha de papel se tornou fumaça, e se uniu a uma nuvem. Poderemos ver o papel amanhã novamente na forma de um pingo de chuva. Isso é a verdadeira natureza da folha de papel. Não é muito difícil entendermos a ida e vinda de uma folha de papel. Reconhecemos que aquela parte do papel ainda esta lá, em algum lugar no céu na forma de uma pequena nuvem. Assim podemos dizer, “Até logo, adeus, a vejo amanhã novamente.”<br /><br />Portanto, não apenas as noções de nascimento e morte nos prendem ao nosso medo, mas as noções de ser e não-ser também tem que ser transcendidas. Isso é a nata dos ensinamentos budistas, silenciar todas as noções e idéias, inclusive noções de nascimento e morte, ser e não-ser. <br /><br />O que é Nirvana? Nirvana é o apagar de todas as noções, as noções que são a fundação do medo e do sofrimento. (...) <br /><br />Quando condições são suficientes há uma manifestação, e se você perceber aquela manifestação, você qualifica isto como sendo. Se condições não são mais suficientes, você não pode perceber, qualifica isto como não-sendo. Você está apegado a essas duas noções. É como se você entrasse em Plum Village em abril e olhando você não vê nenhum girassol. Você diz que não há nenhum girassol. Isso não é verdade. As sementes de girassol foram plantadas. Tudo está pronto. Apenas os fazendeiros, dando uma olhada nas colinas ao redor de Plum Village, já podem ver girassóis. Mas como você não está acostumado a isto, tem que esperar até o mês de julho para reconhecer, perceber os girassóis. Se está fora de sua percepção, você qualifica isto como “sendo” ou “não sendo", desta forma você perde a realidade.<br /><br />Na meditação profunda, temos que transcender todas estas idéias, todas estas noções, e poderemos ver o que outras pessoas não podem ver. Olhando a flor você pode ver o lixo, pode ver a nuvem, pode ver a terra, pode ver o sol. Sem muito esforço, pode ver que uma flor interconecta com tudo mais, inclusive com o sol e com a nuvem. Nós sabemos que se retirarmos o sol ou a nuvem, a flor será impossível. A flor está lá porque condições são suficientes para isto; nós percebemos isto e dizemos, “A flor existe.” E quando estas condições não estão juntas e você não percebe isto, então diz, “não está lá”.<br /><br />Somos apegados à nossas noções de ser e não-ser. A dimensão última de nossa realidade não pode ser expressa em termos de ser e não-ser, nascimento e morte, ida e vinda. É como a água que é a substância das ondas. Falando sobre a onda, você pode falar do “nascimento” de uma onda, a “morte” de uma onda. A onda pode ser “alta” ou “baixa,” “isto” ou “outro,” “mais” ou “menos” bonito, mas não podem ser aplicadas todas estas noções e condições para a água, porque a água é a outra dimensão das ondas.<br /><br />Assim, a dimensão última de nossa realidade está em nós, e se pudermos tocar isto, transcenderemos o medo de ser e não-ser, nascimento e morte, ida e vinda. Para meditadores budistas, “ser ou não ser,” não é a questão! Porque eles são capazes de tocar a realidade de nenhum nascimento e nenhuma morte; nenhum ser, nenhum não-ser. Você tem que transcender os conceitos de ser e não ser, por que estes conceitos constituem a base de seu medo. Seria uma pena se só praticássemos para adquirir um tipo de alívio relativo. O maior alívio só é possível quando você tocar o nirvana.<br /><br />Quando Anathapindika praticou com os monges ficou tão comovido que adquiriu insight imediatamente. Ele pôde tocar a dimensão do não-nascimento e não-morte. Foi libertado da idéia de que ele é este corpo. Ele se libertou das noções de nascimento e morte, das noções de ser e não-ser, e de repente adquiriu o não-medo.<br /><br />Se você for um psicoterapeuta, um assistente social, ou se você tiver que ajudar uma pessoa agonizante, é crucial que você estude este tipo de ensinamento e ponha isto em prática na sua vida diária. Se você simplesmente é um praticante que gostaria de aprofundar sua prática, que quer adquirir libertação de seu medo, de sua falta de estabilidade, de sua raiva, então o estudo e prática deste sutra o ajudará a adquirir mais estabilidade, mais paz, e especialmente a base de não-medo, de forma que quando o momento vier, você poderá confrontar isto de um modo muito tranqüilo e fácil porque todos nós vamos morrer algum dia.<br /><br />Em minha vida diária eu pratico sempre dando uma olhada nas coisas e pessoas ao meu redor, e já posso ver minha continuação nesta flor, ou naquele arbusto, ou naquele monge jovem, ou naquela monja jovem. Eu vejo que nós pertencemos à mesma realidade, estamos fazendo nosso melhor como uma Sangha, levando pouco a pouco as sementes do Dharma para todos lugares, fazendo as pessoas ao nosso redor felizes. Assim não vejo a razão pela qual eu tenha que morrer, porque posso me ver em vocês, em outras pessoas, em muitas gerações. É por isso que prometi às crianças que estarei escalando a colina no século 21 com elas. Do topo da colina, no ano 2050, estarei olhando para baixo e desfrutarei o que estiver lá junto com os jovens. O jovem monge Phap Canh que tem agora vinte e um anos, no topo da colina terá setenta e cinco! E claro que eu estarei com ele, de mãos dadas, e olharemos para baixo para ver a paisagem do século 21 juntos.<br /><br />(Discussão de Dharma dada por Thich Nhat Hanh no dia 11 de agosto de 1996 em Plum Village, França)<br /></span>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6900931992198021650.post-70006869436753491272009-04-07T23:28:00.001-03:002009-04-07T23:28:51.634-03:00Amar-seEsta é uma meditação sobre o amor adaptada do Visuddhimagga:<br /><br />Que eu possa eu estar em paz, feliz e leve de corpo e espírito.<br />Que ele/ela possa estar em paz, feliz e leve de corpo e espírito.<br />Que eles possam estar em paz, felizes e leves de corpo e espírito.<br /><br />Que eu possa viver em segurança e livre de males.<br />Que ele/ela possa viver em segurança e livre de males.<br />Que eles possam viver em segurança e livres de males.<br /><br />Que eu possa estar livre de raiva, aflições, medo e ansiedade.<br />Que ele/ela possa estar livre de raiva, aflições, medo e ansiedade.<br />Que eles possam estar livres de raiva, aflições, medo e ansiedade.<br /><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6900931992198021650#" name="ToggleMore">Leia mais...</a><span class="collapse"><br /><br />A prática da meditação sobre o amor deve ter início por nós mesmos ("eu"). Enquanto não formos capazes de nos amar e cuidar de nós, não podemos ser muito úteis para ninguém. Depois, podemos dedicar a prática a outras pessoas ("ele/ela”, "eles"): primeiro, a alguém de quem gostamos; depois, a alguém que nos é indiferente; em seguida, a quem amamos; e, finalmente, à pessoa cuja simples lembrança nos faz sofrer.<br /><br />Iniciamos essa atividade examinando a fundo o skandha da forma, que é nosso corpo. De acordo com o Buda, o ser humano compõe-se de cinco skandhas (elementos, ou agregados): forma, sentimentos, percepções, formações mentais e consciência. Somos o rei, e esses elementos são nosso território. Para tomarmos conhecimento da real situação que há dentro de nós, devemos pesquisar minuciosamente nosso território, inclusive ver os elementos que estão em guerra uns contra os outros. Para criarmos harmonia e conciliação em nosso interior, tornando-o saudável, devemos compreender a nós mesmos. A meditação sobre o amor começa quando passamos a observar e escutar cuidadosamente enquanto pesquisamos nosso território.<br /><br />De início perguntamos: como está meu corpo neste momento? Como estava no passado? Como estará no futuro? Mais tarde, ao praticarmos a meditação sobre alguém de quem gostamos, alguém indiferente, alguém que amamos e alguém que odiamos, também começaremos vendo os aspectos físicos. Inspirando e expirando, visualizamos seu rosto, seu jeito de caminhar, sentar-se e conversar; seu coração, pulmões, rins e todos os órgãos do corpo, detendo-nos o tempo necessário para que esses detalhes se manifestem na consciência. Mas sempre devemos começar por nós mesmos. Quando enxergamos com clareza nossos cinco skandhas, a compreensão e o amor surgem de modo natural, e ficamos sabendo o que fazer e o que não fazer para cuidarmos melhor de nós mesmos.<br /><br />Verificamos se nosso corpo está em equilíbrio ou se está sofrendo de alguma doença. Analisamos as condições dos pulmões, do coração, do intestino, dos rins e do fígado, tomando conhecimento das suas necessidades reais. Isso nos leva a comer, beber e agir de uma forma que demonstra amor e compaixão pelo nosso corpo. Em geral, nos limitamos a seguir hábitos arraigados. Mas, quando pensamos bem, constatamos que muitos desses condicionamentos prejudicam o corpo e a mente, e é nesse momento que nos dispomos a trabalhar para transformá-los com o objetivo de obter saúde e vitalidade.<br /><br />Em seguida, passamos a observar nossos sentimentos - tanto os agradáveis quanto os desagradáveis ou neutros. Os sentimentos fluem em nós como um rio, e cada um deles é uma gota d'água. Olhamos com muita atenção para esse rio, vendo como cada um dos sentimentos surge. Pensamos naqueles que até agora nos impediram de ser felizes e fazemos o melhor possível para transformá-los. Praticamos entrando em contato com os elementos maravilhosos, renovadores e curativos que já existem em nós e no mundo. Dessa forma, ficamos mais fortes e aumentamos a capacidade de nos amar e de amar os outros.<br /><br />Depois começamos uma meditação sobre nossas percepções. O Buda fez a seguinte observação: ''A pessoa que mais sofre neste mundo é a que tem muitas percepções errôneas. E a maioria das nossas percepções é errônea". Vemos uma cobra no escuro e entramos em pânico; mas, quando um amigo acende a luz, descobrimos que é apenas uma corda. Precisamos saber quais são as percepções errôneas que nos fazem sofrer. Devemos escrever a frase "Você tem certeza?” em um pedaço de papel e pregá-lo na parede. A meditação sobre o amor nos ensina a enxergar com clareza e serenidade, a fim de melhorarmos nossa percepção.<br /><br />Prosseguindo, devemos observar nossas formações mentais, as idéias e tendências existentes dentro de nós que nos levam a falar e agir de determinada maneira. Praticamos analisando intensamente para descobrir a verdadeira natureza das nossas formações mentais - como somos influenciados por nossa consciência individual e também pela consciência coletiva da família, dos nossos ancestrais e da sociedade. Formações mentais perniciosas causam muita perturbação, enquanto as que são saudáveis geram amor, felicidade e libertação.<br /><br />Finalmente, examinamos nossa consciência. Segundo o budismo, a consciência assemelha-se a um campo onde se encontram todos os tipos de sementes possíveis - sementes de amor, compaixão, alegria e equanimidade; sementes de raiva, medo e ansiedade; além de sementes de atenção plena. A consciência é o depósito que contém todas essas sementes, tudo o que é possível surgir na nossa mente. Quando a mente não está em paz, a causa pode estar nos desejos e sentimentos que se encontram na nossa consciência armazenadora. Para vivermos em paz, temos que estar conscientes das nossas tendências - as energias do hábito - e dessa forma exercitar o autocontrole. Essa é a prática dos cuidados preventivos com a saúde. Analisamos profundamente a natureza dos nossos sentimentos para descobrir suas raízes e identificar os que precisam ser transformados e nutrir os que proporcionam paz, alegria e bem-estar.<br /><br /> Certo dia, o rei Prasenajit, de Koshala, perguntou à rainha Mallika:<br /> - Minha querida esposa, existe alguém que a ame tanto quanto eu?<br /> A rainha sorriu e respondeu:<br />- Meu querido esposo, existe alguém que o ame mais do que você mesmo?"<br /><br />No dia seguinte contaram ao Buda a conversa que tiveram, e ele disse: "Vocês estão certos. Não existe ninguém no universo de quem gostemos mais do que de nós mesmos. A mente pode viajar em milhares de direções, mas não encontrará ninguém mais amado. No momento em que vemos o quanto é importante amar a nós mesmos, deixamos de causar sofrimento às pessoas.”<br /><br /> O rei Prasenajit e o Buda tornaram-se muito amigos. Um dia, quando estavam sentados em Jeta Grove, o rei disse ao Buda:<br />- Mestre, há pessoas que pensam que se amam, mas que constantemente se prejudicam por meio de seus próprios pensamentos, palavras e ações. São as piores inimigas de si mesmas.<br /> O Buda concordou:<br />- As pessoas que se ferem por meio de seus pensamentos, palavras e ações são, na verdade, as piores inimigas de si mesmas. Elas causam seu próprio sofrimento.<br /><br />Em geral, acreditamos que a causa do nosso sofrimento está nos outros - nos pais, no parceiro ou na parceira, nos inimigos. No entanto, por esquecimento, raiva ou ciúme, dizemos ou fazemos coisas que causam dor a nós e aos outros. Em outra ocasião, o Buda disse ao rei Prasenajit: "As pessoas costumam pensar que se amam. Mas, por não terem a atenção plena, dizem e fazem coisas que lhes trazem sofrimento.” Quando descobrimos essa verdade, deixamos de culpar os outros por nossa dor. A partir desse momento, procuramos nos amar e cuidar de nós mesmos, nutrindo nosso corpo e nossa mente.<br /><br />Para praticar a meditação do Visuddhimagga sobre o amor, devemos nos sentar tranqüilamente e acalmar o corpo e a respiração recitando: "Que eu possa estar em paz, feliz e leve de corpo e espírito. Que eu possa viver em segurança e livre de males. Que eu possa estar livre de raiva, aflições, medo e ansiedade." A posição sentada é maravilhosa para essa prática. Quando sentados quietamente, não ficamos tão preocupados com outros assuntos e assim podemos ver profundamente como somos, cultivar o amor por nós mesmos e determinar a melhor maneira de expressar esse sentimento no mundo.<br /><br />A prática começa com uma aspiração: "Que eu possa ser...” Depois, transcendemos o nível de aspiração e examinamos profundamente todas as características positivas e negativas do objeto da nossa meditação, que, neste caso, somos nós mesmos. Essa vontade de amar ainda não é amor. Nós nos empenhamos intensamente, com todo o nosso ser, para compreender. Não nos limitamos a repetir palavras nem a imitar os outros e, tampouco, a lutar em busca de um ideal. A prática da meditação sobre o amor não é auto-sugestão. Não basta dizermos "Amo a mim mesmo. Amo todos os seres': Se observarmos profundamente nosso corpo, nossos sentimentos, nossas percepções, nossas formações mentais e nossa consciência, em poucas semanas a aspiração ao amor começará a se transformar em uma profunda intenção. O amor vai penetrar em nossos pensamentos, palavras e ações, e perceberemos que estamos ficando em paz, felizes e leves de corpo e espírito; que vivemos em segurança e livres de males; e livres de raiva, aflições, medo e ansiedade.<br /><br />Quando estivermos nos dedicando a essa prática, devemos observar quanta paz, felicidade e suavidade já conseguimos. Temos que perceber se estamos preocupados com acidentes ou com falta de sorte, além de identificar o quanto de raiva, irritação, medo, ansiedade ou preocupação ainda existe dentro de nós. À medida que nos conscientizamos dos sentimentos que abrigamos, nosso auto conhecimento se aprofunda. Descobrimos então como os medos e a falta de paz contribuem para a infelicidade e percebemos o valor de nos amarmos e cultivarmos um coração compassivo. Em vez de sentirmos um medo generalizado de acidentes, temos que observar como nos ferimos o tempo todo e tomar as medidas necessárias para minimizar a doença e os males.<br /><br />Precisamos observar profundamente, não só enquanto estamos na almofada de meditação, mas onde quer que estejamos e independentemente do que estejamos fazendo. Vivermos com atenção plena é a melhor maneira de evitar acidentes e nos proteger. Precisamos reconhecer nosso intenso desejo de viver em paz e em segurança, de ter o apoio de que necessitamos e praticar a atenção plena. Talvez seja útil anotarmos algumas das nossas observações e insights. Segundo o Buda, quando compreendermos que aqui na Terra somos as pessoas mais preciosas para nós mesmos e das quais somos mais próximos, deixaremos de nos tratar como inimigos. Essa prática dissolve qualquer desejo que possamos ter de causar mágoas a nós e aos outros também.<br /><br /><br />(Do Livro – Ensinamentos sobre o amor – Thich Nhat Hanh<br /><br /></span>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6900931992198021650.post-67915364100037171512009-04-01T09:42:00.005-03:002009-04-01T10:23:28.723-03:00Carta a Todas as Minhas Crianças Espirituais<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEia8dWkkTbZZVJFIQVOBPYsEh1t8C_KeFKU4t4uK1HUPo_nd-t24a5PG3b7RpSTsvYjs2r4mZoiRxWSSzcQ_aD_vkJhSc266OpCJjpxZcjIZQkOEZbLRfW8PfylN_zfnC8ykFj4lzr38yYL/s1600-h/Th%C3%A2y+passeando+pelo+jardim+com+uma+monja+atendente,+Lower+Hamlet,+Plum+Village.jpg"></a><br /><div>Queridos amigos,</div><br /><div></div><br /><div>Estamos muito felizes em poder publicar a belíssima carta do nosso Thây, carinhosamente traduzida pelo nosso querido irmão Marcelo, que mais uma vez nos proporciona esse momento de felicidade pela oportunidade de estarmos cada vez mais perto do nosso Mestre. Tire alguns minutos do seu dia para essa maravilhosa leitura - Deixe o Buda Respirar; Deixe o Buda Ler. </div><div> </div><div>Para apreciar as maravilhosas fotos que acompanham o texto, acessem o link <a href="http://compartilhandopv.blogspot.com/2009/03/uma-carta-para-todas-as-minhas-criancas.html" target="_blank">http://compartilhandopv.blogspot.com/2009/03/uma-carta-para-todas-as-minhas-criancas.html</a></div><div> </div><div>Marcelo nos escreve, ao encaminhar o texto (que segue abaixo): "Gostaria de compartilhar com vocês a tradução da carta que o Thây nos escreveu em dezembro do ano passado. Demorei, eu sei... É um texto um pouco diferente dos livros, das Palestras do Dharma ou mesmo das cartas abertas à sociedade. Como ele mesmo diz, é uma "carta a todas as minhas crianças espirituais", e tem um tom de crônica, mais íntimo, mais afetuoso."<br /><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6900931992198021650#" name="ToggleMore">Leia mais...</a><span class="collapse"><br /><br />Uma carta para todas as minhas crianças espirituais, agora que o ano se aproxima do fim<br /><br />Cabana do Sentar na Calma (Still Sitting Hut), 5 de Dezembro de 2008<br /><br />Faz sol hoje no Upper Hamlet. Fiz meditação caminhando descendo até o Templo do Sopé da Montanha (Lower Mountain Temple), ao longo da trilha com pinheiros. Da Cabana do Sentar na Calma até a trilha com pinheiros, passei por gramados que estavam cobertos por folhas de carvalho, especialmente ao redor da Cabana da Nuvem Flutuante (Floating Cloud Hut) de Thầy Giác Thanh. O carpete de folhas de carvalho era muito espesso. Havia folhas que ainda estavam frescas, da cor dos robes dos monges Theravada. As árvores deixam cair suas folhas e tornam a terra mais rica – a terra e a árvore nutrem uma à outra – vi isso claramente. Caminhei muito lentamente, para que eu pudesse estar em contato com a dimensão absoluta a cada passo, o que significa estar em contato com o tempo sem fim e o espaço infinito.<br />Estava caminhando por mim mesmo, mas também caminhava por meu pai e mãe, por meu mestre, meus ancestrais, o Buda, e por você. Não vejo separação entre eu e meus pais, meus ancestrais, o Buda, e você. Tudo está presente a cada passo em plena consciência. A gatha “Deixe o Buda respirar, deixe o Buda caminhar” é muito boa. Quanto mais pratico, mais efetiva se torna; é por isso que a pratico regularmente. Esta gatha também pode ser praticada para outras posições, assim como “Deixe o Buda respirar, deixe o Buda sentar”; “Deixe o Buda respirar, deixe o Buda trabalhar”; “Deixe o Buda respirar, deixe o Buda escovar os dentes”. Esta prática é como a de invocar o nome do Buda. “Buda” aqui não é um título; Buda é um ser humano real que está respirando, caminhando, lavando louças, varrendo o chão...<br /><br />Lembrei-me de como, recentemente, no tour pela Índia, eu pratiquei “Aqui é Ấn Độ (Índia), Ấn Độ é aqui” ao invés de “Aqui é Tịnh Độ (a Terra Pura), Tịnh Độ (a Terra Pura) é aqui”. Quando fizemos a meditação caminhando na Rajpath Street em Nova Delhi, pratiquei esta gatha; e ao mesmo tempo pratiquei o caminhar para meu pai, mãe, ancestrais espirituais, e para você. Eu pratiquei: “O Buda está caminhando, o Buda está desfrutando; o Buda está feliz, o Buda é livre. Eu estou caminhando, eu estou desfrutando...” E então “meu pai está caminhando, meu pai está desfrutando...” Quando pratiquei para você, convidei-o a andar com os meus pés: “Eu estou caminhando, eu estou desfrutando...” Cada um e todos vocês estiveram presentes comigo durante toda a viagem à Índia.<br />Minhas crianças, vocês são monásticos (xuất sĩ) e laicos (cư sĩ). “Xuất” significa ir em frente ou sair de, não ter uma posição social elevada, mas ser assimilado pela comunidade monástica. Se a sangha precisa que você vá a algum lugar, então você vai; você não tem um único lugar de morada. “Cư " significa morar; “cư sĩ” também significa “xứ sĩ”, aqueles que não “foram em frente” ou se ordenaram como monásticos, que ainda têm responsabilidade por seus pais mas que também têm a oportunidade de participar da prática e de uma comunidade de quatro partes. As comunidades monástica e laica se apóiam uma à outra, praticando a transformação e ajudando seres vivos. O corpo da sangha é a bela comunidade de quatro partes – monges, monjas, praticantes laicos e praticantes laicas – “tornando reais a harmonia, a plena consciência e a liberação...” O ativista pelos direitos civis Martin Luther King Jr. tinha esperanças de construir uma comunidade assim: uma comunidade que tenha felicidade, irmandade, e também a capacidade de lutar pelo bem da sociedade. Ele a chamava de “adorada comunidade”. É uma pena que ele tenha sido assassinado em Memphis, quando tinha 39 anos de idade, e que esse sonho tão belo em particular não tenha se realizado. Nós somos mais afortunados: somos capazes de construir sanghas por toda a parte, de tal forma que todo lugar se torna a nossa pátria (“O corpo da sangha está por toda a parte; meu verdadeiro lar é aqui mesmo.”) Nós fomos capazes de continuar e de tornar real a aspiração de Martin Luther King: cultivando irmandade em nossa prática diária, vivendo com alegria e ajudando aos outros.<br /><br />Eu me lembro da última vez em que encontrei o Dr. King, na Suíça, à conferência “Pacem in Terris” organizada pelo Conselho Mundial de Igrejas (World Council of Churches), em 1968. O Dr. King estava hospedado com seu assistente no décimo primeiro andar do grande hotel onde a conferência estava acontecendo. Eu estava no térreo, com um único assistente laico. O Dr. King convidou-me a tomar o desjejum com ele, para que pudéssemos conversar. Porque estive ocupado numa entrevista com a imprensa, atrasei-me por meia hora, mas o Dr. King havia mantido o meu desjejum aquecido. Naquele encontro, tive a oportunidade de dizer a ele: “Nossos amigos no Vietnã o apóiam, e o vêem como a um bodhisattva vivo.” Ele ficou muito feliz ao ouvir isso. Toda vez que me recordo daquele encontro alegro-me por ter dito isso a ele, porque ele foi assassinado uns poucos meses depois.<br /><br />A trilha de pinheiros que leva ao templo de Sơn Hạ é uma das mais bonitas em Plum Village. Alguma vez você já caminhou nela comigo? Os pinheiros foram plantados para constituírem uma floresta, em colunas, próximos uns aos outros assim como o corpo da sangha – frescos e verdes durante o ano inteiro. Há cerca de 8000 pinheiros naquela floresta. Na estação seca, costumo parar no meio da trilha e sentar-me sobre o carpete de agulhas dos pinheiros. Se há um atendente comigo, então professor e aluno tomam chá juntos antes de se levantarem e continuarem a caminhar.<br /><br />A cabana em Sơn Hạ onde eu costumo acender o fogo para receber monges e monjas veneráveis, que vêm participar da Grande Cerimônia de Ordenação durante o Retiro de Inverno, costumava ser a casa de uma família de fazendeiros. Por fora parece muito feia; mas por dentro foi reformada de uma maneira adorável e é bastante confortável, especialmente ao redor da lareira na sala de estar. Na chaminé sobre a lareira há uma caligrafia que diz “bois ton thé” – o que significa “beba seu chá”. Em dias frios e de neve, 20 ou 30 de nós se reuniram ali, ao redor da lareira, para beber chá e contar histórias de muitos lugares, pois cada um vem de uma parte diferente. “Nós somos pássaros, que aqui voaram vindos das quatro direções...”<br />Tive de dar um nome àquela cabana em Sơn Hạ . É feia por fora, mas por dentro é muito bonita. Chamei-a de Cabana Pele de Sapo (Toadskin Hut). Isso mesmo! A pele de um sapo, “peau de crapon” em Francês. Quando Dung, o pai do Irmão Pháp Đôn veio pela primeira vez à cabana ele disse: “Por fora ela se parece com a pele de um sapo, mas por dentro se parece com jóias amarelas.” Você conhece essa frase? É a primeira linha de uma adivinhação: “Pele de sapo por fora, jóias amarelas por dentro. Mesmo de longe, você consegue sentir minha fragrância. Quem sou eu? ” A resposta é: uma jaca madura. Do lado de fora, a casca de uma jaca é saliente como a pele de um sapo; mas por dentro, a fruta madura é amarela e perfumada, e se assemelha a jóias amarelas. Essa adivinhação pode ser das vizinhanças de Hue [Vietnã], por que tem as três palavras “thơm lừng lựng” (perfumada à distância). Então, se minha cabana em Sơn Hạ é pele de sapo por fora, mas se por dentro ela se parece com jóias e ouro, é graças ao trabalho árduo de Hieu, o irmão de sangue do Irmão Pháp Quan. Ele trabalhou bastante, redecorando esse lugar que costumava ser o lar de um fazendeiro pobre. Já estou começando a gostar do nome “Pele de Sapo” – você não acha que é engraçado?<br />Em uma das antigas lendas [vietnamitas], um rapaz caminhando pelos arrozais vê um sapo e o pula, sem pisar nele. Assim que termina seu pequeno pulo, ouve atrás de si o som de uma mulher jovem pigarreando. Virando-se para olhar, ele se surpreende ao deparar-se com uma linda princesa. Naturalmente, o rapaz e a princesa começam a conversar, e por fim ele a convida para ir até sua casa, para apresentá-la a seus pais. Ele não se esquece de recolher a pele do sapo, levá-la para casa e rasgá-la, de tal forma que a princesa incrivelmente bela não possa entrar novamente na pele rugosa do sapo. Sinto-me tão afortunado quanto esse rapaz. Encontrei muitos sapos rugosos na minha jornada; porém estes sapos, depois de largarem suas peles, tornaram-se príncipes charmosos e princesas irresistivelmente belas. Toda vez que sua bodhichitta se manifesta, você será tão belo quanto um príncipe ou uma princesa. E a imagem da sangha subindo a colina do século é verdadeiramente uma imagem maravilhosa.<br />Há trilhas de meditação caminhando muito familiares que me aparecem em sonhos. Trilhas no nosso templo-raiz, Từ Hiếu (*), que Thay percorreu quando era ainda um noviço, tornaram-se lendárias e ocasionalmente me aparecem em meus sonhos de encontrar um verdadeiro lar. Minhas crianças em Prajña criaram trilhas semelhantes, e as pedras naquelas trilhas tornaram-se familiares através dos passos em plena consciência de cada príncipe e princesa. “Fragrant Palm Leaves” tinha trilhas assim. “The Hermitage Among the Clouds“ também tinha trilhas assim (1). Deer Park [monastério na Califórnia, na tradição de Plum Village] tem trilhas assim; e no presente, em Blue Cliff [monastério próximo a Nova Iorque] minhas crianças espirituais estão dando passos em plena consciência para cultivar suas próprias trilhas. As antigas trilhas de meditação no Green Mountain Dharma Center e no monastério de Maple Forest [ambos nos EUA] não são menos belas. Fizeram uma canção: “Juntos iremos visitar Green Mountain, ascender ao céu imenso, iremos à casa de chá, caminharemos ao redor do lago...” Por certo, a Terra Pura tem trilhas assim, que sempre ficam em nossa lembrança quando partimos. Você se lembra da trilha da meditação caminhando ao longo do riacho e através do bambuzal, no eremitério?<br /><br />Esta tarde, sentado no Salão de Meditação da Água Calma (Still Water Meditation Hall), convidei o Buda a respirar com meus pulmões. Eu disse: “Estes são meus pulmões, mas são também os seus pulmões. Por favor, respire à vontade. Meus pulmões ainda são sadios, não se preocupe” – e o Buda respira feliz; ambos respiramos felizes, juntos.<br /><br />O templo de Sơn Hạ está cercado por florestas, principalmente de pinheiros. Há ali também um lago e um riacho. “Sơn Hạ hữu tuyền, trạc chi tắc dũ” é um verso do Kinh Thuy Sám (Discurso da Água que Cura); isso significa “aos pés da montanha há um riacho; tome a água e lave-se, e suas feridas irão curar-se.” O templo de Sơn Hạ fica aos pés de uma grande colina. Há uma ponte cruzando por sobre a corrente de água, e ao fim da ponte há uma pedra com a seguinte inscrição gravada “Sơn Hạ hữu tuyền...”, em Chinês clássico. Esta grande colina é a colina Thê Nhât; no topo dela fica o templo da Nuvem do Dharma (Dharma Cloud), o Upper Hamlet de Plum Village. O Irmão Nguyên Hái é o abade do templo da Nuvem do Dharma, mas porque ele está ensinando no Vietnã, o Irmão Pháp Đôn está atualmente prestando esse serviço em seu lugar. O Irmão Pháp Sơn é o abade do templo de Sơn Hạ . Ele vem da Espanha e tem também a nacionalidade inglesa, e além de Espanhol ele fala Inglês, Alemão e Francês muito bem. Os praticantes laicos costumam gostar muito do ambiente do templo de Sơn Hạ. Neste inverno (**) temos dezoito retirantes laicos, praticando juntamente com os monges.<br />Certa vez, durante o retiro de inverno do ano passado, eu banquei o “guia de turismo” e trouxe algumas pessoas subindo pela trilha de pinheiros, desde o templo de Sơn Hạ até o da Nuvem do Dharma. Entretanto, estes “turistas” não me eram estranhos. Eles eram o professor Hoàng Khôi – Chân Đạo Hành e sua esposa Chân Tuệ Hương, ambos alunos muito bons do Thầy. No último inverno, os dois vieram de Sidney para participar do Retiro de Inverno em Plum Village, e ficaram em Upper Hamlet. Estes dois amigos laicos são Professores do Dharma muito bons. Eles transcreveram e editaram muitos dos livros do Thay em Vietnamita, tais como “Illusionary and Real Happiness”, “The Liveliness of Meditation Practice”, etc. (2)<br />Depois de tomar chá com eles na minha Cabana Pele de Sapo em Sơn Hạ , eu os conduzi através da trilha dos pinheiros até o Upper Hamlet. Disse a eles: “Imaginem que estão indo para o templo da Nuvem do Dharma pela primeira vez. Estou levando vocês para verem um mestre zen numa cabana, a Cabana do Sentar na Calma, no lado leste da colina Thê Nhát, próximo ao templo da Nuvem do Dharma. Se vocês souberem como dar cada passo colina acima em plena consciência, então vocês terão mais oportunidades de encontrar esse mestre, porque geralmente ele pratica meditação caminhando sozinho pelas colinas, algumas vezes colhendo frutos selvagens, outras vezes coletando ervas medicinais (Sư thê dược khứ). Há ocasiões em que ele passa o dia inteiro na floresta e ninguém sabe onde ele se senta, nem mesmo os noviços que são seus atendentes.<br /><br />Naquele dia, a chuva tinha acabado de parar. O sol estava brilhando maravilhosamente sobre as folhas recobertas com gotas de chuva, tal como jóias apanhando a luz matinal. Parei de caminhar e estendi minha mão para apanhar uma gota de chuva duma agulha de pinheiro; a água caiu brilhando sobre o meu dedo na forma de uma gota redonda. Eu disse a Chân Đạo Hành para estender sua mão a fim de receber esta jóia, e a coloquei sobre sua palma. Suas mãos haviam estado antes em seus bolsos, de tal modo que haviam permanecido secas e quentes, e quando a jóia foi colocada na palma de sua mão, era ainda uma gota inteira. Apanhei também uma jóia dessas para Chân Tuệ Hương. A Terra e o céu estavam tão maravilhosos. Cada momento é uma jóia preciosa que contém o céu, água, nuvens, terra. Com uma única respiração em plena consciência, tantos milagres se manifestam.<br />A meditação caminhando é assim. Cada passo é uma realização; cada passo é alegria; cada passo é nutrição e cura. Quando começamos a caminhar colina acima, eu parei e apontei para um canto da colina e disse a eles: “A uma pequena distância daqui vocês irão avistar a Cabana do Sentar na Calma. Talvez o mestre esteja sentado lá.” E quando a Cabana estava visível, parei novamente, apontei naquela direção para que a vissem, e os convidei a respirar e sorrir. Na realidade, ambos já haviam visto a Cabana do Sentar na Calma muitas vezes, e por muitas vezes tinham bebido chá comigo lá; porém desta feita eles estavam usando um novo par de olhos para enxergar e explorar algo novo. Nós três éramos como pessoas saídas de uma lenda, buscando por um mestre zen nas montanhas, não sabendo se as condições seriam favoráveis para o encontrarmos ou não. (Há milhares de pessoas que já estiveram em Upper Hamlet, de tantos países; mas quantas foram recebidas como convidadas pelo eremita na Cabana do Sentar na Calma? Ou quantas foram recebidas como convidadas na Cabana da Escuta Profunda, no nosso templo raiz, Từ Hiếu?)<br />No ano passado, durante o Retiro de Inverno, o Irmão Pháp Tri foi meu atendente na Cabana do Sentar na Calma, sob a orientação de seu Irmão mais velho Mãn Tuệ. Quando o Irmão Pháp Tri retornou de sua aula de maneiras com plena consciência, ao não me ver ali, preparou-se para ir procurar-me nas colinas. Naquele mesmo momento, eu cheguei com os meus dois turistas. Eu ainda estava bancando o “guia de turismo” e perguntei ao noviço: “O mestre está na cabana?” O noviço pareceu confuso, e não soube o que responder. Continuei: “Ou o mestre ainda não voltou de coletar ervas medicinais na montanha?” Agora o noviço havia entendido. Ele respondeu: “Querido e honrado hóspede, meu professor está para voltar da montanha. Gostaria de convidá-los a todos para entrarem na cabana e tomarem chá enquanto esperamos o mestre”. No templo Vietnã, em Los Angeles, há uma caligrafia que eu ofertei ao Venerável Mãn Giác. É a tradução de um poema escrito por Giã Đảo, da dinastia Đương:<br />Junto ao pinheiro o noviço disse<br />“o mestre acabou de sair para coletar ervas medicinais na montanha<br />mas por causa da neblina espessa não se pode vê-lo.”<br />Na verdade, o atendente sabia onde seu mestre estava sentado, em qual pico da montanha, mas ele respondeu dessa maneira porque não quis que seu mestre fosse perturbado pelo visitante. Ele não quis ir procurar o mestre, para deixar o mestre sentar-se em paz, sozinho. Ocasionalmente, a neblina envolve a colina Thê Nhât, mas não tanto quanto acontece no monastério de Kim Són, no Norte da Califórnia.<br />Minha trilha com pinheiros tornou-se uma lenda também, você percebe? Mas qual foi a trilha que nós passamos a não se tornar lendária também? Como a trilha de meditação caminhando que leva ao riacho, em Prajña [Vietnã]. Nós caminhamos por aquela trilha muitas vezes com tais passos, vocês se lembram, minhas crianças? A trilha que vai à Montanha do Lótus de Mil Pétalas (Thousand Lótus Petal mountain) em Deer Park – quantas vezes nós subimos aquela montanha? Quantas vezes nós nos sentamos naqueles rochedos no alto do pico, olhando para o vale abaixo e Escondido [cidade na Califórnia] coberta pela neblina? A trilha de meditação caminhando que começa no jardim do Salão do Buda (Buddha Hall) em Từ Hiếu e desce até o lago em forma de meia-lua, continua ao redor do lago da Estrela Matinal e através do portal triplo subindo a colina Dương Xuân ou então em direção às stupas dos Patriarcas – aquela trilha tornou-se lendária, e apareceu-me em sonhos durante os quarenta anos em que estive longe do Vietnã. As trilhas de meditação caminhando em Lower Hamlet e New Hamlet também já levam duas décadas de nossas pegadas, e todas as vezes em que vamos para longe, temos saudades delas.<br />Nós imprimimos nossas pegadas de Buda nas trilhas de meditação caminhando em Estes Park, nas Montanhas Rochosas; nas alamedas do Stonehill College; no campus da Universidade da Califórnia em Santa Barbara; no MacArthur Park em Los Angeles; nas principais avenidas de grandes cidades como Frankfurt, Roma, Amsterdã, Paris, Nova Iorque, Nova Delhi, Hanói, etc. Lembro-me de quando fiz a meditação caminhando junto ao lago Hoàn Kiếm, com uma sangha de monásticos e praticantes laicos de 41 nacionalidades. Demos passos de paz e liberdade junto ao lago, cruzando a ponte Thê Húc, dirigindo-nos ao templo de Ngóc Son. Os habitantes locais surpreenderam-se ao ver um grupo de pessoas caminhando com liberdade, como pessoas “sem ter mais o que fazer” em meio ao tumulto da capital do Vietnã, onde todos parecem estar preocupados e com pressa. Ao verem um tal grupo de pessoas, alguns disseram ter redescoberto as raízes de sua cultura e seu verdadeiro lar. Caminhamos da mesma maneira em Trung Hậu, Đồng Đắc, Sóc Sơn, Bằng A, Văn Miếu, Hoa Lư, Tát Diệm, Diệu Đế, Thuyền Tôn, Linh Mụ, Linh Ứng, Tam Thai Chúc Thánh, Mỹ Sơn, Cam Ranh, Thập Tháp, Nguyên Thiều, Giác Viên, Giác Lâm, Ấn Quang, Hoằng Pháp, and Pháp Vân. Todos os lugares são para nós terra sagrada. Qualquer lugar pode ser nosso verdadeiro lar, quando sabemos como parar e viver em plena atenção.<br />O ano de 2008 irá terminar em poucas semanas. Sentado aqui, escrevendo esta carta de fim de ano para minhas crianças espirituais, sinto bastante aconchego, como se estivesse sentado na companhia de todos vocês. O Natal este ano acontecerá em New Hamlet, enquanto que Lower Hamlet irá nos recepcionar para as comemorações do Ano Novo, e o Upper Hamlet vai nos oferecer as comemorações do Ano Novo Lunar Vietnamita, no Ano do Búfalo. Este inverno, durante as cerimônias da Grande Ordenação da Estação do Lótus Novo (New Lotus Season Great Ordination), serão vinte e sete pessoas a receber a transmissão da lâmpada do Dharma, e o Irmão Pháp Hữu será uma delas. O pequenino Huỳnh Thế Nhiệm veio a Plum Village pela primeira vez quando tinha sete anos de idade, e voltou diversas vezes depois desta. Nhiệm ordenou-se com a idade de doze anos, em Fevereiro de 2002. Agora Nhiệm irá receber a lâmpada e tornar-se um Professor do Dharma. Ele é o Irmão Pháp Hữu. Durante este Retiro de Inverno, Pháp Hữu é o mentor de sete praticantes laicos, e eles estão muito felizes de ter um mentor assim tão jovem.<br />Meus monges e monjas bebês estão todos crescidos agora! Além do Irmão Pháp Hữu, há o Irmão Pháp Chiếu e as Irmãs Mật Nghiem, Đàn Nghiêm e Mẫn Nghiêm como mentores de nossos amigos laicos. A Irmã Mẫn Nghiêm recebeu a transmissão da lâmpada no ano passado, durante as cerimônias da Grande Ordenação do Refrescar a Terra (Earth Refreshing Great Ordination), tornando-se a mais jovem Professora do Dharma em Plum Village. A Irmã Mẫn Nghiêm encontrou-me pela primeira vez quando ela tinha apenas cinco anos de idade. Ele veio a Plum Village para ordenar-se quando tinha doze anos de idade. O nome dela era Hạ Thoại Mỹ Quyên. Quando ela tinha dezesseis anos leu meu livro “Speaking to Twenty-Year-Olds” e prometeu a si mesma que quando ela fizesse dezoito anos de idade iria escrever um livro para mim, com o título de “Speaking to Eighty-Year-Olds”. Quyên de fato escreveu esse livro quando ela fez vinte anos de idade; tinha 300 páginas, e eu ainda o tenho no meu eremitério da Fonte Perfumada (Fragrant Source). Sou o único autorizado a ler o livro, disse-me a Irmã Mẫn Nghiêm.<br />Pháp Hữu irá tornar-se um jovem Professor do Dharma. Em seus dez anos junto a mim, nunca nos irritamos um com o outro. A conexão entre nós é muito boa. Pháp Hữu tornou-se um dos meus melhores atendentes – muito atencioso, não menos do que Pháp Niệm; e muito organizado. Ele não espera até que eu lhe diga do que preciso. Certa vez eu disse a Pháp Hữu: “No passado, o atendente do Buda era o Venerável Ananda; ele era tão bom quanto você o é agora, como meu atendente.” Nhiệm respondeu humildemente: “Mas eu não tenho a mesma boa memória do Venerável Ananda.” Eu ri e disse, “Você não precisa ter a memória do Venerável Ananda, porque nos já temos um iPod a tiracolo, na nossa sacola.” Mestre e aluno olharam-se e riram.<br />De repente, penso em neve. Está nevando agora mesmo em Waldbröl, no EIAB [European Institute of Applied Buddhism, Instituto Europeu de Budismo Aplicado, ligado a Plum Village, com sede na Alemanha]. Semana passada, a Irmã Sông Nghiêm telefonou e disse-me que estava nevando e que a neve já atingira 25 centímetros de altura. A paisagem em Waldbröl está maravilhosa, e ela convidou-me para ir me divertir com eles. Mas eu estou lá agora mesmo, vocês não percebem, minhas crianças? Estou agora mesmo também em Blue Cilff, Deer Park, Maple Village, Lótus Bud, Magnólia Village, Prajña, Từ Hiếu, Hohenau, Source of Compassion e muitos outros lugares! Você deve ser capaz de ver-me ali mesmo onde você está, sentado ou em pé. Será que os mais jovens ainda se lembram da adivinhação do Irmão Pháp Lâm? Eu não estou somente na Índia. Vocês já ouviram o mestre zen Vô Ngôn Thông dizer, “Aqui é a Índia; a Índia é aqui” (Tây Thiên thử độ, thử độ Tây Thiên)?<br /><br />Lembro-me da rede de balanço que está pendurada nas árvores, atrás do Instituto. Antes de ir para lá, eu havia escrito uma carta para minhas crianças na Alemanha. Perguntei se alguém teria uma rede para emprestar-me. Eu a colocaria no pomar de macieiras para ali sentar-me e brincar com as minhas crianças, celebrando o novo Instituto. Não sei quem repassou a carta, mas quando cheguei ao Instituto meus atendentes informaram-me de que um total de 149 redes haviam sido enviadas. No próximo verão, teremos muitas oportunidades de praticarmos “meditação da rede” por lá.<br />Escrevendo cartas para minhas crianças, nunca sei quando é o bastante. Vou parar por aqui. Eu os verei novamente na noite do Ano Novo Lunar, durante o sarau de poesias. Desejo a todos muita felicidade e progresso na construção de nossa irmandade.<br /><br />Thầy<br /><br />Notas do blog:<br /><br />Tradução de Chân Mật Đăng – Verdadeira Luz Esotérica/ paraserzen<br /><br />[...] algumas breves explicações foram incluídas nesta tradução para facilitar o entendimento do texto, e aparecem entre colchetes; as fotos que ilustram o texto foram colhidas nos sites de Plum Village, álbuns disponíveis na internet ou enviadas por amigos;<br /><br />(1)”Fragrant Palm Leaves” e “The Hermitage Among the Clouds" são livros da autoria de Thich Nhat Hanh, ainda não disponíveis em Português;<br /><br />(2) livros de Thich Nhat Hanh ainda não disponíveis em Português;<br /><br />(3) "Falando a pessoas de 21 anos de idade" e "Falando a octogenários"<br /><br />(*)Từ Hiếu, em Hue, Vietnã, é considerado o templo-raiz (root temple), pois é onde Thay foi noviço. Se desejar ouvir um tour guiado do templo oferecido pelo Thay, falando ao fundo em Vietnamita e sendo traduzido simultaneamente para o Inglês pela Irmã Dang Nghiem, por favor acesse o podcast:<br />http://www.deerpark.libsyn.com/index.php?post_id=199959<br /><br />(**) No retiro de inverno de 2008/09, Thich Nhat Hanh deu a maioria dos Dharma Talks em Vietnamita, com tradução para o Inglês e o Francês; disponíveis em:<br />http://langmai.info/new/index.php?option=com_content&view=article&id=835:quanniem&catid=113:phap-thoi&Itemid=464<br /><br />- para saber mais sobre Thich Nhat Hanh, Plum Village e outros monastérios dessa tradição, por favor acesse o site oficial em:<br />http://www.plumvillage.org/<br /><br />- para saber mais sobre o recém-criado EIAB - European Institute of Applied Buddhism (Instituto Europeu de Budismo Aplicado), ligado a Plum Village, com sede na Alemanha, por favor acesse: http://www.eiab-maincampus.org/EIAB_Germany/Home.html<br /><br />- para ler a carta do Thay no original em Inglês por favor dirija-se a:http://lotusinthemud.typepad.com/sujatin/2009/01/thich-nhat-hanhs-inspirational-christmas-letter.html</span><span class="collapse"></div></span>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6900931992198021650.post-28572585823004876182009-03-27T14:57:00.000-03:002009-03-27T15:00:44.734-03:00O Dia do HojeTemos todos os tipos de dias especiais. Há um dia especial para lembrar os pais. Chamamos Dia dos Pais. Há um dia especial para celebramos nossas mães. Chamamos de Dia das Mães. Há o dia de Ano Novo, Dia da Paz e Dia da Terra. Um dia um jovem visitando Plum Village disse: “por que não declarar hoje o ‘Dia do Hoje’?” Todas as crianças concordaram que deveríamos celebrar hoje e chamá-lo de ‘Dia do Hoje’.<br /><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6900931992198021650#" name="ToggleMore">Leia mais...</a><span class="collapse"><br /><br />Neste dia, Dia do Hoje, não pensamos sobre o ontem, não pensamos sobre o amanhã, pensamos somente sobre hoje. O Dia do Hoje é quando vivemos felizes no momento presente. Quando comemos, sabemos que estamos comendo. Quando bebemos, estamos conscientes que é água que estamos bebendo. Quando andamos, realmente desfrutamos de cada passo. Quando brincamos, estamos realmente presentes na nossa brincadeira.<br /><br />Hoje é um dia maravilhoso. Hoje é o mais maravilhosos dos dias. Isto não significa que ontem não foi maravilhoso. Mas ontem já foi. Não significa que amanhã não será maravilhoso. Mas amanhã ainda não está aí. Hoje é o único dia disponível para nós, hoje, e podemos tomar muito cuidado com ele. É por isso que hoje é tão importante – o dia mais importante de nossas vidas.<br /><br />Portanto cada manhã quando acordar, decida fazer daquele dia, o dia mais importante. Antes de sair para a escola, sente ou deite, respire lentamente por alguns minutos, desfrute da sua inspiração, da sua expiração e sorria. Você está aqui. Você está contente. Você está pacífico. Esta é uma excelente maneira de começar o dia.<br /><br />Tente manter esse espírito vivo todo o dia. Lembre de voltar à sua respiração, lembre de olhar para as outras pessoas com bondade amorosa, lembre de sorrir e ser feliz com a dádiva da vida. Tenha um bom dia hoje. Isto não é apenas um desejo. Isto é uma prática.</span>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6900931992198021650.post-39997671984826733542009-03-27T14:50:00.002-03:002009-03-27T14:56:50.363-03:00Meditação Andando - Guia para a Paz InteriorQueridos amigos,<br /><br />Na última sessão do nosso blog você encontrará ensinamentos do Thây sobre a Meditação Andando. Renovada a cada semana, essa sessão nos trás preciosos ensinamentos sobre essa prática, que nos proporciona uma sensação de felicilidade, equilíbrio e paz.<br /><br />Esta semana, você poderá ler sobre a Ausência de Meta. Portanto, não deixe de acessar periodicamente essa sessão, lembrando que seus comentários e sugestões sempre serão muito bem-vindos.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6900931992198021650.post-68001316686994265972009-03-25T14:26:00.002-03:002009-03-25T14:33:43.140-03:00Blog Para Ser Zen Completa 3 Anos<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2Y47LUVKu6LUkSEtPIBc_5UEciha3Z_quVOYexVGaUYZNGdLTvaheaxBFqAUAFbS-WOtfIM6zjPvTExnC-orMfJoBasr6cwrQLpyUn9l_wl525ZolKQrbbdjWGHBunF8myB2C8cJA5dpN/s1600-h/Th%C3%A2y+Jovem.gif"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5317179766082441154" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 234px; CURSOR: hand; HEIGHT: 320px" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2Y47LUVKu6LUkSEtPIBc_5UEciha3Z_quVOYexVGaUYZNGdLTvaheaxBFqAUAFbS-WOtfIM6zjPvTExnC-orMfJoBasr6cwrQLpyUn9l_wl525ZolKQrbbdjWGHBunF8myB2C8cJA5dpN/s320/Th%C3%A2y+Jovem.gif" border="0" /></a><br /><div>Os amigos da Sangha Plena Consciência compartilham, com muita felicidade, os três anos do Blog Para Ser Zen - <a href="http://paraserzen.blogspirit.com/">http://paraserzen.blogspirit.com/</a>. </div><br /><div></div><br /><div>Nas palavras do nosso querido amigo e companheiro de sangha, Marcelo - "Obrigado aos leitores, que perfazem até 12 mil visitas mensais, e por deixarem suas impressões, comentários e sugestões -- o paraserzen é um caminho de paz compartilhado, que coloca San Juan de la Cruz para dialogar com Thich Nhat Hanh, Chögyam Trungpa Rinpoche junto de Jean-Yves Leloup, Rumi com Cecília Meireles e Eugénio Andrade, aos quais se juntam Santa Teresa D'Ávila, o 14º Dalai Lama, Thomas Merton e muitos outros. O paraserzen existe para inspirar à prática -- da meditação, do caminhar cultivando paz e amor, como se a cada passo nascessem sob nossos pés flores de lótus, transformando o mundo num jardim do qual nós mesmos e todos ao nosso redor, junto de nós e longe de nós, no tempo e no espaço, possam desfrutar -- é o que me ensinou meu mestre Thich Nhat Hanh (na foto acima, nos tempos de noviço), e isso eu pratico.</div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6900931992198021650.post-27736935933646693812009-03-18T15:10:00.005-03:002009-03-18T15:26:20.019-03:00Sobre Caças e Caçadores<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjzj1Iff4tDRE1pM3TGW1uYEd_clECY8jDW75gISc-FZKaNmBz5WTzM429-qU1AGId8SA33jE9VZmHFALaDrzGwitzSvuKU_C1DCqHfUVHwcXi6kk0bwHqZw-mBkqIO91rIrmFIe7yhekb8/s1600-h/9_UH_autumn_trees+woods_Leo%5B1%5D.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5314594242056137666" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 268px; CURSOR: hand; HEIGHT: 174px" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjzj1Iff4tDRE1pM3TGW1uYEd_clECY8jDW75gISc-FZKaNmBz5WTzM429-qU1AGId8SA33jE9VZmHFALaDrzGwitzSvuKU_C1DCqHfUVHwcXi6kk0bwHqZw-mBkqIO91rIrmFIe7yhekb8/s320/9_UH_autumn_trees+woods_Leo%5B1%5D.jpg" border="0" /></a><br /><div>Queridos amigos, o texto lido em nosso último encontro, "trata-se de uma carta coletiva escrita durante o Retiro de Inverno 2008/9. Plum Village encontra-se numa região rural, cercada por vinhedos e plantações de girassóis, e muitos bosques. Em alguns destes bosques é permitida a caça, e às vezes, de Plum Village ouvimos os tiros dos caçadores. Ou então, quando vamos fazer meditação caminhando nestes bosques, deparamo-nos com as armadilhas e as torres de observação utilizadas pelos caçadores. Dentro da tradição de Budismo Engajado nasce esta iniciativa de Plum Village, através do monge Pháp An, de oferecer uma alternativa pacífica à caça esportiva, olhando em profundidade todo o contexto de interser que dá origem a essa atividade. Esta carta foi traduzida para diversos idiomas e tem sido compartilhada com Sanghas ao redor do mundo, que depois fornecem feedback a Plum Village. Traduzi e me comprometi com o Pháp An de compartilhar a iniciativa dele com a Sangha brasileira, como já fizemos na reunião de domingo, e tanto melhor que agora ela ganhe a internet e colha mais participações.Esta carta insere-se também no tema do Retiro de Inverno, que foi "Os passos do Buda: a contribuição budista para uma ética global". Thây nos convida como Sangha mundial a reescrever os Cinco Treinamentos da Plena Consciência, e passamos todos os três meses do retiro trabalhando nisso, durante cada Compartilhar do Dharma . Uma primeira versão saiu ao fim do Retiro de Inverno, para ser de novo trabalhada durante o Retiro da Primavera, 21 dias em Junho, e então teremos a estréia dos novos Cinco Treinamentos da Plena Consciência em Julho, durante o Retiro de Verão. Como muito bem dito na carta, trata-se de "encontrar e utilizar meios hábeis de mover-nos de uma visão correta na direção da ação correta, através do discurso correto." Gostaria que essa carta inspirasse nossa Sangha a refletir, a contribuir e a agir. (Texto: Marcelo de Abreu - Foto: Leonardo Dobbin)<br /><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6900931992198021650#" name="ToggleMore">Leia mais...</a><span class="collapse"><br />Caro Thây, cara comunidade, caros amigos, Irmão Phap An tem uma idéia, uma visão, a qual tem compartilhado com inúmeros praticantes, vindos de distintos paises e meios culturais e sociais, e que estão passando o Retiro de Inverno no templo de Son Ha, Plum Village, França. Hoje gostaríamos de compartilhar esta visão com Thây, com a comunidade, com membros da Ordem do Interser e praticantes de Sanghas laicas locais, pedindo que nos ajudem a tentar dar vida e substância a esta idéia. É sobre caça e caçadores. Desfrutamos profundamente passear pelas florestas, e estamos cientes de que caçadores e associações de caça participam significativamente na manutenção de trilhas e da acessibilidade à mata, tornando possível caminhar ali. Estamos cientes de que a motivação dos caçadores é o amor à natureza, a busca do contato com a natureza e com suas próprias raízes. Em tempos passados, nossos ancestrais tinham de caçar para alimentar-se, e às suas famílias. Atualmente, entretanto, os tempos mudaram e, num país desenvolvido, não mais precisamos caçar para alimentar nossas famílias. De caçadores coletores, nossos ancestrais tornaram-se fazendeiros e pastores; mantiveram porém e nos transmitiram o desejo pela liberdade e proximidade com a natureza selvagem, que talvez só seja verdadeiramente conhecida por caçadores coletores. Também estamos cientes de que nossos ancestrais atravessaram muitas guerras, mortandades, massacres, algumas vezes como presas e outras como predadores, e que as sementes da violência e do terror experienciados por eles estão presentes em cada um de nós. Estamos cientes, ainda, da degradação do meio-ambiente e da violência associada ao uso de armas, no presente. Neste contexto, como podemos reconciliar, hoje em dia, a nobre aspiração de viver livremente em contato com a natureza, com respeito pela vida e pela natureza em todos os aspectos, incluindo animais, plantas e minerais? Como podemos transmitir a nossos filhos e descendentes a rica herança que nos foi dada por nossos ancestrais, sem ao mesmo tempo transmitir-lhes todo o sofrimento associado à violência, guerras, mortandades, massacres, que nossos ancestrais atravessaram?<br />Aqui podemos manifestar nossa visão, nosso projeto:<br />Propondo, localmente, através das Sanghas laicas locais de Plum Village, em tantos lugares do mundo quanto possíveis, para associações ligadas ao meio-ambiente, à caca, e para associações de fotógrafos amadores, tornarem-se parte de uma campanha que poderia ser chamada: OS CAÇADORES DE IMAGENS<br />Esquema desta campanha: Competição de fotografia de animais vivendo em seu habitat natural. Serão convidados a participar: - caçadores, familiarizados com os animais e seu meio-ambiente, - fotógrafos amadores, - todos os amantes da natureza. - Um júri pode selecionar fotos baseadas em critérios artísticos e na representação do meio-ambiente e comportamento dos animais. - Tal júri pode ser composto por membros de grupos para conservação do meio-ambiente, associações de caça e fotógrafos profissionais. - Os prêmios incluiriam câmeras e outros equipamentos de alta qualidade, doados por patrocinadores, encorajando os participantes a desenvolver seus talentos. - Um site na internet pode ser criado a fim de compartilhar as fotos e as experiências dos participantes. Nossos objetivos: - Promover a proteção à vida e ao meio-ambiente através da arte e da ciência da fotografia; - Ajudar caçadores e todos os amantes da natureza a reconhecer que compartilham o amor pela natureza e o desejo de conservar e proteger nossa herança comum; - Facilitar a comunicação construtiva e amistosa e o compartilhar de conhecimento entre pessoas (por exemplo, caçadores poderiam compartilhar com os habitantes urbanos seus conhecimentos sobre a floresta; fotógrafos amadores poderiam compartilhar seu conhecimento e paixão pela fotografia; aqueles que amam a vida poderiam compartilhar seu cuidado e respeito à vida em todas as suas formas); - Desenvolver a consciência da importância cultural, histórica e ecológica de proteger e transmitir a nossas crianças espaços naturais livres e protegidos de toda violência. Nota 1: Fotografar animais vivendo livremente na natureza requer grande paciência e concentração, as quais são qualidades de um verdadeiro caçador; também requer humildade e compaixão, que são qualidades de um verdadeiro ser humano. Nota 2: Não se pode empunhar uma arma e uma câmera ao mesmo tempo. Desejamos encorajar nossos irmãos caçadores a trocar suas armas por uma câmera, e regar suas sementes de compaixão, estimulando-os a reconhecer o valor da vida e a curar as feridas da violência em nossa consciência coletiva. Voila, apresentamos assim nossa visão, nosso projeto. Este projeto pode ser traduzido e apresentado a Sanghas ligadas a Plum Village em todo o mundo, como um exercício e proposta de colocar em prática aquilo que chamamos de Budismo Engajado. Tal exercício pretende colocar em prática: - Ética: proteger a vida e o meio-ambiente; - Olhar em profundidade: enxergar a relação de interser entre homens e natureza, entre caçadores e ativistas ecológicos, e entre todos nós, incluindo nossos ancestrais e descendentes; - Discernimento: capacitar-nos a encontrar e utilizar meios hábeis de mover-nos de uma visão correta na direção da ação correta, através do discurso correto. Obrigado por sua resposta e por oferecer-nos sugestões.<br />Participaram da preparação e várias traduções deste projeto: Kelsang Jampel (USA), David (Canadá), Ricardo (Itália), Robert (Alemanha), Bart e Yuri (Bélgica e México), Karel, Gerard (Holanda), Gerard (Catalunha), Gregorio (Espanha), Marcelo (Brasil), Phap An (França)<br /></span></div>Unknownnoreply@blogger.com2